sexta-feira, 25 de outubro de 2019

SÍMBOLO DA MILITÂNCIA CONTRA O RACISMO, ANGELA DAVIS É CONDECORADA COM MEDALHA TIRADENTES FURANTE ABERTURA DO ENCONTRO DO CINEMA NEGRO ZÓZIMO BULBUL

Texto: Luan Damasceno Fotos: Julia Passos Alerj Edição: Adilson Gonçalves 

A mais alta condecoração oferecida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a Medalha Tiradentes, foi entregue à filósofa norte-americana e ativista negra feminista, Angela Davis, na noite dessa quarta-feira (23/10). A homenagem ocorreu durante a cerimônia de abertura da 12ª edição do “Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe e outras Diásporas”, que reuniu mais de 600 espectadores no tradicional Cine Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio.

Em seu discurso de agradecimento, a filósofa prometeu honrar a medalha concedida pela deputada Renata Souza (PSol) e entregue por Luyara Franco, filha de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018.“A minha profunda gratidão por terem oferecido esta medalha, que eu honrarei para sempre. É um prazer enorme estar presente na cidade de Marielle Franco e testemunhar a luta, beleza e determinação que ela legou às pessoas que vivem aqui", conclui a ex-integrante do Partido das Panteras Negras.
Renata Souza contou que homenagear Angela Davis, além de ser a realização de um desejo antigo de Marielle, é também uma maneira de reconhecer a luta feminina frente às desigualdades de raça, gênero e classe. “É importante ressaltarmos que são mulheres com diferentes histórias e formas de apropriação do seu lugar nesta sociedade. Essa é uma medalha que representa mulheres da favela - eu sou da favela - que, porventura, não tiveram acesso à educação e saúde de qualidade”. Fazemos dessa homenagem a expressão maior dessas mulheres negras da favela que perdem os seus filhos e maridos para a violência do próprio Estado”, afirmou a deputada.
O youtuber pernambucano Messias Martins, responsável pela página na internet “Literanegra”, onde comenta obras de autores negros, falou sobre a importância de homenagear uma das maiores vozes na luta antirracista. “Desde muito cedo, Angela entendeu que ser negro ia muito além da cor da pele, era uma condição política que todos os negros deveriam assumir. Ao receber essa medalha, Angela faz com que a voz negra seja ecoada em outros lugares dado o seu reconhecimento”, definiu Messias.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

COMISSÃO DA JUVENTUDE DA ALERJ PROPÕE COMBATE À CRIMINALIZAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

Fonte: Alerj/ Edição:Adilson Gonçalves
 A Comissão Especial da Juventude, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), se reuniu nesta segunda-feira (21/10) para discutir a cultura na perspectiva da juventude. O encontro foi dividido em dois blocos e teve como objetivo falar sobre as formas como as manifestações culturais são transmitidas aos jovens e propor maneiras de evitar que os movimentos populares sejam criminalizadas.
A presidente da Comissão, deputada Dani Monteiro (Psol), declarou que a Comissão pretende fazer uma mobilização, promovendo reuniões nas favelas e no interior do estado. “Por ser uma comissão temporária, agora vamos entrar na reta final, que é a de mobilização e produção do relatório. Queremos desenvolver esse trabalho de pesquisa no território, e o mais interessante é que os próprios voluntários estão construindo uma agenda de mobilização. Esta é uma comissão que tenta efetivar, sobretudo, a participação política da juventude”, argumentou a parlamentar.
Participante do debate, o antropólogo Dennis Novaes, que estuda o funk há 6 anos, assegurou que a arte e a cultura têm papeis fundamentais tanto na comunicação quanto no cotidiano das pessoas. “Todas as manifestações populares têm algo que é absolutamente encantador; elas são comunitárias e envolvem centenas de famílias, que produzem música. São atos coletivos e toda essa rede depende de muita gente, por isso gera emprego. Esse é um ponto essencial, a quantidade de pessoas que são beneficiadas por esses trabalhos”, explicou o pesquisador.

