sexta-feira, 23 de agosto de 2019

NEI LOPES PREPARA LIVRO COM AS 10O MAIORES PERSONALIDADES NEGRAS DO SÉCULOS XX E XXI


Fonte: Conexão Jornalismo/
Texto e Edição:Adilson Gonçalves/
Fotos: Redes Sociais



O advogado, compositor, cantor, escritor, intelectual e – ufa !- estudioso das culturas africanas, Nei Lopes, de 77 anos, lançará em breve, pela Editora Agir o livro Afro-Brasil Reluzente. A obra lista as 100 maiores personalidades negras que ajudaram a construir a história do país nos séculos XX e XXI. Ele afirma que a ideia é dar "visibilidade às realizações da inteligência e do talento dos negros no Brasil".

         - Não será difícil incluir nomes no livro. Afinal personalidades negras que ocuparam papel relevante não são poucas. Mas o mais difícil talvez seja a não inclusão - que é diferente da exclusão., assegura o polivalente Nei Lopes

         Nomes como os de Elza Soares, Elisa Lucinda, Milton Santos e Pelé são mais do que certos. Além deles podemos contar com o de religiosos, políticos e cientistas, como Enedina Alves Marques.
Ela foi a primeira mulher negra a se formar engenheira no país, em 1945.

         Mas será que haverá espaço para Donga, Pixinguinha, Clementina, Ivone Lara, Carlos Nobre, Carlos Alberto Caó Oliveira, Lupicínio Rodrigues, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo...e tantos outros ?

         Enfim, a homenagem é boa, o difícil será contemplar tantos merecedores quando se tem apenas 100 vagas. E que Nei Lopes não se esqueça de se incluir.



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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

SALVADOR REGISTRA O NÚMERO RECORDE DE OITO PRÉ- CANDIDATOS NEGROS À SUA PREFEITURA NAS ELEIÇÕES EM 2020


Texto e Edição: Adilson Gonçalves


Já chega a oito – e pode chegar a 10- o número de pré-candidatos negros, postulantes à prefeitura de Salvador nas eleições de 2020. Com 85% da população negra, a maior fora do continente africano, a cidade vive uma ebulição em busca de ter seu primeiro prefeito negro, eleito pelo voto popular. Na secular história da cidade, a primeira capital do Brasil, somente um ocupou o cargo  máximo da  capital baiana: o jurista Edvaldo Brito, hoje vereador soteropolitano, em 1979, indicado pela governo militar.
Vovô
Olívia
Antonio Carlos dos Santos, o Vôvô do Ilê, (PDT) o vereador da cidade e presidente municipal do PSB, Silvio Humberto, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), a socióloga e militante do movimento de mulheres negras, Vilma Reis, o vereador Moisés Rocha e o deputado federal Valmir Assunção, do PT, o deputado estadual Hilton Coelho e o sindicalista Raimundo Calixto, ambos do Psol, são postulantes à indicação de seus partidos para concorrerem ao cargo de prefeito no pleito do próximo ano.
Edvaldo
Mas o número de pré-candidatos negros pode chegar a 10 ou mais: o vereador Edvaldo Brito (PSD) primeiro prefeito negro de Salvador, indicado pelo governo militar, entre agosto de 1978 e  abril de 1979, avalia no momento se sai candidato ou não; a dezena de candidaturas negras se completaria caso o deputado pastor Isidoro (Avante) concretize sua intenção de concorrer ao mais alto cargo do executivo soteropolitano.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ESTADO DO RIO PODERÁ TER POLÍTICA DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA

Fonte: Alerj; Edição Adilson Gonçalves
Foi apresentado em primeira discussão nesta terça-feira, dia 20 de agosto o projeto de Lei 777/15 de autoria do ex-deputado Zaqueu Teixeira, que estabelece uma política de saúde integral da população negra.
O objetivo da proposta é implementar uma política pública que contemple ações de educação, prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde.
O Governo do Estado deverá incluir os temas racismo e saúde da população negra nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde e no exercício do controle social na saúde; promover a saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do Sistema Único de Saúde - SUS/RJ, além de incentivar à produção do conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra.

Em virtude de seu caráter transversal, todas as estratégias de gestão assumidas pela Política Estadual da Saúde da População Negra devem estar em permanente interação com as demais políticas relacionadas à promoção da saúde, ao controle de agravos e à atenção e cuidado em saúde. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) fiscalizará do cumprimento da norma.
- A medida marca o reconhecimento do racismo, das desigualdades étnico-raciais e do racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde, com vistas à promoção da equidade em saúde. Há questões prementes e específicas da população negra que devem ser tratadas de maneira diferenciada", afirma Zaqueu.
O PL recebeu cinco emendas e foi enviado às comissões para, se aprovado por elas, voltar a plenário  e ser votado e posteriormente sancionado pelo Governador Wilson Witzel.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

