sexta-feira, 8 de novembro de 2019

PARADA LGBT, DOMINGO, DIA 10, NO LEBLON TERÁ COMO TEMA O RACISMO: "TIRE O SEU RACISMO DO MEU CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR"

Texto: Surenã Dias Edição: Adilson Gonçalves
A 2° edição da Parada LGBT do Leblon será realizada neste domingo (10), e abordará o preconceito racial com o tema: “Tire o seu racismo do meu caminho, que eu vou passar com minha cor”.  
A passeata conta com o apoio da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio (CEDS RIO). A organização espera que cerca de 10 mil pessoas compareçam ao evento, marcado para começar ao meio-dia. Pelo segundo ano consecutivo, a CEDS abraçou o projeto da Parada LGBT do Leblon, na Cruzada São Sebastião. É importante continuar buscando visibilidade pela luta contra qualquer tipo de preconceito, seja ele, por orientação sexual, identidade de gênero, cor ou religião. Precisamos levantar a bandeira da diversidade todos os dias. Porque o  mundo é diverso, e todas as pessoas merecem respeito”, ressalta o Coordenador Especial da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, Nélio Georgini.

Realizada no conjunto habitacional Cruzada São Sebastião, à margem do Jardim de Alá, a Parada é organizada por Thabata Rios, de 31 anos, mulher transexual, nascida e criada no local. 
“Meu intuito é atrair LGBTs de todos os lugares da cidade. A Cruzada São Sebastião é muito peculiar, estamos no asfalto e na Zona Sul, mas estamos segregados. Por isso, convido todos que sofrem por sua condição social, sexualidade, identidade de gênero, raça ou qualquer outro motivo“, pontua Thabata. Cerca de 35 artistas LGBTs ou que lutam pela causa irão animar a festa, que terá um trio elétrico.  Antes disso, às 10 horas, haverá um trabalho social com recreação para crianças, corte de cabelo gratuito, 2° via de documentos, distribuição de lanches, distribuição de materiais de prevenção às DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), entre outros.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

BANCADA NEGRA NA CÂMARA DE DEPUTADOS PROTOCOLA PROJETO DE LEI DE COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Deputados negros do PSOL, PT, PCdoB, PSB e PDT protocolam
 PL de enfrentamento ao racismo institucional

Bruna Menezes/PSOL na Câmara
Fonte: Uol Edição: Adilson Gonçalves
 Foto:Bruna Menezes/PSOL na Câmara
Um grupo de sete deputados federais negros protocolou na tarde de hoje, na Câmara, um Projeto de Lei de enfrentamento ao racismo institucional na administração pública.O projeto, segundo o gabinete da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), orienta União, estados e municípios a “identificar e eliminar práticas de discriminação racial que prejudiquem o acesso igualitário às políticas públicas”.
Além de Petrone, participaram da elaboração do texto os parlamentares Áurea Carolina (PSOL/MG), Benedita da Silva (PT/RJ), Bira do Pindaré (PSB/MA), Damião Feliciano (PDT/PB), David Miranda (PSOL/RJ) e Orlando Silva (PCdoB/SP), em parceria com ativistas do movimento negro.
Se aprovada, a lei fará mudanças na formação de servidores da administração pública e agentes de segurança pública e vigilância particular do Congresso, incluindo na grade desses cursos módulos de enfrentamento ao racismo institucional, direitos, deveres e garantias fundamentais estabelecidos na Constituição Federal.
“Apesar de sermos mais de 50% da população, negras e negros ainda são vistos como não pertencentes em diversos espaços, em especial da vida pública. Diversas deputadas negras relataram, no começo deste ano, a dificuldade de acessar as Assembleias Legislativas e a Câmara dos Deputados”, afirma Petrone. “Esse PL vai servir para que nenhuma negra e negro passe por isso, em nenhum lugar”.
De fato, neste ano, parlamentares eleitas pela primeira vez denunciaram ter sido barradas em espaços de poder como o Congresso Nacional, casas legislativas estaduais e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro — caso da deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ), eleita pelo PSOL.
O projeto também pretende estabelecer um protocolo para a abordagem policial que elimine discriminação de gênero, raça e credo nos planos nacionais, estaduais e municipais.

