sexta-feira, 29 de novembro de 2019

LEI DA ALERJ DESIGNA JOÃO CÂNDIDO, O ALMIRANTE NEGRO, COMO HERÓI DO ESTADO

Fonte: site ABI Edição: Adilson Gonçalves
O nome de João Cândido Felisberto, conhecido como o “Almirante Negro”, foi incluído, nesse mês, em que comemora o Dia da Consciência Negra, no Livro dos Heróis do Estado do Rio de Janeiro. O Livro fica na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, sendo aberto à visitação.
A PL 427, de 2019, dos Deputados Estaduais André Ceciliano e Waldeck Carneiro, foi aprovada por unanimidade na assembleia. Ela foi sancionada e publicada no Diário Oficial do Estado, Lei 8624, de 18 de novembro de 2019. O Livro dos Heróis do Estado do Rio de Janeiro se destina à inscrição de pessoas ilustres, mortas há mais de 50 anos, que tenham – por seus atos – contribuído para a defesa, o progresso ou desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, do Brasil ou da Humanidade.
Adalberto do Nascimento Cândido, o Candinho, o único filho vivo que trabalhou na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) por 62 anos, o funcionário mais antigo da ABI, diz o caminho até o reconhecimento foi longo. O filho do “Almirante negro” falou sobre a emoção de ver o nome do pai no livro dos heróis, e agradece a homenagem ao presidente da ALERJ André Ceciliano, a Waldeck Carneiro e aos demais deputados.
“É muito gratificante o Estado do Rio de Janeiro ceder essa moção ao meu pai, como herói estadual. E foi ali, perto da assembleia mesmo, que teve o movimento de 1910, na Praça XV”, diz Adalberto Cândido, de 81 anos.
Em novembro de 1910, um marinheiro negro liderou a Revolta da Chibata, um motim contra castigos impostos por oficiais brancos da Marinha.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

“SINTO TRISTEZA E REVOLTA”, AFIRMA CARLOS ALVES MOURA, CRIADOR DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES


Fonte: O Globo /Edição: Adilson Gonçalves
O primeiro presidente da Fundação Palmares se diz triste e revoltado com os rumos do órgão federal. Em 1988, o advogado Carlos Alves Moura ajudou a organizar as comemorações do centenário da Abolição. Aos 79 anos, ele acusa o governo Bolsonaro de tentar destruir as conquistas do movimento negro.
“Estou sentindo um misto de tristeza e revolta. Tristeza porque não foi brincadeira criar a Fundação Palmares. Revolta em ver que o racismo continua implacável”, diz o advogado.
A Palmares foi fundada no governo José Sarney, quando o movimento negro se organizava para reivindicar espaço na política e na nova Constituição. (…)
Ontem o advogado se surpreendeu ao ler as declarações do novo presidente da fundação, Sérgio Nascimento de Camargo. Nas redes sociais, o ativista de direita disse que no Brasil não há “racismo real” e que o movimento negro deveria ser “extinto”.
O primeiro presidente da Fundação Palmares se diz triste e revoltado com os rumos do órgão federal. Em 1988, o advogado Carlos Alves Moura ajudou a organizar as comemorações do centenário da Abolição. Aos 79 anos, ele acusa o governo Bolsonaro de tentar destruir as conquistas do movimento negro.

NOVO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES É A OVELHA BRANCA DA FAMÍLIA

À esquerda Wadico com o pai, o escritor Oswaldo Camargo;
 a direita, Sergio,  o novo presidente da FC
Fonte: Revista Fórum Edição: Adilson Gonçalves
O produtor cultural, que é filho do escritor Oswaldo de Camargo, ainda divulgou um abaixo-assinado em suas redes “pela troca do presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento”. Ativista do movimento negro, Wadico é idealizador do grupo “A Rede do Samba”.

Militância na literatura
Filho de colhedores de café analfabetos, o poeta, contista, romancista, pesquisador e jornalista Oswaldo de Camargo, pai de Sérgio e Wadico, aos 83 anos é coordenador de literatura do Museu Afro Brasil.

“Minha militância é na literatura”, disse em entrevista ao site da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Para ele, “o negro não é só vítima do preconceito, também é vítima da indiferença”.
Camargo é especialista em literatura negra, autor do livro O negro escrito – apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira e considerado um dos principais representantes no Brasil desse segmento literário. Entre suas obras, destacam-se A descoberta do frio, O oboé e Raiz de um negro brasileiro. Por seu ensaio sobre literatura negra ele recebeu a Medalha de Mérito Cruz e Sousa, da Secretaria de Cultura de Santa Catarina, e a Medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador (BA).
Fundação Palmares
Nomeado presidente da Fundação Palmares pela Secretaria de Cultura do Governo Federal, Sérgio Nascimento é um contraponto na família.
Ele é contra o dia da Consciência Negra, já disse que a atriz Taís Araújo deve voltar para a África e afirmou que a escravidão foi boa porque negros viveriam em condições melhores no Brasil do que no continente africano. “Merece estátua, medalha e retrato em cédula o primeiro branco que meter um preto militante na cadeia por crime de racismo”, escreveu o novo presidente da Fundação Palmares.
Para Nascimento, artistas como Gilberto Gil, Leci Brandão, Mano Brown, Emicida são todos “parasitas da raça negra no Brasil”. Em uma postagem nas redes sociais, Sérgio disse que a Fundação agora seguirá os preceitos bolsonaristas.
“Fui nomeado nesta quarta-feira presidente da Fundação Cultural Palmares, a convite do secretário especial da Cultura, Roberto Alvim. Assumir o cargo será uma grande honra e ao mesmo tempo um desafio! Grandes e necessárias mudanças serão implementadas na Fundação Palmares. Sou grato a Deus por essa oportunidade. Minha atuação à frente da Fundação será norteada pelos valores e princípios que elegeram e conduzem o governo Bolsonaro”, escreveu.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

EX-JOGADOR SAMUEL ETO'O É ADMITIDO NA UNIVERSIDADE DE HARVARD PARA ESTUDAR ECONOMIA

Fonte: A Bola Edição: Adilson Gonçalves

O antigo jogador do Barcelona, Samuel Eto’o, revelou esta terça-feira que irá estudar economia e gestão na prestigiada universidade de Harvard.
O internacional camaronês explicou que a universidade lhe permitiu inscrever-se num curso especializado, que terá a duração de um ano.

