quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

ALERJ RECEBE DELEGAÇÃO DO CONSELHO PAN-AFRICANO PROMOÇÃO DE INTERCÂMBIO CULTURAL ENTRE PAÍSES DE MATRIZES AFRICANAS

Fonte: Ascom Alerj Edição: Adilson Gonçalves
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu nesta quarta-feira (04/12), os embaixadores do Conselho Pan-Africano (Pan-African Council) no Brasil, organização internacional vinculada a União Africana. Para celebrar o lançamento do primeiro escritório no país, na cidade do Rio de Janeiro, membros de países, como Caribe, Colômbia e Cabo Verde, foram recebidos pelo presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), na sala da presidência.

Na ocasião, foram apresentados objetivos para promover o intercâmbio cultural entre os países junto aos povos de matrizes africanas.
Nas Américas o Conselho já possui escritórios na Colômbia, Caribe e Estados Unidos. De acordo com o presidente global do organismo, Fabien Anthony, o Brasil foi escolhido por ser estratégico e por conter o maior contingente de afrodescendentes fora de África do mundo. “O Brasil se orgulha de uma comunidade negra cada vez mais visível e emergente, e que está remodelando sua própria percepção e está se auto-reconhecendo positivamente na sua africanidade e ancestralidade”.
Ainda segundo Anthony, é muito importante trazer o grupo de vários países para que os brasileiros vejam o compromisso que o Conselho Pan-Africano tem com o Brasil e com a população afro-brasileira. “Estamos muito satisfeitos com o trabalho que estamos realizando aqui e estamos tendo muito sucesso com essa visita. Estamos muito motivados para começarmos a trabalhar juntos com nossas equipes e a legislatura no Brasil”, completou.
Além de André Ceciliano, os deputados Carlos Minc (PSB), Tia Ju (PRB) e Enfermeira Rejane (PCdoB) também participaram da reunião.

CAMPANHA BRANQUITUDE EM MOVIMENTO VISA CONTRIBUIR PARA A DIMINUIÇÃO DA DESIGUALDADE RACIAL NA MÍDIA CEARENSE

Fonte: Diário do Nordeste/Edição: Adilson Gonçalves
A história de Maria Alice é a mesma da maioria da população brasileira. Muito recente, um vídeo causou comoção nas redes sociais. As imagens mostram a menina, de apenas dois anos, assistindo ao Jornal Hoje e se reconhecendo na aparência da jornalista Maju Coutinho. A pequena piauiense aponta para a TV e fala feliz: "Esse aqui é meu cabelo".
Na última terça-feira (3) Maju teve a oportunidade de conhecer Alice durante o programa Encontro com Fátima Bernardes. Na ocasião, a âncora revelou o quanto sua infância foi marcada pela carência de representatividade na televisão. A falta de artistas e comunicadores negros a fez pensar em "alisar" o cabelo.
O caso coincide com a concretização em Fortaleza da campanha "Branquitude em Movimento". A ação esgarça o debate do racismo no mercado de Comunicação e propõe posicionamentos mais firmes dos profissionais da informação na busca por um discurso antirracista.
Ciente do quanto o racismo "é um problema dos brancos", como aponta o material de divulgação, a publicitária e doutora em Linguística Tânia Dourado lança provocação nunca antes proposta aos trabalhadores da área. A premissa é de que agências, veículos, empresas de comunicação, escolas de formação e capacitação em jornalismo, marketing, publicidade e propaganda se comprometam publicamente com a criação de discursos voltados contra o preconceito racial.
O convite é direcionado tanto às empresas responsáveis pelas peças comunicativas quanto aos clientes que contratam estes serviços. Para uma empresa poder usar o selo com o slogan "Somos Antirracistas" serão necessárias mudanças pontuais nos modos de produção e estabelecimento dos produtos midiáticos.
Assim, é preciso desconstruir toda uma lógica opressora. Propor mudanças do discurso discriminatório em prol de uma prática emancipatória. A campanha batalha uma comunicação reparadora, na qual o sujeito negro tenha exatamente o mesmo espaço que o sujeito branco e que este participe em igualdade de condições.
"O racismo é um problema de branco porque foi o branco que o criou. Somos herdeiros de um discurso colonial que contamina as práticas sociais de maneira a naturalizar a exclusão do sujeito negro privilegiando sempre o sujeito branco. E somos nós, profissionais de comunicação brancos, os responsáveis pela propagação e legitimação do racismo", descreve a linguista.
Percepções