CÂMARA DO DISTRITO FEDERAL APROVA CRIAÇÃO DA PRAÇA MARIELLE FRANCO

Em todo o mundo já são 150 locais públicos que homenageiam a ex-vereadora

Fotos:redes Sociais Edição: Adilson Gonçalves
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, nesta terça-feira (5/11), a criação da Praça Marielle Franco, no Setor Comercial Sul, em homenagem à ex-vereadora do Rio de Janeiro (RJ), assassinada em 14 de março de 2018.
“O nome Marielle Franco tem um significado muito forte por se tratar de uma defensora dos Direitos Humanos, executada em exercício do mandato. Essa iniciativa (a criação da praça) é uma saudação à democracia”, afirma o deputado distrital Fábio Felix (PSOL), autor do projeto aprovado pela CLDF.

De acordo com o parlamentar, o espaço — próximo à Galeria dos Estados — deve passar por uma revitalização (com instalação de bancos e arborização), e entrará para uma lista de 150 locais públicos que homenageiam a ex-vereadora ao redor do mundo. “Cidades como Paris, na França, e Madri, na Espanha, possuem espaços que celebram a importância de Marielle. Então, é fundamental que a capital do país dela também tenha um local simbólico de homenagem à democracia, além de pedir justiça, especialmente, à população mais vulnerável como as comunidades negra e LGBT, grupos que Marielle representava”, diz Fábio Felix.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa também destacou que a aprovação da matéria vem em momento oportuno da conjuntura, “quando novas denúncias, envolvendo diretamente o nome do presidente da República, podem dar outro rumo para a investigação acerca das motivações políticas que levaram ao assassinato de Marielle e de Anderson”. O parlamentar também explicou que a medida trará benefícios para toda a coletividade, a partir do momento em que será criada uma praça com bancos, arborização, infraestrutura e mais segurança para a população. 
Abertas as inscrições para
Prêmio Marielle Franco
de Direitos Humanos
Área verde no centro de Paris,
Jardim Marielle Franco: um dos mais de 150 locais
no mundo em homenagem à vereadora assassinada
Ações da sociedade civil em prol da promoção de direitos e da cidadania serão premiadas, no dia 28 de novembro, pela Câmara Legislativa do DF. Organizações, empresas, personalidades e servidores podem se inscrever. Trata-se de reconhecimento da Comissão de Direitos Humanos da CLDF ao trabalho de defensoras e defensores de direitos humanos em diversas áreas de atuação. As indicações podem ser feitas até o dia 8 de novembro no site https://fabiofelix.com.br  
Qualquer pessoa pode se indicar ou indicar alguém.  Serão 10 premiados em diferentes áreas de atuação. Servidores da Câmara Legislativa não poderão concorrer ao prêmio, que é restrito a projetos realizados no DF. Aos escolhidos serão concedidos diplomas e medalhas de honra ao mérito.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

APÓS APRESENTAR EDIÇÃO COMEMORATIVA DO JORNAL NACIONAL, MÁRCIO BONFIM ESTÁ COTADO PARA O FANTÁSTICO

Fonte: Observatório da Televisão Edição: Adilson Gonçalves
Um dos escolhidos pela Globo para participar do projeto de 50 anos do Jornal Nacional com apresentadores locais, o jornalista pernambucano Márcio Bonfim está cotado para cobrir as férias de Tadeu Schmidt, no próximo mês de dezembro, e apresentar o Fantástico nas noites de domingo da Globo.
Segundo o site Observatório da Televisão, o jornalista agradou bastante a emissora carioca em seu momento de apresentação do principal telejornal do Brasil. A ideia de dar chance a ele também surge num momento em que a Globo quer colocar ancoras de suas emissoras próprias do Brasil, como Recife e Belo Horizonte.
Procurada oficialmente pela reportagem, a Globo disse que ainda não se tem uma definição de quem será o substituto de Tadeu Schmidt. Seria a segunda chance de Márcio Bonfim em rede nacional como apresentador. A primeira ocorreu em 31 de agosto, quando representando em Pernambuco, apresentou o Jornal Nacional juntamente com Cristina Ranzolin, do Rio Grande do Sul.
Na ocasião, Bonfim foi bastante elogiado na função. Muitos pediram que ele entrasse no rodízio do fim de semana no Jornal Nacional. Com 20 anos de profissão, o paulista de Alvares Florence iniciou a carreira como locutor numa emissora de rádio em Votuporanga (SP). Depois, passou por TV Universitária, TV Integração e TV Itapetininga. 
Além da graduação Jornalismo, tem curso técnico de rádio, MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialização em produção de TV e Cinema na New York Film Academy. Na Globo, ele apresenta o NETV – 1ª Edição, jornal da hora do almoço na Globo Recife.