O cantor de rap e fundador da Roda Cultural do Paquistão, em Manguinhos, Mc Xandy, afirmou que há mais de 100 rodas desse tipo no Estado do Rio, e que esse ambiente proporciona reflexão e formação de pensamento crítico. “É muito importante ter essa cultura da favela na favela. Os equipamentos públicos de cultura ficam muito distantes da realidade dos moradores das comunidades. Então, quando você cria uma Roda Cultural, em que você dialoga com a cultura que já acontece na favela e que, de fato, é feita pelos próprios moradores, é mais atrativo para a juventude”, disse.
Participaram também da reunião Carol Felix, cantora e atriz da Companhia do Passinho Carioca; Praga, compositor de funk; Leticia Brito, fundadora do Slam das Minas; Bruna Couto, do Coletivo Cultural Zona Norte; JPBlack, dançarino e coreógrafo de danças urbanas; Fatinha Lima, do Favela Cineclube Providência; Suellen Tavares, coordenadora da Casa de Jongo e da Rede de Juventude Jongueira; e Mônica Sacramento, doutora em Educação, coordenadora da Organização Criola e pesquisadora do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira (PENESB/UFF).


COMISSÃO DO CUMPRA-SE DA ALERJ, PRESIDIDA POR CARLOS MINC, FAZ CAMPANHA CONTRA RACISMO E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NA LAPA

Fonte: Alerj/ Fotos: Octacílio Barbosa/ Edição: Adilson Gonçalves
A Comissão pelo Cumprimento das Leis (Cumpra-se), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), esteve nesta quinta-feira (24/10) em hotéis, bares, restaurantes, academias e supermercados na Lapa, Centro do Rio, para divulgar a Lei Estadual 8515/19, que determina a aplicação de penalidades em casos de prática de racismo e intolerância religiosa. O presidente da Comissão e autor da lei, deputado Carlos Minc (PSB), destacou a receptividade dos estabelecimentos e explicou que a iniciativa teve caráter educativo e preventivo.

"Hoje fizemos um alerta a gerentes e donos de estabelecimentos e trouxemos cartazes para eles afixarem nos seus respectivos comércios. É fundamental que os funcionários e o público que frequentam esses espaços tenham conhecimento da lei que pune lugares que estimulem ou consintam práticas racistas ou de intolerância religiosa. A receptividade foi excelente, todos os estabelecimentos visitados quiseram colocar o cartaz em local visível', disse o parlamentar.



O gerente da academia Smart Fit, Rafael Ribeiro, ressaltou que a unidade recebe uma diversidade de pessoas e que casos de preconceito podem ocorrer. "Acredito que essa lei vai nos ajudar muito e nos respaldar a orientar funcionários e alunos. Aqui, prezamos pelo respeito a todos", disse o gerente. Para Aloísio Torres, gerente de um bar na Lapa, é muito importante que o público tenha acesso e saiba que atitudes de intolerância podem ser punidas. "O estabelecimento aderiu imediatamente à campanha e espera poder ajudar a conscientizar nossos frequentadores", afirmou.

A inspetora de polícia e representante da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos

de Intolerância (Decradi), Claudia Otilia, informou que o racismo é o segundo delito com maior ocorrência na Decradi. O crime mais denunciado é o LGBTfobia. "É importante que ações como essas ocorram para orientar o comportamento da população. Muitas pessoas acabam cometendo ilícitos porque desconhecem que existe uma normativa que disciplina algumas temáticas", defendeu Claudia.
Lei 8515/19

A norma determina que o racismo e a intolerância religiosa podem ser punidos com multas de até R$ 34,2 mil e prevê interdição do estabelecimento denunciado caso haja reincidência.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O RACISMO NO FUTEBOL BRASILEIRO