A população negra representa cerca de 53,6% dos brasileiros, como aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O total, entretanto, passa longe de ser refletido no território da informação. O feliz exemplo da jornalista Maju Coutinho ainda é uma exceção na comunicação social majoritariamente composta por protagonistas brancos.
Em abril de 2013, o Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em convênio com a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), divulgou a pesquisa "Quem é o jornalista brasileiro?". A enquete foi aplicada com 2.731 jornalistas de todos os Estados e indicou que de 145 mil jornalistas, 23% são negros. 72% são brancos.
Realizado pela agência Heads, em parceria com a ONU Mulheres, a sétima edição do estudo "TODXS - Uma análise da representatividade na publicidade brasileira" mostrou, em dezembro de 2018 o quanto o mercado nacional ainda precisa quebrar estereótipos. Propagandas exibidas na TV e publicações de marcas nas redes sociais continuam a não representar a diversidade de raças e gêneros.
Foram monitorados 2.149 comerciais veiculados nos canais de televisão de maior audiência do País durante uma semana. O melhor resultado foi entre as protagonistas negras, que chegou a 25% de participação nas peças publicitárias. Já quando a pesquisa abarca protagonistas homens e negros, os dados ainda são muito baixos. Apenas 13%. Mesma análise realizada seis meses antes trouxe índice de 1%.
Lugar de fala
Profissional multidisciplinar, Tânia trabalha com inclusão desde 1998 e atuou como professora universitária na Comunicação durante 20 anos. Formou mais de 3 mil publicitários, bem como redatores e roteiristas. Além do ambiente acadêmico conhece o mercado por conta da trajetória como empresária, diretora de criação, redatora, roteirista, entre outras funções exercidas.
Atuando na perspectiva de uma escola linguística crítica, que procura enxergar os discursos e o papel social deles, a pesquisadora delimitou durante a tese de doutorado o território discursivo da moda. Já na curadoria para o desenvolvimento do estudo, surgiram inquietações explícitas.
"Durante os quatro anos de dedicação exclusiva a esse estudo, eu me deparei com 48 capas de conteúdos de Vogue nas quais nós só tivemos uma única capa com uma mulher negra brasileira. Para mim foi devastador", descreve.
Tânia lembra que o "Branquitude em Movimento" fala diretamente para os profissionais brancos. A organizadora situa seu lugar de fala, enquanto mulher branca e profissional de comunicação responsável pelos discursos propagados na mídia. É preciso o comprometimento da população branca, em especial, dos profissionais de comunicação.
"Nós construímos um imaginário coletivo, nós criamos os padrões de beleza, somos nós que elegemos as imagens que vão aparecer nas embalagens do produtos. Somos nós que elegemos o 'bebê Johnson' ao longo dos anos. Bebê branco e de olho azul. Era um padrão a ser alcançado. Somos nós que consideramos e demos o título de 'rainha dos baixinhos' a uma mulher branca", argumenta a publicitária cearense.
"Branquitude em Movimento" pontua, assim, a necessidade de representatividade. A invisibilidade contribui para constatações gritantes, acredita Tânia. "Você não se sente bom o suficiente. Você não sente que pode chegar até lá. Não é por acaso que a população negra é a maioria carcerária. Não é por acaso que a população negra ocupa cargos como o de babá, porteiro, empregada doméstica. O racismo é devastador. Potencializa a questão da desigualdade social. Precisamos combater o racismo. Ele é prioridade. Não tem como combater a desigualdade social sem atacar o racismo", diz.
A missão da campanha "Branquitude em Movimento" é por igualdade de participação da pessoa negra na comunicação. Despir a área de estereótipos negativos e que reforça o padrão hierárquico de que o branco é a pessoa no topo da pirâmide. Além de vender uma marca, posicionar produtos, potencializar e alavancar vendas, o mercado carece de iniciativas dessa natureza.
A organizadora da campanha resgata o quanto o papel ético da mídia pode salvar vidas. Educação e justiça social são prioridades. Tânia relembra as campanhas em prol da erradicação da poliomelite. A peça publicitária do Zé Gotinha, ainda hoje utilizado e totalmente querido pelas crianças, vêm desde 1988 atuando na memória da população.
A primeira fase de "Branquitude em Movimento" vai atuar no chamado público de empresas e profissionais. Um selo lidera a iniciativa e identificará espaços que busquem a igualdade social. Num segundo momento a ideia é a organização de palestras em jornais, universidades e agências de publicidade. O discurso midiático propaga e constrói o imaginário coletivo. "Qual o imaginário e padrão de beleza que construímos? Cabe a nós, agora, essa desconstrução. É isso que proponho para a sociedade branca e para quem atua na comunicação", finaliza Tânia Dourado.