COLUNA DO ANDRÉ BORGES

Sindicalismo e Movimento Negro

André Borges Edição:Adilson Gonçalves

A História do Movimento Sindical Brasileiro não registra o aprofundamento da participação e da contribuição do trabalhador negro-escravo nos vários ciclos econômicos do Brasil. Isso não aconteceu também na formação da classe operária e a sua consequente geração das riquezas na economia agrícola, predominante no Brasil Colônia. Economia essa caracterizada pelos latifúndios, em que os trabalhadores negros-escravos contribuíram com a sua força de trabalho.

   Até 1888, quando foi abolida a escravidão no Brasil, o trabalho escravo foi predominante.  Ao ser proclamada a República em 1889, o nascente setor industrial já abrangia os ramos da indústria têxtil, fundições, indústria de sabão, bebidas e produtos alimentícios.
    Antes de surgir o Movimento Sindical organizado, foi o negro-escravo quem mais contribuiu com sua força de trabalho, gerando riquezas que propiciaram o desenvolvimento da nossa incipiente economia, seja ela nas minas de ouro, nos canaviais e  engenhos de açúcar e nos cafezais. Essa contribuição foi fundamental para o aparecimento das primeiras fábricas, nas quais o negro-escravo participou com a sua força de trabalho, sendo que o seu respectivo salário era entregue ao seu então proprietário, seu senhor.
   Para o desenvolvimento do trabalho assalariado no Brasil, foi fundamental a leva de imigrantes europeus que trouxe – de 1871 até 1920- três milhões, trezentos e noventa mil trabalhadores estrangeiros que, segundo o censo de 1893, apenas na capital de São Paulo, constituiram aproximadamente 55% da população e 71% da força de trabalho. Em contrapartida, nada se diz sobre a participação dos trabalhadores-negros no mercado de trabalho da época.
Atualmente, além de organizados em várias entidades em que se constitui o Movimento Negro, os trabalhadores se encontram organizados também nos sindicatos e nos partidos políticos. Mas a participação do trabalhador-negro no Movimento Sindical não tem sido objeto de estudos ou pesquisas. Em consequência disso, tem-se uma ideia bastante vaga da forma como se processou a ascensão do trabalhador-negro na atual estrutura do Movimento Sindical. Embora se tenha conhecimento da sua efetiva participação nos sindicatos, onde ocupam espaço na direção de alguns; nas Federações e
Confederações e nas centrais Sindicais hoje existentes no Brasil, não se sabe ainda a real contribuição do trabalhador negro-escravo ao nascimento da classe operária no Brasil. Não se tem dados que possam responder à seguinte indagação: o trabalhador-negro encontrou alguma resistência de caráter racista que dificultasse sua integração e a consequente Ascenção no Movimento Sindical? Essa indagação é pertinente quando se sabe que, nos seus primórdios, a organização do Movimento Sindical foi fortemente influenciada e dirigida pela tendência anarco-sindicalista aqui chagada com os imigrantes europeus, de onde se origina o domínio colonial, juntamente com as mazelas do sistema escravista aqui estabelecido.

Por não se ter discutido com profundidade a questão do trabalhador-negro no Movimento Sindical, este Movimento não incorpora em suas lutas as reivindicações específicas do trabalhador-negro. Daí a urgente necessidade de se levar essa questão para uma discussão com maior profundidade, em razão do avanço que  vem demonstrando a organização do Movimento Negro e a consequente estratégia da luta pela efetiva  participação dos afrodescendentes  no  poder político do Estado brasileiro, sem o quê jamais se consolidará a necessária unidade da nação brasileira, para  continuar a luta pelo desenvolvimento e a defesa da soberania nacional, seriamente ameaçada pela  política implementada pelas grandes potências, com vista a recolonizarão do Brasil.