*Álvaro Caldas
Edição: Adilson Gonçalves
O velho e aclamado estádio do Maracanã, onde já se disputou uma trágica Final de Copa do Mundo e Pelé fez o milésimo gol, foi palco na noite de um sábado (12/10) de um encontro inusitado, que se transformou num fato midiático de grandes proporções. Lá estavam, à beira do gramado como dizem os locutores de rádio, dois homens negros que se cumprimentaram orgulhosamente. Como treinadores de dois times da série A do campeonato brasileiro, eles protagonizaram uma cena histórica, reveladora da extensão do preconceito e da discriminação racial no mundo do futebol. Num esporte majoritariamente disputado por negros e mulatos, suas grandes estrelas, eles são os únicos treinadores negros na primeira divisão.
Não estamos em Viena nem em Budapeste, mas num país que cultua o futebol e em que mais de 50% da população é negra. Roger Machado, 44, do Bahia, e Marcão, 47, do Fluminense são os heróis que furaram as barreiras do preconceito e conseguiram chegar lá, depois de muito sofrimento e rejeição. Brlharam nos campos como jogadores, mas a função de técnico é reservada aos brancos, estrangeiros muitos. O máximo que conseguem alcançar é o posto de auxiliar-técnico, quando podem ser chamados para substituir o titular em momentos críticos. Depois, voltam para o banco.
Na noite que escancarou o preconceito, Marcão e Roger se abraçaram antes do jogo vestindo uma camiseta com os dizeres Chega de Preconceito, numa ação promovida pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, que monitora casos de ofensas raciais no ambiente esportivo. Para Roger, que já passou pelo Grêmio, Palmeiras e Atlético Mineiro, a escassez de técnicos negros no futebol reflete o racismo estrutural da sociedade brasileira. “A estrutura social sempre foi racista”, disse sem subterfúgios.
Ele sabe que no futebol o preconceito é camuflado, diferentemente do que acontece em outras áreas da sociedade, o que torna os negros um pouco mais brancos e faz com que sejam mais bem aceitos nos clubes. Desde que se ponham no seu lugar. Poucos profissionais denunciam esta barreira da discriminação com a coragem e a contundência do atual técnico do Bahia, que estudou, fez faculdade (único negro da turma) e se preparou. Pelé, o maior de todos, nunca assumiu sua negritude nem uma postura combativa contra o preconceito.
Da mesma forma em que não há técnicos, não há cartolas ou dirigentes negros. Parte considerável dos cartolas em atividade nos clubes é formada por pessoas folclóricas e muitos já responderam e respondem a acusações de corrupção, nos clubes, nas federações e na CBF. Tetracampeão mundial, o ex-volante Mauro Silva, que começou nas categorias de basedo Guarani, tornou-se uma exceção. É o único dirigente negro nas federações nacionais, ocupando a vice-presidência da Federação Paulista de Futebol. Conforme revelou o jornal El País, Mauro fez faculdade de informática com especialização em gestão financeira.
Se a questão é o negro no futebol precisamos falar do papel do Vasco e do jornalista Mário Filho, nome oficial dado ao Estádio do Maracanã. Em 1924, o
Clube de Regatas Vasco da Gama recusou-se a disputar a divisão principal do Rio sem seus jogadores negros, maioria num time de operários, conforme exigência imposta pelos dirigentes dos demais clubes, numa época em que o futebol era privilégio da elite branca. Os “camisas negras” do Vasco, segundo os cartolas rivais, “não apresentavam condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”.
Racismo descarado. Despejado, o clube criou outra Liga, foi campeão e devido a seu sucesso chamado a juntar-se aos demais na associação de onde fora expulso. Voltou com o seu time de negros. Luta histórica que consagrou o Vasco como o clube que abriu as portas do futebol para a turma que teria Leônidas, Garrincha e Pelé entre seus ídolos. Vitória que não se consolidou porque a sociedade continua racista. Tema que levou o jornalista e escritor Mário Rodrigues Filho, que dispensa a referência ao irmão mais famoso, Nelson, para ser apresentado, a escrever um livro pioneiro sobre a questão.
Lançado em 1947 pela editora Pongetti, O Negro no futebol brasileiro tornou-se uma obra de referência clássica, embora hoje esquecida. Repórter e cronista, Mário Filho trabalhou no Jornal dos Sports e no O Globo. Pernambucano, foi amigo de Zé Lins do Rego e discípulo de Gilberto Freyre, de quem adaptou para o futebol sua tese da democratização racial. Sua obra não busca fundamentar denúncias contra o racismo, mas sim mostrar o futebol como o meio pelo qual negros e mulatos podem ascender socialmente. Mário escreveu um romance sociológico, não uma pesquisa historiográfica.
Este tom conciliador mudou com os acréscimos feitos na nova edição da Civilização Brasileira, em 1964, pouco depois do golpe militar. Em vez da harmonia social, a Civilização, uma editora de livros de esquerda, quis realçar o caráter de luta contido na trajetória dos negros para conquistarem seu espaço no esporte. O momento é ideal para o técnico Roger Machado e seu amigos engajados reconstituírem a violência desta história num livro que contribua para mudar a estrutura que mantém a sociedade racista.
*Jornalista e escritor

terça-feira, 22 de outubro de 2019

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RS CONCEDE MEDALHA DO MÉRITO FARROUPILHA PARA ROGER MACHADO POR SEU POSICIONAMENTO CONTRA O RACISMO