PRIMEIRA CADEIRANTE NEGRA A SE APRESENTAR NO MUNICIPAL FAZ OFICINA NO CCBB- SP DURANTE FESTIVAL ASSIM VIVEMOS

No sábado, 07/12, entre 17 e 19h, o público do “Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência” - terá a oportunidade de acompanhar a última oficina do evento. A enfermeira, atriz, dançarina e ativista das causas raciais e das pessoas com deficiência Mona Rikumbi faz uma performance /oficina gratuita no hall do Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo com o tema “Sant’Água”.
Diagnosticada com neuromielite óptica aos 30 anos e, na cadeira de rodas desde 2007, Mona afirma que doença não foi o bastante para interromper seu amor pela vida e pela arte. “Deficiência foi só mais um detalhe na minha vida. Eu nasci mulher, sou negra e mãe solteira. Uma série de coisas que nunca fizeram minha vida muito fácil.”, conta a bailarina. Dessa forma, além de atriz, enfermeira e dançarina, em 2017, Mona foi considerada a primeira cadeirante negra a se apresentar no palco do Theatro Municipal de São Paulo, junto com sua colega Leonice Jorge.
Os participantes da performance/oficina “Sant’Água” serão convidados por Mona a experimentar a vivência com o toque dos tambores em uma grande roda. Utilizando os valores da tradição Afro-bantu a água é reconhecida enquanto divindade traduzindo em si prosperidade e fecundidade , um convite irrecusável para a grande roda da transformação ao toque dos tambores. Mona Rikumbi também figura nas telas do CCBB com o documentário que retrata sua vida, "Mona – Trajetória de uma mulher negra cadeirante no Brasil", com direção Lucca Messer. No filme, ela relata as dificuldades de ser mãe solteira e a constante preocupação de criar um filho negro no Brasil. Atualmente, Mona vive com o filho de 24 anos no bairro Americanópolis, na periferia de São Paulo.
A performance / oficina  “Sant’Água”, da Mona Rikumbi faz parte da programação da nona edição do Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência "Assim Vivemos", que exibe 38 filmes de 20 países participantes, com debates e oficinas até segunda-feira, 09/12, também no CCBB SP. Todas as sessões e atividades são gratuitas. E a programação completa do festival pode ser conferida em www.assimvivemos.com.br
É o primeiro festival de cinema no Brasil a oferecer acessibilidade para pessoas com deficiência visual (audiodescrição em todas as sessões e catálogos em Braille) e para pessoas com deficiência auditiva (legendas inclusivas nos filmes e interpretação em LIBRAS nos debates). As sedes dos CCBBs são acessíveis para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Antes de São Paulo, o evento passou pelo Rio de Janeiro (23 de outubro e 4 de novembro) e Brasília (12 e 24 de novembro). 
Depois de assistirem 38 filmes em 12 dias na programação carioca (23 de outubro a 4 de novembro), os jurados da 9ª edição do Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência anunciam as produções premiadas com o troféu criado pela artista cega Virginia Vendramini. Já a obra escolhida pelo voto popular será conhecida ao fim da edição paulista do evento, após a soma dos votantes das três cidades nas quais o festival é realizado: Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. As produções premiadas foram: o longa suíço “A Jornada”, de Fanny Bräuning, o longa americano “Vidas Inteligentes”, de Dan Habib; o média-metragem israelense  “Rei Shimon”, de Ariel Mayrose; o média-metragem espanhol “Peixes de Água Doce (em Água Salgada)”, de Marc Serena & Biel Mauri e média-metragem indiano “Lágrimas Vermelhas”, de Tharindu Ramanayaka, escolhidas nas categorias ‘Relacionamento’, ‘Transformação’, ‘Experiência’, ‘Representatividade’ e ‘Retrato’, respectivamente. Dois longas-metragens receberam menção especial do júri, o  brasileiro “Meu nome é Daniel”, de Daniel Gonçalves, e o alemão “Menina de areia”, de Mark Michel. O júri técnico foi formado por pessoas com deficiência, artistas e profissionais ligados ao tema: Felipe Monteiro, Regina Cohen e Cristina Gomes.
OS FILMES PARTICIPANTES
(Com exceção do curta-metragem O Retorno de Sooi Dingemans [14 anos], todos os filmes têm classificação livre)

Alemanha
Menina de areia – Sandgirl (Alemanha, 2017, 1h 24min) Dir. Mark Michel. LIVRE

Uma jovem escritora que não anda nem fala nos convida a conhecer seu universo único. Um ensaio documental sobre liberdade e percepção.
Bélgica
O Retorno de Sooi Dingemans – The Return of Sooi Dingemans (Bélgica, 2018, 21 min.) Dir. Marc Bryssinck. 14 ANOS

O retrato de Sooi, um homem com síndrome de Down se mescla com uma recriação de cenas da Odisseia, de Homero. No curta-metragem, há identidades trocadas, disfarces, desorientação. Sooi é retratado como alguém que está nos primeiros estágios da demência. Ele esquece as coisas, vagueia pela casa dos idosos, comete erros de identidade e fica enredado em delírios.
Bielorrúsia
Quem é o Último? – Who is the Last One? (Bielorrússia, 2018, 60 min.) Dir. Siarhei Isakov. LIVRE

O filme retrata um projeto teatral no qual crianças com e sem autismo atuam juntas no palco, mostrando como os professores trabalham e como conseguem unir crianças com diferentes necessidades emocionais, físicas e mentais. No filme, conhecemos quatro personagens, Kostya, Misha, Vlada e Maxim. Na tela, vemos crianças estudando e ensaiando com dedicação no teatro.
Bósnia e Herzegovina
Ver a Verdade nos Olhos – To Watch the Truth in the Eyes (Bósnia e Herzegovina, 2018, 30 min.) Dir. Vesna Marich. LIVRE

