Texto: Alerj/ Fotos: Julia Passos e redes sociais/Edição: Adilson
Gonçalves
"Brasil, o teu nome é Dandara, tua cara é de
Cariri (...) Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e
Malês”. O samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira ecoou nesta
quarta-feira (07/08) no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro (Alerj) para homenagear a memória da vereadora Marielle Franco com o
prêmio Dandara, destinado a pessoas que contribuíram para a valorização da
mulher negra, latino-americana e caribenha. A condecoração foi uma iniciativa
conjunta das deputadas do Psol Renata Souza , Mônica Francisco e Dani Monteiro.
A cerimônia contou com a presença de centenas de
pessoas entre familiares e amigos da vereadora, políticos e artistas. A mesa
foi composta por Marinete da Silva, Antônio Francisco da Silva e Anielle Franco
da Silva; mãe, pai e irmã de Marielle; além das deputadas autoras da homenagem
post mortem, da jornalista Flávia Oliveira, e de Lúcia Xavier, coordenadora da
Ong Criola. Marinete lembrou das semelhanças entre Marielle e Dandara. “ Esse
prêmio é importante por unir Dandara à Marielle que entram para História com um
legado importante de resistência pelas camadas menos favorecidas”, afirmou.
Antônio Francisco da Silva disse que o prêmio reconhece
o trabalho de Marielle, mas destacou que é importante elucidar as
circunstâncias da morte da vereadora, assassinada há um ano e meio numa
emboscada que também matou o motorista Anderson Gomes. “Essas homenagens nos
ajudam a manter viva a pergunta: Quem mandou matar Marielle?”, indagou.
A deputada Renata Souza afirmou que o assassinato de
Marielle Franco foi um
feminicídio político. “Uma mulher negra, LGBT, em
ascensão na política que construía uma base social que poderia levá-la a ser
deputada estadual, federal e, quiçá, presidente da república. Essa trajetória
foi interrompida por uma lógica muito perversa de não se querer ver mulheres
nesses lugares da política. Então, esse evento na Alerj também cobra por
celeridade nas investigações”, destacou.
A deputada Dani Monteiro afirmou que oferecer o prêmio
Dandara à Marielle é um marco importante para o fortalecimento do Estado
Democrático. “Dar o prêmio à Marielle é relembrar o quanto as mulheres negras
são vitais para a democracia. Não há como seguir sem saber quem mandou matar
Marielle, um crime que rasgou nossa democracia por matar uma mulher negra
legitimamente eleita para enfrentar os privilégios e lutar pelas minorias”,
declarou a parlamentar.
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Lúcia Xavier |
Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola, observou que
o legado de Marielle é fundamental para ampliar o acesso aos direitos humanos
fundamentais. “Esse patamar de civilidade calcado em direitos humanos precisa
ser recuperado como um bem para todo mundo. O legado deixa marcado que não
devemos nos separar desses direitos e também fica a marca de que, como ela,
outras mulheres vêm rompendo as barreiras do racismo, do sexismo, da
LGBTfobia”, analisou.
Os deputados Flávio Serafini (PSOL) e Waldeck Carneiro
(PT) também estiveram presentes e reafirmaram compromisso em manter viva a
memória de Marielle. O evento ainda contou com apresentações do espetáculo
"Encruzilhada Feminina" ,que aborda o racismo enfrentado por mulheres
negras no cotidiano e a poesia ritmada do "Slam das Minas".
O prêmio Dandara foi instituído pela Alerj em 2015 e já
homenageou a atriz Ruth de Souza, a ialorixá Mãe Meninazinha e a mãe de santo
Luizinha de Nanã. Dandara foi uma das grandes lideranças femininas negras que
lutou, juntamente com Zumbi dos Palmares, contra o sistema escravocrata do
século XVII.
Não há registro do local do seu nascimento, nem da sua ascendência
africana. Relatos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se ainda
menina no Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas. É a primeira
e única mulher de Zumbi; reconhecida princesa de Palmares e mãe dos três filhos
do líder. Guerreira, Dandara auxiliou Zumbi nas estratégias de ataque e defesa
de Palmares.
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