*André Borges, 87 anos, é escritor, autor de cinco livros, um dos fundadores do PDT e do Partido Socialista e Liberdade, do qual é integrante da corrente Primavera Socialista, participou ainda da criação da Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e foi Vice-presidente do Instituto Palmares de Direitos Humanos (IPDH) no Rio de Janeiro, ligado à questão racial, e Coordenador Estadual-Adjunto do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).

terça-feira, 5 de novembro de 2019

COMISSÃO DE SEGURANÇA DA ALERJ REALIZA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA APONTAR SOLUÇÕES E ELUCIDAR O DESAPARECIMENTO MENSAL DE 400 PESSOAS NO ESTADO

Fonte: Alerj/ Texto: Líbia Barbosa e Lívia Lace 
Fotos: Octacílio Barbosa
Edição: Adilson Gonçalves
Cerca de 400 pessoas, mensalmente, são dadas como desaparecidas em todo o Estado do Rio. Os municípios da Baixada são os que mais notificam casos de desaparecimento, uma média de 15 registros diários. Diante desses números, a Coordenadoria de Desaparecidos do Estado do Rio de Janeiro defende a implementação de uma delegacia especializada na região. Além disso, o órgão ligado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH) divulgou que de janeiro a agosto de 2019, somente na capital do Rio, a Delegacia de Descobertas e Paradeiros (DDPA) registrou 1.427 pessoas como desaparecidas: 1.157 delas foram encontradas, 20 faleceram e, aproximadamente, 250 casos ainda estão em andamento. Essas informações foram divulgadas nesta segunda-feira (04/11) em audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), realizada no Palácio Tiradentes.
deputado estadual Bruno Dauaire (PSC), que presidiu a audiência, propôs a inclusão de emendas na Lei Orçamentária Anual de 2020 (LOA) e a criação de uma Frente Parlamentar sobre o tema. “A Frente discutirá de forma profunda quais mecanismos são necessários para abrandar os números apresentados aqui. Sobre as emendas, uma delas será para a criação de um cadastro único para pessoas desaparecidas e outra tratará da criação do ‘Alerta-Pri’, que é uma plataforma cujo objetivo é avisar quando uma pessoa some e divulgar seus dados”, explicou o parlamentar. “Esse é um assunto muito invisível, poucas pessoas aprofundam isso, a gente percebe que é uma luta muito pessoal e familiar daqueles que desaparecem, que têm seus parentes desaparecidos. A gente quer institucionalizar essa luta", acrescentou Dauaire.
A Coordenadoria de Desaparecidos do Estado do Rio foi criada em janeiro deste
ano. À frente da pasta, Jovita Belfort protagonizou um dos casos de desaparecimento mais conhecidos do país. Em janeiro de 2004, sua filha, Priscila Belfort (irmã do lutador de MMA Victor Belfort) foi dada como desaparecida e seu real paradeiro é desconhecido até hoje. “Eu tenho uma filha desaparecida há 15 anos e nos primeiros cinco anos fiquei muito mal. Depois de um tempo, consegui me reerguer e lutar para dar visibilidade a esses casos que ninguém sabe, ninguém viu, ninguém entende, ninguém conhece”, contou Jovita, emocionada.
Durante a audiência pública, a coordenadora explicou que a atuação da pasta vai além das políticas públicas ligadas à busca dessas pessoas, observando que humanizar cada caso e ouvir as famílias é fundamental. “Os números de pessoas desaparecidos são assustadores, e a coordenadoria se preocupa em atender e dar suporte às famílias das vítimas. Além disso, procuramos dar dignidade a cada caso registrado e promover autoestima para essas famílias, concluiu Jovita.
Falta da identificação dos corpos
Por ano, mais de mil pessoas são enterradas sem identificação no Estado. O expressivo número revelou um problema na comunicação entre as instituições públicas competentes, o que gerou a necessidade de integração entre o Instituto Félix Pacheco (IFP), o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ) e o Sistema Único de Saúde (SUS) para tentar amenizar essa preocupante situação.
“Nós temos vários problemas de comunicação entre as instituições, mas essa integração já começou a surtir efeito, os índices de efetivas confirmações de identidade desses corpos, hoje chega a 80%”, explicou Raquel Chrispino, Juíza da 1ª Vara de Família de São João de Meriti e representante do Poder Judiciário no Comitê Gestor Estadual de Erradicação do Sub-registro Civil de Nascimento a Acesso à Documentação Básica.