As famílias Hajrich e Sunjich vivem situações bem diferentes. A família Sunjich tem recursos para proporcionar uma vida plena para sua filha Edna, que é uma adolescente feliz e realizada. Já os Hajrich estão às voltas com a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência no prédio onde moram, o que transforma até o direito de ir e vir da sua filha Senka em uma luta diária.
Brasil
Meu nome é Daniel – My name is Daniel (Brasil, 2018, 1h 23min.) Dir. Daniel Gonçalves. LIVRE


Daniel Gonçalves nasceu com uma deficiência que nenhum médico conseguiu diagnosticar. Neste documentário pessoal, o jovem cineasta narra a trajetória da sua vida para tentar entender sua condição. Por meio de imagens de arquivo da família e imagens gravadas recentemente, acompanhamos sua história e suas reflexões.
Mona – Mona (Brasil, 2018, 6 min.) Dir. Lucca Messer. LIVRE
Em 2017, Mona se torna a primeira mulher negra cadeirante a se apresentar no Theatro Municipal de São Paulo, Brasil. Quebrando barreiras no mundo da dança, Mona também representa a superação de preconceitos cotidianos contra pessoas negras na maior cidade da América do Sul. Como bailarina e atriz, ela é hoje um símbolo nacional de resistência.
Pagar 4 nunca mais – Pay 4 Nevermore (Brasil, 2018, 15 min.) Dir. Leide Jacob. LIVRE
Documentário sobre a discriminação sofrida pela poeta Leide Moreira, quando foi obrigada a pagar quatro ingressos por ir a shows musicais em uma maca.
WCMX-Faca na Cadeira – WCMX-Brazilian Team (Brasil, 2019, 10 min.) Dir. Loopcius. LIVRE
O curta-metragem aborda o esporte adaptado para cadeira de rodas WCMX. Através dos olhos de três usuários de cadeira de rodas que fazem parte do Instituto Faca na Cadeira, o filme mostra como o esporte contribui positivamente para a vida de seus integrantes. Dentro e fora do Instituto, descreve os obstáculos diários a serem superados na vida sobre rodas.
Posso – I can (Brasil, 2019, 59 min.) Dir. Adama Ouedraogo. LIVRE
Um homem surdo prova no dia a dia que é possível fazer tudo o que ele sonhou. O filme retrata a história de Waldenildo Alves, que, enfrentando adversidades, diz, entusiasmado: eu posso!
Canadá
Além do Espectro: Um ano de uma família confrontando o autismo – Beyond the Spectrum: A Family's Year Confronting Autism (Canadá, 2016, 1h 26min.) Dir. Steven Suderman. LIVRE

Quando o filho de dois anos, Oskar, é diagnosticado com autismo, essa atarefada família de sete pessoas decide parar tudo por um ano para se concentrar nas terapias do menino. Enquanto se esforçam para se conectar com ele, confrontam-se com uma questão crítica: aceitar Oskar significa aceitar seu autismo?
Eslováquia
No Mundo – Into the World (Eslováquia, 2017, 20 min.) Dir. Alzbeta Hrusovska. LIVRE

Esse documentário segue Majko e Gabika, que estão participando do projeto “Autistas Trabalhando”. Embora conseguir um emprego não seja fácil para ninguém, Majko e Gabika seguem lutando contra as vicissitudes do destino. No seu caso, o autismo se torna uma ferramenta de trabalho.
Espanha
Peixes de Água Doce (em Água Salgada) – Freshwater Fish (in Salt Water) (Espanha, 2018, 56 min.) Dir. Marc Serena & Biel Mauri. LIVRE

O autismo nos desperta muitas questões que a ciência não é capaz de responder. Nesse documentário, nós vamos conhecer as histórias de Mariona (23 anos) e Marc (10 anos) bem como vamos ouvir os maiores especialistas da Espanha. O objetivo é apresentar um retrato atualizado das pessoas com autismo e sua diversidade em função do espectro e da idade.
Estados Unidos
Vidas Inteligentes – Intelligent Lives (USA, 2018, 1h 12min.) Dir. Dan Habib. LIVRE

Três jovens com deficiência intelectual pioneiros – Micah, Naieer e Naomie – desafiam as percepções de inteligência quando vão do ensino médio para o ensino superior e para o mercado de trabalho. O ator premiado com um Oscar Chris Cooper narra o documentário, contextualiza as vidas desses personagens e compartilha sua perspectiva pessoal, revelando o sórdido histórico dos testes de inteligência nos EUA.
Seguindo em Frente – Walk on (USA, 2018, 10 min.) Dir. Ethan Downing and Vincent DeLuca. LIVRE
Quando Kendra nasceu com deficiência física severa, nenhum dos médicos do hospital tinha experiência com artrogripose. Eles deram certeza de que Kendra não andaria; isso se sobrevivesse. A mãe de Kendra criou um plano próprio de terapias incorporando todas as inovações em fisioterapia. Ninguém esperava que a menina teria tantas conquistas em tão pouco tempo, nem poderia imaginar que os cavalos teriam um papel tão importante no processo.
Charles Curtis Blackwell – Charles Curtis Blackwell (USA, 2017, 10 min.) Dir. Jeff M. Giordano. LIVRE
Um retrato do poeta/artista afro-americano da região de São Francisco Charles Curtis Blackwell.
Índia
Lágrimas Vermelhas – Red Tears (India, 2019, 20 min). Dir. Tharindu Ramanayaka. LIVRE

