sexta-feira, 9 de agosto de 2019

MARIELLE FRANCO É HOMENAGEADA, POST MORTEM, COM O PRÊMIO DANDARA NA ALERJ


Texto: Alerj/ Fotos: Julia Passos e redes sociais/Edição: Adilson Gonçalves 


"Brasil, o teu nome é Dandara, tua cara é de Cariri (...) Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês”. O samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira ecoou nesta quarta-feira (07/08) no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para homenagear a memória da vereadora Marielle Franco com o prêmio Dandara, destinado a pessoas que contribuíram para a valorização da mulher negra, latino-americana e caribenha. A condecoração foi uma iniciativa conjunta das deputadas do Psol Renata Souza , Mônica Francisco e Dani Monteiro.

A cerimônia contou com a presença de centenas de pessoas entre familiares e amigos da vereadora, políticos e artistas. A mesa foi composta por Marinete da Silva, Antônio Francisco da Silva e Anielle Franco da Silva; mãe, pai e irmã de Marielle; além das deputadas autoras da homenagem post mortem, da jornalista Flávia Oliveira, e de Lúcia Xavier, coordenadora da Ong Criola. Marinete lembrou das semelhanças entre Marielle e Dandara. “ Esse prêmio é importante por unir Dandara à Marielle que entram para História com um legado importante de resistência pelas camadas menos favorecidas”, afirmou.
Antônio Francisco da Silva disse que o prêmio reconhece o trabalho de Marielle, mas destacou que é importante elucidar as circunstâncias da morte da vereadora, assassinada há um ano e meio numa emboscada que também matou o motorista Anderson Gomes. “Essas homenagens nos ajudam a manter viva a pergunta: Quem mandou matar Marielle?”, indagou.
A deputada Renata Souza afirmou que o assassinato de Marielle Franco foi um
feminicídio político. “Uma mulher negra, LGBT, em ascensão na política que construía uma base social que poderia levá-la a ser deputada estadual, federal e, quiçá, presidente da república. Essa trajetória foi interrompida por uma lógica muito perversa de não se querer ver mulheres nesses lugares da política. Então, esse evento na Alerj também cobra por celeridade nas investigações”, destacou.
A deputada Dani Monteiro afirmou que oferecer o prêmio Dandara à Marielle é um marco importante para o fortalecimento do Estado Democrático. “Dar o prêmio à Marielle é relembrar o quanto as mulheres negras são vitais para a democracia. Não há como seguir sem saber quem mandou matar Marielle, um crime que rasgou nossa democracia por matar uma mulher negra legitimamente eleita para enfrentar os privilégios e lutar pelas minorias”, declarou a parlamentar.
Lúcia Xavier
Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola, observou que o legado de Marielle é fundamental para ampliar o acesso aos direitos humanos fundamentais. “Esse patamar de civilidade calcado em direitos humanos precisa ser recuperado como um bem para todo mundo. O legado deixa marcado que não devemos nos separar desses direitos e também fica a marca de que, como ela, outras mulheres vêm rompendo as barreiras do racismo, do sexismo, da LGBTfobia”, analisou.
Os deputados Flávio Serafini (PSOL) e Waldeck Carneiro (PT) também estiveram presentes e reafirmaram compromisso em manter viva a memória de Marielle. O evento ainda contou com apresentações do espetáculo "Encruzilhada Feminina" ,que aborda o racismo enfrentado por mulheres negras no cotidiano e a poesia ritmada do "Slam das Minas".
O prêmio Dandara foi instituído pela Alerj em 2015 e já homenageou a atriz Ruth de Souza, a ialorixá Mãe Meninazinha e a mãe de santo Luizinha de Nanã. Dandara foi uma das grandes lideranças femininas negras que lutou, juntamente com Zumbi dos Palmares, contra o sistema escravocrata do século XVII.
Não há registro do local do seu nascimento, nem da sua ascendência africana. Relatos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se ainda menina no Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas. É a primeira e única mulher de Zumbi; reconhecida princesa de Palmares e mãe dos três filhos do líder. Guerreira, Dandara auxiliou Zumbi nas estratégias de ataque e defesa de Palmares.

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#Carlos Minc 
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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

VEREADOR ÁTILA NUNES AGE NAS ÁREAS POLICIAL E JUDICIÁRIA CONTRA RELANÇAMENTO DE LIVRO DE LÍDER DA IGREJA UNIVERSAL


Texto e edição: Adilson Gonçalves
         O vereador Atila Alexandre Nunes (MDB/RJ) foi nesta quarta-feira, dia 7 de agosto à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) os especializada no combate aos crimes de racismo e homofobiapreconceito e intolerância, sobretudo religiosa contra as religiões de matriz africana. Ele foi tratar com o titular daquela especializada de dois assuntos: o relançamento do livro Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou demônios?, de autoria do “bispo” Edir Macedo. O outro assunto foi o ataque, notadamente na Baixada Fluminense, a  terreiros de religiões de matrizes africana. Paralelamente às ações na área policial, o vereador entrou com uma representação no Ministério Público Federal para
Átila:"livro é induz ao ódio religioso"
proibir o relançamento do livro. Segundo o parlamentar, “permitir a circulação de um livro como este é um grande erro e uma incitação ao ódio religioso”.