AUDIÊNCIA PÚBLICA DA ALERJ DISCUTE SOLUÇÕES PARA DESCOBRIR O PARADEIRO DE 400 PESSOAS DESAPARECIDAS MENSALMENTE NO ESTADO

Fonte: Alerj/ Texto: Líbia Barbosa e Lívia Lace 
Fotos: Octacílio Barbosa
Edição: Adilson Gonçalves
Cerca de 400 pessoas, mensalmente, são dadas como desaparecidas em todo o Estado do Rio. Os municípios da Baixada são os que mais notificam casos de desaparecimento, uma média de 15 registros diários. Diante desses números, a Coordenadoria de Desaparecidos do Estado do Rio de Janeiro defende a implementação de uma delegacia especializada na região. Além disso, o órgão ligado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH) divulgou que de janeiro a agosto de 2019, somente na capital do Rio, a Delegacia de Descobertas e Paradeiros (DDPA) registrou 1.427 pessoas como desaparecidas: 1.157 delas foram encontradas, 20 faleceram e, aproximadamente, 250 casos ainda estão em andamento. Essas informações foram divulgadas nesta segunda-feira (04/11) em audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), realizada no Palácio Tiradentes.
O deputado estadual Bruno Dauaire (PSC), que presidiu a audiência, propôs a inclusão de emendas na Lei Orçamentária Anual de 2020 (LOA) e a criação de uma Frente Parlamentar sobre o tema. “A Frente discutirá de forma profunda quais mecanismos são necessários para abrandar os números apresentados aqui. Sobre as emendas, uma delas será para a criação de um cadastro único para pessoas desaparecidas e outra tratará da criação do ‘Alerta-Pri’, que é uma plataforma cujo objetivo é avisar quando uma pessoa some e divulgar seus dados”, explicou o parlamentar. “Esse é um assunto muito invisível, poucas pessoas aprofundam isso, a gente percebe que é uma luta muito pessoal e familiar daqueles que desaparecem, que têm seus parentes desaparecidos. A gente quer institucionalizar essa luta", acrescentou Dauaire.
A Coordenadoria de Desaparecidos do Estado do Rio foi criada em janeiro deste
ano. À frente da pasta, Jovita Belfort protagonizou um dos casos de desaparecimento mais conhecidos do país. Em janeiro de 2004, sua filha, Priscila Belfort (irmã do lutador de MMA Victor Belfort) foi dada como desaparecida e seu real paradeiro é desconhecido até hoje. “Eu tenho uma filha desaparecida há 15 anos e nos primeiros cinco anos fiquei muito mal. Depois de um tempo, consegui me reerguer e lutar para dar visibilidade a esses casos que ninguém sabe, ninguém viu, ninguém entende, ninguém conhece”, contou Jovita, emocionada.
Durante a audiência pública, a coordenadora explicou que a atuação da pasta vai além das políticas públicas ligadas à busca dessas pessoas, observando que humanizar cada caso e ouvir as famílias é fundamental. “Os números de pessoas desaparecidos são assustadores, e a coordenadoria se preocupa em atender e dar suporte às famílias das vítimas. Além disso, procuramos dar dignidade a cada caso registrado e promover autoestima para essas famílias, concluiu Jovita.
Falta da identificação dos corpos
Por ano, mais de mil pessoas são enterradas sem identificação no Estado. O expressivo número revelou um problema na comunicação entre as instituições públicas competentes, o que gerou a necessidade de integração entre o Instituto Félix Pacheco (IFP), o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ) e o Sistema Único de Saúde (SUS) para tentar amenizar essa preocupante situação.
“Nós temos vários problemas de comunicação entre as instituições, mas essa integração já começou a surtir efeito, os índices de efetivas confirmações de identidade desses corpos, hoje chega a 80%”, explicou Raquel Chrispino, Juíza da 1ª Vara de Família de São João de Meriti e representante do Poder Judiciário no Comitê Gestor Estadual de Erradicação do Sub-registro Civil de Nascimento a Acesso à Documentação Básica.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