Subhash Dey é o único diretor-ator de teatro cego na Índia que também é cofundador do grupo Anyadesh Theatre, o único grupo de teatro na Índia para pessoas com deficiência visual. Ele não é apenas ator, mas também diretor, cantor e estudioso. Neste filme, através de sua narração e histórias de sua vida, vemos como ele usa o teatro para superar os contratempos de sua deficiência e conhecer sua visão, filosofia e processo.
Sonhos Vivos – Living Dreams (India, 2019, 30 min.) Dir. Ritwik Baiju Chandran. LIVRE
Jeevan, engenheiro de software de profissão, sofre de Osteogênese Imperfeita. O documentário narra a vida de Jeevan, que reside em Bengaluru, na Índia, e sua história de vida narrada por ele mesmo e por seus pais. O filme retrata uma família que lutou contra todas as dificuldades para criar um filho com essa condição para ser uma pessoa jovial e forte.
Irã
Dra. Manavi – Azar (Irã, 2019, 9 min.) Dir. Diba Ehteshami. LIVRE

O curta documentário acompanha um dia na atarefada e surpreendente vida da médica Azar Manavi, que tem deficiência física.
Israel
Rei Shimon – King Shimon (Israel, 2018, 59 min.) Dir. Ariel Mayrose. LIVRE

“Rei Shimon”, um jovem com síndrome de Down que vive na periferia de Israel e que tem grande conhecimento sobre a música Mizrahi (um estilo musical específico dos judeus de ascendência oriental). Shimon quer ser um DJ. Ele tem a oportunidade de realizar este sonho quando é aceito em uma escola de radialismo. O filme segue a batalha pessoal e social de Shimon na sua tentativa de comandar um programa na radio da escola.
Itália
Zulu Rema aprendeu a voar – Zulu Rema has learned to fly (Itália, 2019, 15 min). Dir. Gaia Vianello. LIVRE

O filme conta a história de Emmer – AKA B-boy Zulu Rema – um adolescente da Tunísia, que teve as duas pernas amputadas quando criança, e da sua paixão pela arte e pela dança, que permitiu a ele tornar-se campeão tunisiano de break dance um exemplo para os jovens de todo o mundo.
O Homem das Árvores – The Man of the Trees (Itália, 2018, 19 min.) Dir. Andrea Trivero. LIVRE
Daniel Balima é um horticultor de Tenkodogo, uma pequena cidade de Burkina Faso, na África Subsaariana, onde mora com sua grande família e trabalha desde que nasceu, há 67 anos. Daniel teve pólio na infância e, embora cresça sem poder usar as pernas, consegue acompanhar seu pai no viveiro de plantas da família, caminhando com suas mãos. Em mais de cinquenta anos de atividade, ele deu vida a mais de um milhão de árvores em seu país – e pretende plantar mais um milhão.
Folclore para Todos – Dreaming Folk (Itália, 2018, 20 min.) Dir. Alessandro Stevanon. LIVRE
Com o tempo, Luca parou de se definir através de suas falhas e começou a se identificar com seu talento: foi assim que ele aprendeu a administrar sua deficiência; e assim realiza seu sonho de música e dança, de roupas populares, de canções de sua terra: seu sonho de criança. Luca libertou-se dos preconceitos e transformou seus limites em fronteiras a serem cruzadas.
Fecha os Olhos e Voa – Close Your Eyes and Fly (Itália, 2019, 39 min.) Dir. Julia Pietrangeli. LIVRE
"Todo mundo sabia que era impossível". O que? Que pessoas cegas poderiam pilotar aviões. Sabrina, cega de nascença, com muita perseverança aprendeu a pilotar. Ela nos leva para a França, onde participa de um workshop organizado pela Les Mirauds Volants, a Associação Europeia de pilotos com deficiência visual. Esta história vai além de superação da deficiência, é sobre a força daqueles que vivem de acordo com seus próprios sonhos: nas nuvens não existem barreiras.
Uma Abordagem Diferente – Laid-Back Approach (Itália, 2018, 15 min.) Dir. Gino Ceriachi. LIVRE
Nicole é uma menina “portadora do gene da empatia”, cujo principal meio de comunicação é através do olhar. O filme retrata um caso de educação verdadeiramente inclusiva. Crianças com e sem deficiência trabalham continuamente lado a lado com seus colegas e professores, sem deixar espaço para aulas individuais. As crianças e o professor aprendem a se comunicar através da linguagem alternativa e aumentativa personalizada para a deficiência específica de Nicole.
Nigéria
Victor – Victor (Nigeria, 2016, 15 min.) Dir. Chibuzo Mobis. LIVRE