O livro

Lançado em 1997 pelo líder da Igreja Universal do Reino de Deus, a obra diz denunciar “manobras satânicas” que ocorrem em religiões como Espiritismo, Umbanda, Candomblé e outras denominações espiritualistas. Em 2005, a circulação do livro chegou a ser proibida pela Justiça, mas a decisão acabou sendo revogada um ano depois. Atila Alexandre Nunes, por sua vez, é ligado à Umbanda.



terça-feira, 6 de agosto de 2019

ALERJ PROMOVE CICLO DE DEBATES CONTRA RACISMO, MACHISMO E LGBTFOBIA


           Texto: Suellen Lessae,  fotos: Ascom Alerj; edição: Adilson Gonçalves
          Discutir o papel das instituições na preservação dos direitos das populações historicamente excluídas foi o tema da abertura do Ciclo de Palestras - Violações e Preconceitos na Sociedade que aconteceu nesta segunda-feira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro(Alerj). Os debates fazem parte de uma parceria entre a Escola do Legislativo (Elerj) e a Subdiretoria-Geral de Segurança da Alerj e acontecerão durante duas semanas.
         
Marcelo Dias, do MNU
É a primeira vez na história da Assembleia Legislativa que há um ciclo de debates para discutir o combate à violência contra pautas minoritárias e identitárias, como o racismo, LGBTfobia, machismo e feminicídio. O coordenador do Ciclo de Palestra e também Dirigente Nacional do movimento Negro Unificado (MNU), Marcelo Dias, ressaltou que os debates serão direcionados para servidores efetivos, comissionados e requisitados da Alerj, servidores municipais e público em geral. "É um fato histórico que está acontecendo na Alerj e tenho certeza de que esse ciclo de palestras servirá de exemplo para outras casas legislativas do Brasil", comentou.
          Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputada Renata Souza (Psol), é fundamental que a sociedade entenda que as instituições públicas são locais de reprodução e perpetuação de preconceitos e violências. "O racismo, o machismo e a LGBTfobia estão dentro das instituições, porque elas foram pautadas e criadas com a desigualdade social. Por isso, precisamos debater e gerar uma sociedade que possa reproduzir a tolerância", comentou a deputada. A desvalorização desses debates são refletidas em dados oficiais de pesquisas sobre esses temas. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, realizado pelo
Benedita da Silva e Renata Sousa
 compuseram a mesa
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de mulheres negras assassinadas aumentou em 15,4% nos últimos dez anos.
          "O racismo mata. O machismo mata. A LGBTfobia mata. Temos um aumento no assassinato da população transexual , e em cada dez pessoas assassinadas no país, sete são jovens negros moradores de periferia. Ou seja, o racismo, o machismo e a LGBTfobia produzem vítimas de ações violentas no país", acrescentou a parlamentar.


"RACISMO, MACHISMO E LGBTFOBIA MATAM"

          Também componente da mesa, a deputada estadual do Psol, Mônica Francisco, relatou a experiência preconceituosa sofrida dentro da própria Casa
Mônica Francisco
:
"
Em abril deste ano, dois meses após minha posse como deputada, fui barrada por um segurança da Alerj, vítima do racismo institucional que ainda enxerga os corpos negros como elementos que causam medo, repulsa. Esse episódio culminou neste ciclo de debates na Alerj sobre preconceitos. O racismo tem várias faces, o institucional, por exemplo, é aquele que é até inconsciente, mas que está presente e nos machuca. Nós, negros, queremos viver numa sociedade em que possamos fazer compras em segurança, não sendo perseguidos por seguranças. Vamos juntos por uma sociedade sem estigmas, violências e violações!, afirmou a parlamentar.
           O combate às diversas formas de preconceitos precisa estar alinhado entre os setores das instituições públicas, sendo o estado um mediador fundamental nesses debates. Para a deputada federal Benedita da Silva (PT), o estado precisa oferecer ferramentas aos servidores para que eles possam estar sempre se atualizando. " A sociedade brasileira é plural e estamos falando de pessoas que se manifestam diante de perdas de direitos e estão em busca de segurança no estado de direito em que vivemos", disse a deputada federal.