Edição: Adilson Gonçalves
Por unanimidade, os parlamentares que integram a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovaram, nesta terça-feira (22), a proposição do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) em conceder a Medalha do Mérito Farroupilha ao técnico de futebol do Bahia, Roger Machado Marques. O Mérito Farroupilha é a mais alta honraria concedida pelo Parlamento gaúcho, e cada parlamentar pode concedê-la apenas uma vez a cada legislatura. No caso de Roger, a homenagem, conforme Valdeci, visa valorizar e reconhecer o profissional, gaúcho de Porto Alegre, que tem trazido a público o tema do racismo e da discriminação.
 “Com essa homenagem, a Casa Legislativa tem a oportunidade de reafirmar sua posição inequívoca de combate a todas as formas de preconceito, intolerância e em defesa de uma cultura de paz”, avalia Valdeci, que também atua como coordenador da Frente Parlamentar contra o Racismo.
Ao defender a concessão da medalha a Roger, Valdeci lembrou ainda da
recente entrevista concedida pelo treinador, e que repercutiu em todo o pais, em que ele afirmou que “a estrutura social brasileira sempre foi racista” e que “a bem da verdade, 10 milhões de indivíduos foram escravizados, mais de 25 gerações, e isso passou pelo Brasil Colônia, pelo Império e só mascarou na República. A gente precisa falar sobre isso. Precisamos sair da fase da negação (do racismo)”.
A data da entrega da medalha será definida em conjunto com a assessoria do técnico homenageado

MONTGOMERY, BERÇO DA SEGREGAÇÃO RACIAL E DA LUTA PELOS DIREITOS CIVIS, ELEGE SEU PRIMEIRO PREFEITO NEGRO

Fonte: NYT Edição: Adilson Gonçalves

Campanha e sucesso de Steve Reed foram validados pela comunidade negra, que compõe 60%

MONTGOMERY, EUA - Em um colégio eleitoral perto do cruzamento das avenidas que homenageiam tanto a ativista dos direitos civis Rosa Parks, quanto o líder confederado Jefferson Davis, Laura Minor passou a tarde quente numa cadeira dobrável com um adesivo de David Woods para prefeito na camisa.
Ela havia sido contratada para a campanha do candidato, mas não tinha vergonha de dizer que Woods havia comprado seu tempo, mas não havia ganhado seu voto.
"Na verdade eu estou apoiando Steven Reed”, disse com entusiasmo a mulher negra. Ela vive em Montgomery,  capital do Alabama e Na terça-feira,  7, Reed, um jovem juiz e filho de uma importante família política, tornou-se  o primeiro prefeito negro da cidade. 
Sua campanha e seu sucesso foram validados pela comunidade negra, que compõe 60% da população de Montgomery. A cidade foi moldada por dois principais legados: como o de uma capital de uma nação com passado racial corrompido e como o berço do movimento dos direitos civis.





Reed entrou na disputa sem estar filiado a nenhum partido. Ele derrotou  David Woods, homem branco e dono de uma estação de televisão, após concorrer com outros 12 candidatos no primeiro turno, com  67% dos votos, segundo resultados não oficiais divulgados pela cidade.
Randall Woodfin: Birmingham
Agora, Montgomery se junta a Birmingham e Selma, cidades com grande histórico de luta pelos direitos civis no Alabama, ao eleger jovens negros como prefeitos. Reed se junta a Randall Woodfin, o prefeito de 38 anos de Birmingham, maior cidade do Alabama, e Darrio Melton, 40, que é prefeito de Selma desde 2016. Talladega também elegeu seu primeiro prefeito negro, Timothy Ragland, 29, na terça-feira.
Muitas pessoas que cresceram sob a sombra desta história não puderam fazer
nada menos que esperar que eles fossem presenciar o início de um emocionante capítulo. "Esta é a nossa vez", disse Yolanda Sayles Robinson, 59 anos, que nasceu na cidade e se descreve como um produto da década de 1960. "Estamos esperando por isso há muito tempo."