Victor encontra seu caminho depois de perder uma perna em um sério acidente de carro.
Nova Zelândia
Celeste – Celeste (Nova Zelândia, 2016, 6 min.) Dir. Viv Kernick & Kirsty Griffin. LIVRE

A sociável, divertida e teatral Celeste passa seus dias rodeada por amigos e colegas de apartamento. Quando precisa ficar sozinha, ela se diverte assistindo suas séries favoritas em seu belo quarto. Às vezes, o limite entre a realidade e a fantasia se torna impreciso.
Moyzee (Moyzee) – (Nova Zelândia, 2016, 6 min.) Dir. Viv Kernick & Kirsty Griffin. LIVRE
Moyzee é cantor e compositor. Ele usa suas músicas como uma plataforma para ser ouvido. Suas músicas giram em torno do amor - e especialmente o amor por sua namorada Celeste. Como musa de Moyzee, Celeste forneceu a inspiração para uma série de canções de amor, incluindo sua última música - Mermaid.
Jonathan – Jonathan (Nova Zelândia, 2016, 6 min.) Dir. Kirsty Griffin & Viv Kernick. LIVRE
Orgulhoso das suas medalhas, Jonathan, campeão de marcha atlética, prepara-se para os jogos de verão da Special Olympics. Devido à baixa visão, sua maior dificuldade é não sair da sua raia, evitando a desclassificação.
Jessica – Jessica (Nova Zelândia, 2016, 6 min.) Dir. Kirsty Griffin, Viv Kernick. LIVRE
Com inclinação pela moda, Jessica tem a ideia de criar um figurino com caixas do cereal que ela gosta. Ela dá um importante passo ao entrar em um concurso mostrando sua criação como modelo no desfile.
Simon – Simon (Nova Zelândia, 2016, 6 min.) Dir. Kirsty Griffin and Viv Kernick. LIVRE
Simon passa seus dias trabalhando em uma fazenda e não recusa um pouco de trabalho pesado. Tendo uma comunicação não-verbal, Simon adora passar seu tempo livre com amigos, bebendo cerveja no clube dos Trabalhadores depois de um longo dia de trabalho. Sua mão foi inicialmente informada que a deficiência do filho era tão severa que ele talvez nunca se movesse por conta própria. Porém, Simon é um participante ativo da comunidade.
Noruega
Parceiro – Buddy (Noruega, 2018, 19 min.) Dir. Espen Bye. LIVRE

Øyvind e Espen são amigos que viviam juntos nos tempos de escola. Um dia, Øyvind sofreu um derrame cerebral, o que atrapalhou sua vida. Seus amigos mais próximos, aos poucos, foram desaparecendo. Os anos foram passando e Øyvind foi ficando cada vez mais solitário. Cinco anos depois, Espen reaparece e tira Øyvind de casa. Durante essa jornada, testemunharemos como dois amigos se reencontram apesar das circunstâncias.
Portugal
A Cabeça e a Mão – The Head and The Hand (Portugal, 2018, 24 min.) Dir. Marc Serpa Francoeur. LIVRE

O documentário mostra o relacionamento único entre Orandina e Angelina, que cresceram juntas em um orfanato de meninas pobres na remota ilha portuguesa de São Miguel. As duas mulheres viveram sozinhas por décadas, enquanto Orandina lentamente perdia os movimentos dos membros por uma condição neurológica degenerativa, e Angelina, que tem deficiência intelectual, tornou-se sua cuidadora. O filme apresenta uma rica reflexão sobre deficiência, independência e amizade.
Reino Unido
Diálogo entre Richard Hunt e Sonia Boue – Richard Hunt e Sonia Boue in Conversation (Reino Unido, 2018, 5 min.) Dir. Richard Hunt. LIVRE

Richard Hunt é um artista com síndrome de Down. Depois de ganhar o prestigioso prêmio britânico Shape Open para artistas com deficiência, Richard decide expandir sua técnica para incluir escultura e superfícies com textura, dando prosseguimento à sua bem sucedida colaboração com a artista autista Sonia Boué.
A Ponte entre Nós – The Bridge Between Us (Reino Unido, 2018, 11 min.) Dir. Ray Jacobs & Jonathan Tritton. LIVRE
Pessoas com e sem deficiência da incrível companhia de dança Contact Dance Company falam sobre sua interação e a mágica que acontece quando dançam juntas.
Festa das Diferenças – A Blind Bit of Difference and Tasting Color (Reino Unido, 2019, 17 min.) Dir. Kate Dangerfield e Amy Neilson Smith. LIVRE
Os magos da metáfora fazem o espetáculo Palavra Falada & Poesia Sonora com um animado elenco de pessoas com deficiência.
Rússia
Casa da Liberdade – House of Freedom (Rússia, 2019, 1h 21min.) Dir. Maxim Yakubson. LIVRE