   COMBATE AO RACISMO      
Zaqueu Teixeira



A cerimonia de abertura do Ciclo de Palestras contou com a presença dos seguranças da Alerj, que participaram com o intuito de atualizar e aprimorar as medidas de seguranças na Casa. Para o Subdiretor-Geral de Segurança da Alerj, Zaqueu Teixeira, a presença dos seguranças nesse debate é importantemente para compreender os conflitos sociais e a história do país. "É importante entender os preconceitos que são cometidos de forma institucional, sendo o segurança o profissional que sempre está fazendo o papel de verificar o acesso em um lugar em que se tem a função de proteger a casa do povo", ressaltou o subdiretor.
          A iniciativa da Alerj em oferecer o Ciclo de Palestra é uma ação bem avaliada entre os agentes de segurança da Casa. De acordo com Fábio Passo, agente de segurança da Casa há 20 anos, as palestras vão qualificar mais ainda o corpo de servidores da segurança. "Entender que existe um grau de dificuldade entre agentes patrimoniais da Alerj e a população que vê na Casa um local de manifestação de seus direitos. Essa relação, entre seguranças e população, é muito tênue. O ciclo de Palestras é fundamental e espero que existam outros debates com temas de igual importância", comentou o agente de segurança.
                                                 PROGRAMAÇÃO



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06 de agosto – terça-feira

TURNA – 01: 9h30 às 11h30

Tema: Machismo

Palestrantes:

• Margareth Ferreira da Silva - Advogada, Coordenadora do Coletivo Rede das Pretas, Coordenadora Estadual do MNU e membra do GT Jurídico Nacional do MNU.

• Adriana de Morais - Advogada, Mestranda PPGSD UFF, vice-presidente da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra OAB Campinas, membra da Comissão da Igualdade Racial OAB Campinas.

07 de agosto – quarta-feira

TURNA – 02: 9h30 às 11h30

Tema: Machismo

Palestrantes:

• Adriana Martins – Feminista antirracista e ativista da Articulação de Mulheres Brasileira.

• Dra. Carolina Pires - Advogada, Mestre em Sociologia e Direito – UFF, Doutoranda em Sociologia e Direito – UFF, Especialista em questão de gênero e raça e conferencista na área de Direitos Humanos.
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09 de agosto – sexta-feira

TURMA – 01 – 9H30 às 11h30

Tema: Racismo Institucional

Palestrantes:

• Júlio César Condaque – Mestre em Educação e História, Pós-Graduado Latu Sensu em História da África e Dirigente do Quilombo Raça e Classe.

• Renato Ferreira - Professor, Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ), Doutorando em Sociologia e Direito (UFF), Conferencista e Pesquisador na área de Direitos Humanos e Relações Raciais.

14 de agosto – quarta-feira

TURMA – 02 – 9h30 às 11h30

Tema: Racismo Institucional

Palestrantes:

• Ruy dos Santos Siqueira - Secretário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, Advogado especialista em Direito Legislativo e membro da FEJUNN/RJ.

• Darci da Penha – Professora da Rede Estadual do RJ, Graduanda em Ciências Sociais da UFRRJ e Coordenadora dos Povos Tradicionais e dos Agentes Pastorais Negros.
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13 de agosto – terça-feira

TURMA – 01 – 9h30 às 11h30

Tema: LGBTfobia

Palestrantes:

•• Maria de Fátima Lima – Fatinha do Morro da Providência, nordestina, lésbica, ativista do movimento LGBTI e assessora parlamentar da Deputada Dani Monteiro.

• DJ Nanda Machado – Coletivo LGBT UNEGRO, militante da Cultura e Juventude LGBT, representação Conselho Estadual LGBT.



16 de agosto – sexta-feira

TURMA – 02 – 9h30 às 11h30

Tema: LGBTfobia

Palestrantes:

• Carlos Alves – Gay negro, Coordenador Municipal LGBT da Prefeitura de Maricá, Coordenador da Central Nacional LGBT e Vice-coordenador da Articulação Brasileira de Gays.

• Deusimar Correa – Coordenadora de Entidades Negras – CEN/RJ, Mulher Negra Antifascista, Antirracista, Graduada em História, Feministra e Candomblecista.
LOCAL: Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro. Rua da Alfândega, nº 8 – 7º andar – Auditório.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

PROTOCOLADO NA ALERJ CRIAÇÃO DO DIPLOMA RUTH DE SOUZA, DESTINADO À DEFESA E VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO BRASILEIRA

Texto e edição: Adilson Gonçalves
fotos: Redes sociais
Foi protocolado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ( Alerj) a criação do diploma Ruth de Souza. A iniciativa é da deputada Estadual Mônica Francisco Psol A homengem "será destinado às pessoas físicas e jurídicas que reconhecidamente tenham prestado meritória e destacada atuação na defesa e valorização da cultura afro-brasileira", conforme texto do projeto de resolução nº 194/2019, apresentada pela parlamentar à mesa diretora da Alerj, na semana passada.
E a parlamentar explica o motivo da homenegem e criação do diploma: "A biografia da própria Ruth de Souza, mulher negra, nascida na zona norte do Rio. Uma figura que rompeu muitas barreiras, do machismo, do racismo, ousou sonhar, mesmo quando as pessoas não acreditavam que uma menina negra tivesse sonhos - frase sua.

        Hoje é impossível falar sobre arte e dramaturgia sem falar de Ruth que foi, inclusive, a primeira atriz brasileira a ser indicada a um prêmio internacional de cinema, em 1954, no Festival de Veneza.
        A atriz nos deixou órfãos do seu talento e pioneirismo, mas trabalharemos, sempre que possível, para manter seu legado vivo, assim como de todas as outras figuras que existiram e resistiram antes de nós!





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