Discurso de união em uma cidade que tenta renascer

Darrio Melton: Talladega
"Você acreditava que não tínhamos que ser definidos pelo nosso passado", disse Reed à multidão que se aglomerou em um salão na noite de sua eleição gritando seu nome e cantando "One Montgomery" enquanto ele subia ao palco. "Não será sobre o primeiro. Nem será sobre o melhor. Será sobre o impacto que causamos na vida de outras pessoas. "
Em alguns cantos, Montgomery, situada no rio Alabama com uma população de cerca de 200 mil habitantes, passou por uma revitalização.
 Timothy Ragland
A história que há muito assombra a cidade evoluiu para uma espécie de trunfo, com um memorial nacional às vítimas de linchamento e um museu de escravidão e encarceramento em massa atraem grandes multidões.
Novos hotéis e outros empreendimentos surgiram no centro da cidade, e as ruas ao redor do Capitólio do Estado estão repletas de restaurantes frequentados por jovens. A Hyundai, fabricante de automóveis, investiu milhões de dólares em uma fábrica que tem sido importante criadora de empregos.

Pobreza resiste na capital do Alabama

Ainda assim, os investimentos na cidade não foram divididos igualmente. Alguns bolsões da cidade estão abandonados, com ruas pobres e perigosas. Também existem preocupações acerca da perda de pessoas talentosas para cidades maiores, atraídas por melhores opções de carreira e cultura.
Reed foi o primeiro juiz de testamento negro no condado de Montgomery e graduado pela Morehouse, faculdade historicamente negra em Atlanta e Vanderbilt, onde ele fez um MBA. Ele também tem fortes laços com a comunidade.
Seu pai, Joe Reed foi, durante muito tempo, líder da bancada negra do Partido
Democrata do Estado e sua família é um elemento importante na cidade. Alguns eleitores relataram memórias de Reed na adolescência ou de vê-lo como um garoto na igreja, e compartilharam um certo orgulho em acompanhar seu sucesso. 
O voto, para alguns, carregava um significado profundo, chegando a fazer comparações com 2008, quando o presidente Barack Obama foi eleito. "Aqui estamos", disse Derrick Marshall, 63 anos, um auxiliar de professor que viveu em Montgomery praticamente toda a sua vida, "parado à porta de outro evento significativo".

Passado confederado e palco de segregação racial

Montgomery tornou-se uma cidade em dezembro de 1819 e serviu como a primeira capital dos Confederados durante a Guerra Civil Americana. Nos anos 60, tornou-se famosa quando o reverendo Martin Luther King Jr. liderou protestos por direitos iguais para negros e brancos, que, à época, viviam segregados no Alabama. Ali, Rosa Parks desafiou a polícia estadual ao sentar-se num ônibus destinados para brancos. 

Na noite da eleição, enquanto palestrantes se revezavam com uma playlist de músicas que incluíam Beyoncé, Usher and the Isley Brothers — a multidão da festa de Reed assistiam às notícias de uma televisão local projetada na parede, torcendo enquanto a contagem de votos piscava na direção deles. 

A vitória de Reed pode ser uma benção, alguns disseram numa resposta às suas orações.Foi algo que eles buscavam por gerações, Sylvia Norman estava entre os que que viam o atraso como uma espécie de presente. “Anos sem um prefeito negro fortaleceram a determinação da comunidade em fazer isso acontecer”. 
“Não demorou muito”, disse a eleitora Sylvia Norman. “Deus faz as coisas no seu tempo”.  Ela aplaudiu, dançou e pulou, pois parecia que a hora chegaria em breve. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

SANTOS REPUDIA E REJEITA TORCEDORES RESPONSÁVEIS POR ATOS RACISTAS E XENÓFOBOS, EM PARTIDA CONTRA O CEARÁ NO CAMPEONATO BRASILEIRO