VÍTIMA DE RACISMO, LUKAKU COBRA POSICIONAMENTO DE DIRIGENTES E ATLETAS


Vítima de racismo por parte dos torcedores do Cagliari após marcar, cobrando um pênalti, o gol que garantiu a vitória da Inter de Milão, por 2 a 1, em partida pelo Campeonato Italiano, o atacante Romelu Lukaku se manifestou publicamente,  para cobrar ações dos dirigentes no combate a este tipo de problema e também aproveitou para pedir para outros jogadores "unirem-se e tomar posição" para ajudar a coibir esta prática condenável dentro do futebol.
O jogador belga fez o gol do triunfo sobre o Cagliari aos 27 minutos do segundo tempo do confronto de domingo e ouviu alguns torcedores da equipe da casa imitarem sons de macaco para provocá-lo e insultá-lo.
Lukaku usou a sua página na rede social Instagram para condenar os atos racistas contra ele e para destacar que espera que "as federações de futebol reajam fortemente a todos os casos de discriminação". E enfatizou que ele e outros atletas "vêm dizendo isso há anos e nada foi feito" para combater de forma eficiente o racismo nas principais competições de futebol do mundo.
"Senhoras e senhores, estamos em 2019 e, em vez de avançarmos (contra o
problema), estamos andando para trás", escreveu o jogador da seleção belga, que passou a defender a Inter de Milão a partir desta temporada europeia depois de ter atuado pelo Manchester United nas duas anteriores.
"Penso que como jogadores devemos estar unidos e tomar posição frente a este problema com o objetivo de conservar este esporte limpo e agradável para todos", ressaltou Lukaku, lembrando também que os casos de racismo estão ocorrendo com frequência no futebol. "Vários jogadores sofreram abusos racistas neste último mês (de agosto). Foi o meu caso ontem. O futebol é um jogo em que todo mundo deve desfrutar e não devemos aceitar nenhuma forma de discriminação susceptível de envergonhar o nosso esporte", completou.
Um dos vice-artilheiros da Copa do Mundo de 2018, com quatro gols marcados, Lukaku também pediu aos clubes e os administradores de redes sociais que saibam usar as suas ferramentas na internet para combater o racismo. "As plataformas de mídia social também devem trabalhar mais, com os clubes, porque todos os dias há pelo menos um comentário racista em relação a uma pessoa de cor", opinou.
Antes do astro belga, o atacante italiano Moise Kean, hoje jogador do Everton, foi vítima de racismo praticado por torcedores do Cagliari quando atuava pela Juventus na temporada passada. O mesmo ocorreu com o volante francês Blaise Matuidi, atleta da equipe de Turim, um ano antes.
Quando ouviu gritos que imitavam sons de macacos após marcar o gol da vitória da Inter, Lukaku olhou com raiva para o setor de onde ele constatou que partiram os cânticos racistas antes de ser cercado pelos seus companheiros de time durante a sua comemoração.
Apesar do problema, o partida continuou sendo disputada normalmente e não foi interrompida em nenhum momento pelo árbitro. E este foi apenas mais um dos episódios de discriminação registrados recentemente em torneios europeus. No mês passado, o francês Paul Pogba, do Manchester United, foi alvo de gritos racistas da torcida do seu próprio time após desperdiçar um pênalti em partida contra o Wolverhampton.
 
Os atacantes Marcus Rashford, também do United, e Tammy Abraham, do Chelsea, foram alvos de insultos da mesma natureza nesta temporada europeia. O defensor francês Kurt Zouma, também negro, foi outro a ser vítima de manifestações racistas.