Dina Loskutova é uma pessoa com deficiência severa. Ela se muda do hospital psiquiátrico onde morava para uma residência coletiva em uma pequena cidade de Razdolie, onde pode viver com outras pessoas com deficiência. O filme nos fala sobre sua vida e sobre os prazeres e dificuldades dos primeiros anos de vida autônoma.
Voy – Voy (Rússia, 2019, 1h 20min.) Dir. Maxim Arbugaev. LIVRE
O filme conta a história da Equipe Paraolímpica Russa de Futebol para Cegos (Futebol de 5) e seu primeiro treinador, Nicolay Beregovoy. Enquanto eles se preparam para o evento mais importante de suas vidas – o Campeonato Europeu –, enfrentam desafios complicados que colocam seu sonho em risco. (Aqueles que lembram da terceira edição do Festival Assim Vivemos, em 2007, lembrarão do jovem Sergey, retratado no filme Ver e Crer.)
Suíça
A Jornada – The Journey (Suíça, 2018, 1h 25min.) Dir. Fanny Bräuning. LIVRE

Um homem e uma mulher viajam pelo mundo em um motor home: Niggi, um fotógrafo apaixonado, e Annette, o amor da sua vida, que ficou paralisada do pescoço para baixo há 20 anos. Com coragem, sabedoria e charme, eles arrancam da vida aquilo que ainda faz valer a pena viver. Mas o que acontece ao amor quando as circunstâncias da vida mudam tão drasticamente? Cheia de curiosidade e encantamento, a documentarista (e filha do casal) Fanny Bräuning vai em busca de respostas.

Sobre o Festival Assim Vivemos
Além de exibir filmes nacionais e internacionais inéditos, o festival é conhecido por seus debates, sempre com convidados, que trazem novas perspectivas aos temas retratados nos filmes. As discussões promovidas pelo evento já foram apontados como uma quebra paradigmática ao deslocar para um espaço cultural um debate que antes se restringia aos ambientes de saúde e serviço social. O festival exibe documentários, filmes de ficção e animações que mostram a pessoa com deficiência como protagonista, colaborando para quebrar preconceitos que ainda são obstáculos para a realização de sua cidadania plena. O festival teve sua primeira edição em 2003 no Rio de Janeiro e em Brasília. A programação completa poderá ser consultada no site http://www.assimvivemos.com.br/2019/pt/programacao-sao-paulo/
Serviço:
Assim Vivemos - Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência
27 de novembro a 9 de dezembro de 2019
Entrada Gratuita
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo - CCBB SP
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro. São Paulo -SP
(Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô)
(11) 3113-3651/3652 | Todos os dias, das 9h às 21h, exceto às terças.
Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja
Estacionamento conveniado: Edifício Zarvos - Rua da Consolação, 228.
Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô.
Valor: R$ 14 pelo período de 6 horas.
É necessário carimbar o ticket na bilheteria do CCBB.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

JUIZ FEDERAL SUSPENDE NOMEAÇÃO DE SÉRGIO CAMARGO PARA A PRESIDÊNCIA DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES

Fonte: Fórum Edição: Adilson Gonçalves
O juiz federal Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal de Sobral (CE), proferiu decisão liminar nesta quarta-feira (4) suspendendo a nomeação de Sérgio Nascimento Camargo para a presidência da Fundação Palmares.
Camargo é alvo de críticas por ser abertamente racista e costumeiramente atacar personalidades e questões que são importantes para o movimento negro. Ele é contra o dia da Consciência Negra, já disse que a atriz Taís Araújo deve voltar para a África e afirmou que a escravidão foi boa porque negros viveriam em condições melhores no Brasil do que no continente africano.
A Ação Popular contra a nomeação de Camargo foi ajuizada por Helio Sousa Costa. “A nomeação […] contraria frontalmente os motivos determinantes para a criação daquela instituição e a põe em sério risco, uma vez que é possível supor que a nova presidência, diante dos pensamentos expostos nas redes sociais pelo gestor nomeado, possa atuar em perene rota de colisão com os princípios constitucionais da equidade, da valorização do negro e da proteção da cultura afro-brasileira”, escreveu o juiz em sua decisão.
Como a sentença tem caráter liminar, cabe recurso.Confira, abaixo, a decisão.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

CLUBES ITALIANOS LANÇAM CARTA PEDINDO O FIM DO RACISMO: “NÃO PODEMOS FICAR CALADOS”


Fonte: Isto é Edição: Adilson Gonçalves
Os 20 clubes da Série A do Campeonato Italiano divulgaram nesta sexta-feira uma carta aberta na qual pedem o fim do racismo que tem aparecido em jogos de futebol do país. O atacante italiano Mario Balotelli, do Brescia, foi o caso mais recente, mas o centroavante belga Romelu Lukaku (Inter de Milão) e o zagueiro senegalês Kalidou Koulibaly (Napoli) também já viveram episódios de preconceito racial.
O documento admite que o campeonato tem “um sério problema” de racismo e que isso acontece, em parte, por conta de não terem sido tomadas ações suficientes para combatê-lo. As equipes também reiteraram que nenhuma pessoa deveria sofrer racismo, dentro ou fora do futebol e que não é mais possível que os clubes continuem em silêncio, “esperando que o racismo desapareça magicamente”.