"Nossa arquibancada é espaço para quase todos: temos santistas de todas as raças, idades, origens, moradores de todas as partes do Brasil, gêneros, diferentes posições políticas, opções, gostos e credos. Só não temos espaço para preconceituosos." Santos Futebol Clube



 Goleiro Aranha, então no Santos atuando
contra Grêmio , 2014: fato emblemático
Edição: Adilson Gonçalves
Engajado na luta contra o preconceito, o Santos voltou a se manifestar depois do episódio denunciado por jogadores no Ceará na partida disputada na Vila Belmiro, na última quinta-feira (17). Por meio de publicação em suas redes sociais, o alvinegro praiano divulgou mensagem contra a descriminação e pediu que torcedores preconceituosos deixem de torcer pelo clube.
“Nossa arquibancada é espaço para quase todos: temos santistas de todas as raças, idades, origens, moradores de todas as partes do Brasil, gêneros, diferentes posições políticas, opções, gostos e credos. Só não temos espaço para preconceituosos”, escreveu o perfil oficial santista nas redes sociais, acompanhado de uma imagem com uma mensagem ainda mais dura.
“Se você é racista, preconceituoso ou xenófobo, por favor, não compareça aos jogos do Santos FC, não seja Sócio Rei e não use nossos produtos oficiais. Melhor ainda: deixe de torcer para o Santos. Você não merece esse clube e não é bem-vindo em nossa casa”, diz a mensagem.
Após o final da partida entre Ceará e Santos, Thiago Galhardo relatou insultos xenofóbicos e injúrias raciais reproduzidos por torcedores do time paulista presentes na Vila Belmiro. Durante o segundo tempo de jogo um delegado da partida teria ido até o banco de reservas para acalmar os torcedores próximos.  O meia disse que alguns torcedores chamaram o volante Fabinho de “negão, vagabundo” e foram xenofóbicos: “Tinha que estudar um pouco mais, conhecer a geografia no Brasil, falar que o Ceará joga no Norte, ou eu que não entendo muito, estudei de sacanagem”.
Fabinho, do Ceará:
 xingado de "negão vagabundo"
A diretoria do Ceará avalia fazer um boletim de ocorrência, o que pode também gerar uma investigação na justiça comum. Não há, até o momento, torcedores identificados que teriam xingado os atletas do Ceará. Em 2014, em um dos casos mais emblemáticos de injuria racial do futebol brasileiro, torcedores do Grêmio foram identificados chamando o goleiro do Santos Aranha de macaco. O time gaúcho foi eliminado da Copa do Brasil e quatro pessoas foram denunciadas à Justiça e fizeram um acordo para não frequentar mais estádios de futebol.
Na última sexta-feira, a assessoria santista divulgou que o presidente José Carlos Peres entrou em contato com o volante Fabinho e o presidente do Ceará, Robinson de Castro, para reforçar o repúdio do clube e da torcida sobre o lamentável episódio e afirmou que o uma sindicância interna foi aberta para apuração dos fatos.


GRÊMIO X SANTOS, EM 2014 CASO EMBLEMÁTICO


 Em 2014, em um dos casos mais emblemáticos de injuria racial do futebol brasileiro, torcedores do Grêmio foram identificados chamando o goleiro do Santos Aranha de macaco. O time gaúcho foi eliminado da Copa do Brasil e quatro pessoas foram denunciadas à Justiça e fizeram um acordo para não frequentar mais estádios de futebol.

COMUNICADO OFICIAL DO SANTOS SOBRE O EPISÓDIO
“Qualquer ato de preconceito e xenofobia é absolutamente repugnante e inaceitável. Diante dos relatos passados por alguns veículos de comunicação, o Clube está investigando e irá tomar as providências cabíveis frente a quaisquer casos dessa natureza.
O repúdio absoluto a atos de discriminação faz parte da identidade do Santos Futebol Clube.”