QUASE A METADE DA POPULAÇÃO NEGRA ESTÁ NO MERCADO INFORMAL; MULHERES SÃO AS MAIS ATINGIDAS

Edição: Adilson Gonçalves
Quase metade da população negra possui empregos informais, cerca de 46,9%, conforme os dados mais recentes, deste ano, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Em contrapartida, o percentual entre brancos é de 33,7%. Pesquisa do Instituto Ethos, realizada em 2015, deixa mais evidente a enorme desigualdade entre brancos e negros no mercado de trabalho. 
Segundo o Instituto, que analisou as 500 empresas de maior faturamento do Brasil, os negros representam apenas 4,7% do quadro executivo e 35,7% do quadro funcional dessas organizações. Em cargos de gerência, eles são 6,3%, e entre estagiários e trainees, representam 28,8% e 58,2%, respectivamente.
Segundo o historiador e educador patrimonial André Moura, a questão mais excludente dos negros no mercado de trabalho é o acesso a oportunidades de qualidade. “As cotas tem feito um aumento no número de negros na universidade, mas nem de longe é um resultado ainda comparável a população negra que é 50% do brasil. Quando se trata dos melhores cursos e a melhor formação poucos negros têm acesso”, indica. Ele diz que outro indicador de exclusão pode ser por a pessoa “não coincidir com o papel estético que a empresa quer mostrar, que é uma sutileza bem cruel”. 

Moura afirma que, em termos históricos, o Brasil não escravocrata ainda é recente. “Até os anos 30, referências culturais que eram relacionadas ao negro eram proibidas, como o samba e a própria capoeira. O processo racista no estado e na sociedade brasileira continuou de diversas formas”, explana. Além do mês da consciência negra comemorado no Brasil, a Organização da Nações Unidas (ONU) iniciou em 2015 a década internacional afrodescendente. A expectativa é que até 2024 seja promovido respeito e proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

De acordo com ele, a maior consequência do racismo e da escravidão no país é o enorme número de pessoas negras que vivem à margem da sociedade, em condições precárias. O racismo estrutural do Brasil, segundo Moura, afeta principalmente as mulheres negras no âmbito do acesso ao serviço público e ao mercado de trabalho. “A mulher negra em uma situação de pobreza muitas vezes tem que gerir a casa e cuidar dos filhos sozinha. Isso dificulta a inserção dela no mercado de trabalho”, explicou. 

A servidora pública e cineasta Simone Borges, 41, conseguiu superar as barreiras impostas pela sociedade. Primeira mulher negra a receber um Fundo de Apoio à Cultura (FAC), ela conta que sempre precisou ser duas ou três vezes melhor do que as outras pessoas, por duvidarem de sua capacidade. “O racismo tá muito enraizado na nossa cultura. Quando estamos em uma reunião de trabalho e alguém solicita um café, a maioria das pessoas olha para mim como se eu fosse a pessoa apropriada para os servir”, desabafou. “Historicamente, as pessoas negras têm menos oportunidades de estudo e de se projetarem como profissionais. Isso faz com que as pessoas me olhem estranho e se perguntem se eu deveria estar ali, quando chego em lugares em que sou a única negra”, relata. 

Mercado Informal

De acordo com a analista de RH Patrícia Renata, a falta de espaço da população negra no mercado de trabalho faz com que as pessoas tenham baixa autoestima e acreditem que não são capazes de ocuparem cargos. “Se eu sou negra e não vejo pessoas negras liderando ou atingindo níveis altos, eu acabo achando que que também não vou poder”, disse. Ela ressalta que atualmente as empresas precisam criar ações para tornar diversos o corpo de funcionários.

As mulheres negras são as principais prejudicadas pela informalidade, trabalhando em ocupações com menor proteção social, sem carteira, como terceirizadas ou no emprego doméstico. Elas também estão sobrerrepresentadas no trabalho doméstico. Segundo o “Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil” (2013), do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), elas representam 57,6% dos trabalhadores nesta posição. 

Antes de ser proprietária do salão de beleza afro Nega do Pixain, a trancista Quezia Costa, 26, não trabalhava e a casa era mantida com o salário do marido. Ela conta que abriu seu próprio negócio após o marido sofrer um acidente. Quezia revela que, mesmo em um salão especializado em beleza negra, ela sofre racismo. “Quando comecei, eu tinha 21 anos. As pessoas não entendiam como uma mulher tão jovem e negra poderia conseguir fugir das estatísticas.”