“Imagens de jogadores a serem alvo de abusos racistas no futebol italiano foram vistas e discutidas em todo o mundo nesta temporada, e isso nos envergonha. Ninguém deveria ser sujeito a abusos racistas, dentro ou fora do futebol, e não podemos ficar calados ou esperar que desapareça de forma mágica”, afirmou um trecho da carta.
“No futebol e na vida ninguém deve sofrer insultos racistas. Não podemos continuar passivos e à espera que isso desapareça. Iniciadas pelos clubes, foram realizadas recentemente conversas positivas com a Lega Serie A, a FIGC e especialistas em derrubar e erradicar esse problema do jogo. Nós, os clubes que assinam esta nota, estamos unidos pelo desejo de mudança séria e a Lega Serie A definiu sua intenção de liderar, ao produzir uma robusta e compreensível política anti-racismo para a Serie A, com leis mais firmes e um plano para educar aqueles dentro do jogo sobre o racismo”, prosseguiu.
A carta termina com um pedido para que casos de racismo não aconteçam mais. “Não temos mais tempo a perder. Agora temos que agir com velocidade, com vontade e união. E chamamos vocês, os torcedores, para nos apoiar nesse esforço vitalmente importante”, encerrou.
Os clubes que assinaram a carta aberta foram: Atalanta, Bologna, Brescia, Cagliari, Fiorentina, Genoa, Verona, Inter de Milão, Juventus, Lazio, Lecce, Milan, Napoli, Parma, Roma, Sampdoria, Sassuolo, SPAL, Torino e Udinese.

CASOS DE RACISMO CRESCEM NO ESPORTE BRASILEIRO E ATINGEM MAIOR ÍNDICE EM 5 ANOS

Fonte: Folha Vitória Edição: Adilson Gonçalves

O Observatório da Discriminação Racial, entidade dedicada a pesquisar e discutir o tema, registrou 47 casos no País até novembro


Depois que foi chamado de "macaco" pelos irmãos Adrierre e Natan Siqueira da Silva e recebeu uma cusparada no rosto, o segurança Fábio Coutinho não queria contar para ninguém. O vigilante temeu que não acreditassem na sua versão, pois não sabia que a agressão havia sido filmada. Hoje, ele fala sobre o tema por acreditar que está no meio de uma causa coletiva, que casos de injúria racial continuam a acontecer, mas evita ver o vídeo do dia 10 de novembro feito nas arquibancadas do Mineirão.
As dificuldades de Fábio estão mesmo inseridas em um contexto mais amplo: o aumento dos casos de injúria racial no esporte brasileiro em 2019. O Observatório da Discriminação Racial, entidade dedicada a pesquisar e discutir o tema, registrou 47 casos no País até novembro. O número representa um crescimento de 6,8% em relação ao ano passado, quando foram registradas 44 ocorrências.
Os casos de 2019 representam a maior marca nos últimos cinco anos. "Um dos maiores erros é enxergar cada caso como uma novidade. Todos estão inseridos em um contexto que exige preocupação e atitude", explica Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório.
Para os especialistas, a questão está ligada a problemas estruturais da
sociedade brasileira. O sociólogo Rogério Baptistini Mendes, da Universidade Mackenzie, opina que os episódios nos estádios de futebol reproduzem o processo de exclusão do negro na sociedade por conta da escravidão. Nos momentos de tensão social frequentes nos estádios, quando as pessoas são colocadas como torcedoras de times diferentes, a exclusão ressurge.
 "A abolição da escravatura foi insuficiente para inserir o negro na vida social. O que nós imaginávamos que estivesse sendo mitigado com o avanço da educação e a melhoria das condições econômicas e políticas voltou à tona com a polarização da vida social nos últimos anos", conceitua.
Roger Machado, um dos dois técnicos negros da Série A do Campeonato Brasileiro, concorda. "Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que a população carcerária, 70% dela é negra? Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural", opinou o treinador.
Para Marcel Tonini, pesquisador da USP, vários fatores explicam o aumento dos casos. "Os jogadores parecem estar um pouco mais encorajados a denunciar, seja por autoconsciência, seja por influência de atletas internacionais; segundo, a imprensa tem tratado o tema com mais recorrência e profundidade; terceiro, talvez, pelas ações do Observatório e por clubes nas redes sociais."
O historiador Amailton Azevedo defende punições mais efetivas. "Não basta exibir faixas com dizeres 'Diga não ao racismo'. É urgente uma política que puna os clubes. Os torcedores racistas devem ser banidos e o patrocínio das empresas pode ser cortado para os clubes que não adotarem medidas contra racistas", sugere.
No caso de Fábio, o Atlético foi multado em R$ 130 mil. Os torcedores foram expulsos do quadro de sócios-torcedores. Um deles responde por crime de injúria racial, com pena de 1 a 3 anos e multa.