quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

ESTADO DO RIO DE JANEIRO RECONHECE APENAS 6% DE SUAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS


Fonte: Alerj
Edição: Adilson Gonçalves
O Estado do Rio conta com 48 comunidades quilombolas, e apesar do direito à terra ser garantido pela Constituição Federal, apenas três quilombos possuem título de propriedade. A informação foi divulgada pelo coordenador nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais e Quilombolas, Ronaldo dos Santos, durante audiência pública das comissões de Cultura, Assuntos Municipais e Habitação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), nesta segunda-feira (17/02). Ronaldo afirmou que sem a titulação de terras, não há proteção ao patrimônio.
“Com os títulos, aquela comunidade tem a garantia de permanência na terra por muito tempo. Os quilombos estão sendo exterminados com o avanço da especulação imobiliária e é fundamental que a regularização aconteça, para que essa cultura não morra”, afirmou Ronaldo. Os quilombos que foram regularizados, a partir de 2012, ficam em Paraty, Cabo Frio e Mangaratiba.
Para o coordenador, o número insuficiente de quilombos registrados demonstra a negação e a falta de políticas públicas para essa parcela da população. “Vivemos um racismo institucional. A máquina está preparada para não reparar o crime da escravidão. Em alguns estados, temos leis específicas para os quilombos. No entanto, no Rio notamos que o tema ainda é pouco abordado, apesar de estarmos falando de um patrimônio material e imaterial do estado”, desabafou Ronaldo.



























Além das questões culturais





Após ouvir as demandas dos representantes de instituições quilombolas, a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec), Danielle Barros, antecipou que quando o Fundo Estadual de Cultura for operacionalizado, o governo terá editais específicos para potencializar a cultura dentro dos quilombos. Danielle lembrou, porém, que as demandas das comunidades vão além das questões culturais e dependem da articulação de outros órgãos do estado. “Reconheço a importância que as comunidades quilombolas têm e vamos nos esforçar, como pasta, para resolver o que estiver ao nosso alcance. Mas é importante lembrar que existe um problema maior do que o tombamento imaterial dos quilombos, que é a preservação do território”, declarou a secretária.
Além da proteção dos territórios dos quilombos, os deputados acreditam que a preservação passa por uma ação conjunta das pastas de Cultura, Educação e Habitação. Segundo eles, essa parceria é essencial para preservar a memória do povo quilombola e para promover a valorização desses espaços. 
“A ação conjunta é fundamental para que a gente mantenha o que consideramos patrimônio material e imaterial do Rio preservado. As secretarias precisam conversar entre si, e a Alerj vai contribuir na promoção desses debates nas essas ações coletivas que são necessárias”, garantiu o presidente da Comissão de Cultura da Casa, deputado Eliomar Coelho (PSol). O parlamentar Luiz Paulo (PSDB) também compareceu à reunião.




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ÓRGÃOS PÚBLICOS DO RJ PODERÃO TER CURSO INTERNO DE CAPACITAÇÃO CONTRA O RACISMO INSTITUCIONAL


Fonte : Alerj Edição: Adilson Gonçalves
Os órgãos da administração pública direta e indireta podem passar a ter cursos internos obrigatórios de capacitação contra o racismo. A medida faz parte do Programa de Prevenção, Capacitação e Enfrentamento ao Racismo Institucional, proposto no projeto 299/19, das deputadas Dani Monteiro, Mônica Francisco e Renata Souza, todas do PSol. A medida será votada em primeira discussão pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (19/02).
Os cursos deverão ter um presença mínima de 75%. O programa também prevê a produção e divulgação de campanhas sobre o racismo institucional, como a produção de seminários anuais, abertos ao público em geral, para apresentação de resultados e perspectivas de desafios. A medida ainda propõe que o Estado produza e divulgue os dados sobre o perfil étnico-racial dos funcionários de todos os cargos e setores.
“Os recentes casos de racismo enfrentados pelas deputadas negras da Alerj evidenciam uma cruel faceta do racismo institucional, que não reconhece corpos negros como autoridades de Estado. Esse projeto tem o objetivo de oferecer parâmetros mínimos para a formulação de uma capacitação permanente que debata as questões relativas ao racismo na institucionalidade”, justificaram as autoras.