sexta-feira, 16 de agosto de 2019

OITO SUSPEITOS DE DEPREDAÇÕES A TERREIROS SÃO PRESOS NO RIO DE JANEIRO; PASTOR É SUSPEITO DE INCITAÇÃO AO CRIME

Fonte e fotos: G1 Edição: Adilson Gonçalves
A Polícia Civil investiga um pastor de igreja evangélica apontado como o mandante de ataques a centros religiosos de matriz africana na Baixada Fluminense. Uma operação prendeu oito pessoas suspeitas de participar do "Bonde de Jesus", responsável pelo vandalismo.
Em uma operação nesta quarta-feira (14), cinco traficantes da comunidade Parque Paulista foram presos. Outros três foram presos na terça-feira (13). Segundo o delegado, o grupo que praticou os ataques aos terreiros tem outros foragidos.
"A gente identificou 21 traficantes, e conseguimos prender oito. Um deles identificou o pastor que era o porta-voz do traficante, que determinava a invasão de centros de cultura afrodescendente", afirmou o delegado Túlio Pelosi, titular da 62ª DP (Imbariê). "Não será admitido nenhum tipo de intolerância religiosa", garantiu Pelosi.
O chefe do Terceiro Comando Puro no Parque Paulista, além de favelas como Cidade Alta, em Parada de Lucas, e Vigário Geral, é Álvaro Malaquias Santa Rosa.
Conhecido como "Peixão", ele agia com extrema violência nos ataques aos terreiros. Segundo o delegado, "Peixão" também é pastor de uma igreja evangélica.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

CINCO JOVENS NEGROS, TRABALHADORES, SEM ENVOLVIMENTO COM CRIMES, FORAM MORTOS EM 80 HORAS NO RJ

Texto: Rodrigo Melo/ Correio Braziliense
 Edição: Adilson Gonçalves
Os sonhos de mais um jovem em brilhar nos campos de futebol do Brasil e do mundo foram abatidos pela força da bala de um fuzil, no que integrantes das forças de segurança do estado de Rio de Janeiro chamam de ‘efeito colateral’ da guerra contra o tráfico de drogas.
Dyogo Costa Xavier de Brito, de apenas 16 anos, foi morto durante uma operação da Polícia Militar que acabou em confronto entre a militares e traficantes, anteontem, na comunidade da Grota, em Niterói.
O corpo do garoto foi enterrado ontem, sob protesto pacífico nas proximidades do Cemitério São Francisco Xavier – no dia da morte, um ônibus foi incendiado. Familiares acusam um policial de ter atirado no adolescente e de apontá-lo como um dos criminosos.
As mortes de pessoas que não estão ligadas ao crime somam números que crescem de forma acelerada no Rio de Janeiro. No último fim de semana, em cerca de 80 horas entre sexta e segunda-feira, outros quatro jovens foram mortos em ações no estado. A Polícia Militar chegou a afirmar que alguns deles eram suspeitos, o que foi negado veementemente pelas famílias das vítimas.
Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, foi atingido no peito por uma bala às 7h de sexta-feira, enquanto aguardava em um ponto de ônibus na Tijuca, Zona Norte do Rio. Já na noite de sexta, em uma festa no Encantado, na mesma região da cidade, o soldado e paraquedista do exército Lucas Monteiro dos Santos Costa, de 21, foi morto enquanto bandidos invadiram o local atirando. Um amigo de Lucas, Tiago Freitas, 21, foi baleado na cabeça. Na segunda-feira, Henrico de Jesus Viegas de Menezes Júnior, de 19 anos, também foi atingido na cabeça durante um tiroteio na Comunidade Terra Nova. Ele ia recolher uma moto deixada para conserto numa oficina.
Pelas costas
Assim como tantos garotos que enfrentam a luta diária no futebol de base e buscam a tão sonhada profissionalização como jogador, Dyogo foi morto enquanto perseguia seu objetivo, no caminho de casa para o Centro de Treinamentos do América do Rio de Janeiro. A tragédia ainda envolveu o avô do menino, o motorista de ônibus Cristóvão Xavier de Brito, que passava próximo ao local do confronto e resgatou o neto agonizando. O jovem foi encaminhado à Policlínica do Largo da Batalha, onde morreu. Parentes disseram que o tiro que matou o rapaz entrou pelas costas e saiu na região da cintura. Eles pedem que o caso seja investigado e que os envolvidos sejam punidos pelo comando da Polícia Militar e pelo governo estadual.
No Instituto Médico Legal (IML) de Niterói, ainda com a camisa marcada pelo sangue do neto, o avô de Dyogo lembrou do trauma e comentou como foi o encontro com o policial na hora em que o garoto foi baleado. “Quando eu cheguei perto do corpo o policial falou ‘Para, para para’, e eu respondi ‘Para o quê, rapaz? Eu tinha reconhecido meu neto. Ele estava com a barriga para baixo. Eu falei ‘você matou meu neto. Ele ia para o Rio treinar’. Ele falou ‘seu neto é traficante’. O que ele tinha dentro da mochila era uma chuteira, R$ 85, que eu dei a ele para treinar e uma sandália de dedo”, comentou Cristóvão Brito. “Uma criança que eu peguei no colo quando nasceu e fui eu quem pegou no colo quando morreu, no chão, baleado”, disse à reportagem da Rede Globo.
Depois do enterro, centenas de pessoas acompanharam os familiares de Dyogo em um protesto pelas ruas do Bairro São Francisco, onde está localizado o cemitério. Muitas delas estavam com as camisas manchadas de tinta vermelha. Pacificamente, os manifestantes gritavam pedindo justiça e falando o nome do jovem, entre aplausos. “Que cada pessoa que está aqui não perca ninguém desse jeito. Quando alguém estiver assim, bem triste, pega suas mãos e põe lá no coração dele. Sejam do bem, não sejam do mau”, pediu a pequena Sofia, de 7 anos, irmã do adolescente.
A Polícia Militar disse que vai investigar as circunstâncias da morte de Dyogo e que só soube que o garoto havia sido baleado depois da operação. A corporação também investigará porque o policial militar teria afirmado ao avô do menino que ele era traficante. Já a Polícia Civil informou que foi instaurado um inquérito para apurar o caso e adiantou, em nota, que “familiares foram ouvidos e policiais militares também foram chamados para prestarem depoimento. Diligências estão sendo realizadas e as investigações estão em andamento”.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