PROJETO CAMINHOS DO BRASIL-MEMÓRIA É LANÇADO NO PALÁCIO TIRADENTES E ANDRÉ CECILIANO ANUNCIA A CONTRATAÇÃO DE 500 POLICIAIS PARA A SEGURANÇA DO CIRCUITO CULTURAL


Fonte: Alerj/ Fotos:Julia Passos/ Edição: Adilson Gonçalves
Onze museus e centros culturais reunidos com um só objetivo: atrair a atenção do público para um mundo de histórias e experiências no entorno da Praça XV. O circuito Caminhos do Brasil-Memória foi lançado neste sábado (19/10), no Palácio Tiradentes, onde o visitante já pode retirar seu Passaporte Cultural e colecionar carimbos e descobertas. Representantes das instituições que fazem parte do projeto estiveram na sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para comemorar a iniciativa que vai agitar o Centro da cidade.
"A melhor forma de representarmos o público é através da arte. O Palácio Tiradentes será, brevemente, transformado em museu. Queremos que esse projeto tenha início e meio, mas que não termine. Este é um exemplo de parceria que pode dar certo no estado", afirmou o presidente da Alerj, André Ceciliano, ressaltando que a Casa está disponibilizando recursos para o Estado contratar mais 500 policiais militares pelo Regime Adicional de Serviço (RAS). Parte do efetivo deverá contribuir para o aumento da segurança no circuito cultural do Centro Histórico.
Para o diretor do Centro Cultural dos Correios (CCC), Ednor Medeiros, os museus e centros culturais trazem ao público um sentimento de pertencimento. Mas o projeto vai além, criando oportunidades econômicas."A cultura é um fator dinamizador muito forte da economia. Promover Cultura não é gasto. É investimento", ressaltou.
O subdiretor de Cultura da Alerj, Nelson Freitas, agradeceu o empenho das instituições participantes do projeto e destacou que outras parcerias e atrações vão surgir a partir desta união."A arte é muito relegada ao conceito da complexidade. Parece que não faz parte da vida do trabalhador. Mas é preciso ver que a capacidade crítica e criativa não está dissociada do desenvolvimento econômico. Portanto, este é um investimento no fortalecimento social e econômico do estado", afirmou.
Na abertura do Caminhos do Brasil-Memória, o Palácio Tiradentes promoveu visita guiada e as apresentações do Coro Madrigal da Escola Villa Lobos. O público, que costuma passar na frente do prédio histórico de 1926, foi convidado a entrar e a se surpreender com a história e a beleza da arquitetura da Casa. “Vimos as portas abertas e viemos conhecer. Adoramos o projeto. Moro no Rio, mas sou de Brasília. Estou sempre viajando e conhecendo novos lugares. O Palácio Tiradentes está no nível de atrações internacionais. Já vamos retirar os nossos passaportes”, afirmou a advogada Rita Nascimento, 48, que fez a visita guiada acompanhada do também advogado Leandro Souza, 43. “O carioca precisa valorizar mais os atrativos da cidade. Eu mesmo sempre passo na frente do Palácio e nunca tinha entrado”, contou Leandro.
Além do Palácio Tiradentes, estão no circuito o Paço Imperial, o Museu Naval, o Museu da Justiça, o Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), o Centro Cultural Correios (CCC), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a Casa França-Brasil, a Igreja Santa Cruz dos Militares, o Museu da Imagem e do Som (MIS) e o Museu Histórico Nacional (MHN).
AquaRio: visita aos
11 museus, 50% de desconto
No roteiro de visitação, desenhado num mapa, o público recebe o Passaporte Cultural, que pode ser obtido na Alerj e nos museus e centros culturais participantes. Depois de carimbado em cada um dos 11 museus do circuitos, o visitante que completar o roteiro ganhará uma experiência no Espaço Cultural da Marinha, onde vai conhecer o Navio-Museu Bauru; o Submarino-Museu Riachuelo; a Nau dos Descobrimentos; o helicóptero Rei dos Mares e o carro de Combate Cascavel. O passaporte devidamente carimbado ainda garante 50% de desconto na entrada do Aquário Marinho do Rio (AquaRio) e desconto no Edifício Garagem Menezes Côrtes, aos fins de semana.
Graças à parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e com o Governo do Estado, ações relacionadas à segurança, acessibilidade e mobilidade foram planejadas para garantir tranquilidade ao cidadão fluminense e aos turistas. O projeto recebeu apoio da Comlurb, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), Rioluz, Guarda Municipal, Centro Presente, Polícia Militar e Superintendência do Centro da Prefeitura do Rio, dentre outros.