Eto’o, de 38 anos, que anunciou o término da sua carreira como futebolista profissional em setembro, quando jogava pelo Qatar, admitiu que o curso «não será fácil, mas abrirá novas portas».

O antigo jogador lançou-se recentemente ao mundo dos negócios com a Betoo, uma empresa de apostas que pertence a «um grupo de jovens africanos» que lhe haviam pedido que se unisse a eles nesta iniciativa, permitindo-lhes utilizar a sua imagem para promover o projeto.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

FALTA DE DIVERSIDADE NAS REDAÇÕES ESCONDE RACISMO ESTRUTURAL DO JORNALISMO E DIFICULTA O DEBATE SOBRE DESIGUALDADE ENTRE NEGRO E BRANCOS

Na lista dos dez jornais com maior circulação, Estado de São Paulo, Extra, O Tempo, Super Notícia e Daqui não apresentaram qualquer menção ao Dia da Consciência Negra na capa da edição impressa
Fonte: GGN/ Texto: Andressa Kikuti
 e Janara Nicoletti
 Edição: Adilson Gonçalves
A presença ou não de diversidade e pluralidade da mídia reflete os princípios e valores da organização e também da sociedade a qual ela representa. Talvez por isso, haja tão pouco debate sobre o racismo e o abismo de oportunidades entre negros e brancos no Brasil. Esta realidade ficou bastante clara no dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra. Apesar de fazer parte da agenda nacional e em várias cidades brasileiras ser até feriado, a pauta ganhou pouca valorização entre os dez jornais com maior circulação média em 2018, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC). Além disso, em outros periódicos regionais, o assunto também ganhou pouco destaque. Muitos sequer o abordaram. Como é possível num país com mais da metade da população negra ou parda não priorizar essa pauta?
Para se ter uma ideia, na lista dos dez jornais com maior circulação, Estado de São PauloExtraO TempoSuper Notícia e Daqui não apresentaram qualquer menção à data na capa da edição impressa. Já Folha de S. PauloO GloboZero HoraO TempoCorreio do Povo e Diário Gaúcho trouxeram matérias sobre a data, alguns desenvolveram pautas especiais, mas no geral em tom comemorativo ou valorizando algum projeto social em busca do ¨resgate¨ da cultura negra. A desigualdade social e o preconceito sofridos pela população negra no país mereceram pouco destaque nas chamadas de capa.
Apenas O Tempo trouxe manchete sobre o problema da prevalência de negros e pardos entre os desempregados do país. Folha e O Globo apresentaram fotos de destaque sobre o tema, mas o primeiro abordou o resgate da cultura pelo turismo e a necessidade de ir além da negritude, e o segundo apresentou um factual sobre o salão de livros carioca. Com menos destaque abordou a falta de diversidade em carreiras de ¨elite¨, nas quais os negros têm baixa entrada. O termo ¨elite¨, de alguma forma, já apresenta um sinal de diferenciação entre negros e brancos. Por mais que se busque debater a lacuna social, o tratamento ajuda a ampliar a desigualdade. O mesmo se verifica na chamada de O Estado de Minas (não listado entre os dez com maior circulação). Na capa, a manchete buscava valorizar o legado da população negra, porém, destacava sua importância ao lado de indígenas e portugueses. Considerando a data, existe aí um elemento que reduz o protagonismo dos descendentes de africanos no país, mesmo sem querer.
No jornal Correio do Povo, um especial buscou lembrar as raízes negras do Rio Grande do Sul, ¨embranquecida¨ ao longo dos anos num processo de esquecimento da presença dos negros (e da escravidão) no estado. O jornalista Flávio Bandeira, de 34 anos,  questiona: ¨Qual o medo da sociedade de que algum negro chegue a uma posição de destaque? Isso é uma coisa que eu penso muito todo dia. Vemos que somos praticamente invisíveis¨. Segundo seu depoimento na reportagem, ele nunca se viu representado nos livros de história, nos monumentos. Apesar de esta ser uma abordagem relacionada a um estado sulista, ela está presente em todo o país, e também na mídia.
Existe uma invisibilização do negro no discurso da imprensa: pela baixa
diversidade de vozes, pela falta de representatividade nas imagens, as pautas que não debatem criticamente a desigualdade estrutural, na composição das redações. Recentemente, uma foto postada por Maju Coutinho,
apresentadora do Jornal Hoje, denunciou a falta de diversidade da equipe na qual ela trabalha. Na imagem, a única negra era Maju. A redação retratada não diverge muito da realidade da imprensa brasileira: em geral, a mídia é branca, de classe média, e fala para brancos, de classes média e alta (é esta a parcela da população com maior empregabilidade, educação e renda). A baixa atenção de alguns dos principais jornais brasileiros repercute, então, a baixa diversidade racial das redações, bem como o racismo latente existente na sociedade brasileira.