LEI DE CARLOS MINC TORNA MAIS RIGOROSA A PENALIZAÇÃO ÀS PRÁTICAS DE RACISMO E DISCRIMINAÇÃO NO ESTADO DO RJ

Texto e ediçao: Adilson Gonçalves(BON)
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quinta-feira (08/08), em segunda discussão, o projeto de lei 1.159/15, do deputado Carlos Minc (PSB), que aumenta as penalizações a pessoas físicas, estabelecimentos comerciais, industriais e outras instituições que discriminarem qualquer cidadão por conta da sua raça, cor e/ou etnia, religião ou procedência nacional. A proposta altera a Lei 6.483/13, que já determina sanções às práticas de discriminações. O texto seguirá para o governador Wilson Witzel, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar.

O novo texto considera ato discriminatório as situações estabelecidas pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei Federal 12.288/10). De acordo com a proposta, quem cometer ato de racismo poderá ser advertido, perder benefícios como acesso a créditos estaduais, além de ter que pagar multas cujos valores podem ir de mil a dez mil UFIR-RJ (de R$ 3,4 mil a R$ 34 mil, aproximadamente). As multas serão duplicadas em caso de reincidência. A antiga legislação determinava multa de, no máximo, três mil UFIR-RJ, equivalente a R$ 10 mil.
Quando a infração for cometida por agente público, servidor público ou militar, no exercício de suas funções, também podem ser aplicadas as penalidades disciplinares que já existem em legislação pertinente. O valor da multa será fixado tendo-se em conta as condições pessoais e econômicas do infrator. A multa poderá ser elevada até o triplo, quando se verificar que, em virtude da situação econômica do infrator, sua fixação em quantia inferior seria ineficaz.
A legislação em vigor já prevê outras sanções, como a suspensão do funcionamento do estabelecimento ou instituição que discriminar ou permitir o ato de racismo por trinta dias. Além desta punição, o novo texto também prevê, inclusive, a interdição dos estabelecimentos em caso da reincidência de atos de racismo.
Em qualquer das hipóteses de iniciativa do processo administrativo, para a aplicação das penalidades administrativas, deverá ser garantido o direito ao contraditório e a ampla defesa. A norma não valerá para as instituições religiosas, templos religiosos, locais de culto e outras instituições religiosas. "Esse projeto foi uma demanda dos movimentos sociais levada à Comissão de Combate às Discriminações da Alerj. Eu tenho consciência de que o racismo não acaba por lei, que deva ser uma mudança de cultura, por isso é necessário fazer o cumpra-se e fiscalizar a aplicação desta norma, além de realizar a conscientização nos estabelecimentos comerciais. O objetivo não é arrecadarr dinheiro de multa, mas mudar o comportamento discriminatório", afirmou Minc.