URGENTE: DAMARES ALVES EXTINGUE SEIS SECRETARIAS DE SEU MINISTÉRIO


Fonte: Época Edição: Adilson Gonçalves
Damares Alves extinguiu seis comitês de seu ministério, incluindo o de Gênero e o de Diversidade e Inclusão. A revogação foi publicada hoje (19/08) no Diário Oficial .
Criado em julho de 2018, o Comitê de Gênero foi nomeado Janaína Romão em homenagem a uma funcionária terceirizada do Ministério dos Direitos Humanos morta pelo ex-marido no Distrito Federal.
Cabia ao colegiado propor medidas para prevenir a violência de gênero contra funcionários do ministério e articular medidas da pasta para a igualdade de gênero.
Já o Comitê  de Diversidade e Inclusão tinha como uma de suas finalidades apoiar a "diversidade sexual, com especial proteção às pessoas LGBTI" dentro do ministério.
Segundo a portaria, os órgãos que os coordenam passarão a ser responsáveis por suas atribuições. No caso de ambos,  a Secretaria Executiva da pasta.
Os outros colegiados extintos foram os comitês para a Desburocratização, o de Convênios e Contratos Administrativos, o da Segurança da Informação e Comunicação e o da Agenda de Convergência para a proteção integral dos direitos de crianças e adolescentes impactados por obras ou empreendimentos.

APÓS MAIS DE 30 ANOS DE PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E DA LEI CAÓ, NEGROS AINDA LUTAM POR DIREITOS BÁSICOS

Fonte: EBC/ Fotos: EBC e Adilson Gonçalves (edição)
Após mais de 30 anos de promulgação da Constituição Brasileira, que entre outra leis qualifica o racismo e a intolerância religiosa como  crimes, - Lei 7716 -, os negros ainda lutam por direitos básicos.  A lei ficou conhecida como Caó em homenagem ao seu autor, o deputado Carlos Alberto de Oliveira.
A partir de 5 de janeiro de 1989, quem impedir o acesso de pessoas devidamente habilitadas para cargos no serviço público ou recusar a contratar trabalhadores em empresas privadas por discriminação deve ficar preso de dois a cinco anos. negros ainda lutam por direitos básicos. Para os negros, a volta da democracia foi a oportunidade de legislar pelos direitos negados desde a abolição, há 130 anos.
É determinada a pena de quem, de modo discriminatório, recusa o acesso a estabelecimentos comerciais (um a três anos), impede que crianças se matriculem em escolas (três a cinco anos), e que cidadãos negros entrem em restaurantes, bares ou edifícios públicos ou utilizem transporte público (um a três anos). Os funcionários públicos, tratado na lei, que cometerem racismo, podem perder o cargo. Trabalhadores de empresas privadas estão sujeitos a suspensão de até três meses. As pessoas que incitarem a discriminação e o preconceito também podem ser punidas, de acordo com a lei.


Apesar da mudança no papel, os negros ainda sofrem racismo e frequentemente se veem em situação de discriminação. Para o coordenador nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Contaq), no campo legislativo pouca coisa mudou desde que a escravidão foi abolida, em 1888. “A realidade continua a duras penas. Desde o começo, muitos foram convidados para entrar no Brasil, o negro foi obrigado a trabalhar como escravo”, disse, citando leis como a da Vadiagem, a proibição da capoeira e o impedimento à posse de terras.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, divulgada em setembro de do ano passado, 104,2 milhões de brasileiros são pretos e pardos, o que corresponde a mais da metade da população do país (52,9%). A diferença não é apenas numérica: a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Nós éramos poucos e mesmo assim fizemos um grande barulho. Chegamos na Constituinte com uma proposta desafiadora, que envolvia desde a nossa imagem nos meios de comunicação, a questão da educação, a criminalização do racismo, as políticas compensatórias e a inclusão da história da África no currículo escolar brasileiro. Chegamos com muita força e não conseguimos tudo, mas nós conseguimos aquilo que foi possível”, contou a deputada.
Das sete constituições que o Brasil teve desde 1824, a Carta Magna de 1988 foi a primeira a incluir o racismo como crime inafiançável, imprescritível e passível de pena. Entre os princípios fundamentais, a nova Constituição cita a promoção do bem de todos “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
A Constituição conhecida como cidadã também traz o combate ao racismo entre os princípios das relações internacionais do Brasil e destaca ainda “a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”.
O texto constitucional vigente respondeu à demanda histórica de ativistas negros que, dentro e fora do Congresso, aproveitaram o momento de abertura democrática para desmitificar o 13 de maio. Esse foi o lema da grande marcha da "falsa abolição" ocorrida em 1888, no Rio de Janeiro, onde mais de milhares de pessoas, entre elas Benedita da Silva, protestaram contra a falsa ideia de liberdade.
“A libertação dos escravos foi tímida, porque os escravos foram libertos entre aspas. Não tinha lugar para colocar as crianças, mulheres e idosos. Que mercado de trabalho estava reservado pra eles? Que tipo de habitação? Qual era a relação de salário? Qual era também a questão da escolaridade? Havia liberdade nas manifestações culturais? Livres pra quê? Pra passar fome e uma série de situações. Então, na Constituinte foi o grande momento desse debate”, comenta a deputada.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas na Constituinte, relata Benedita, foi desmitificar a ideia de que no Brasil não existe discriminação racial.
“Não foi fácil compreender essa questão. Com o mito da democracia racial era difícil aceitar que existia racismo. Falamos de racismo na relação de trabalho, na escolaridade, fomos fazendo todos os recortes necessários que víamos desde o processo da escravatura no Brasil. A gente também destacou o papel da mulher negra nesse contexto da escravidão e pós abolição”, ressalta.
“O movimento negro chegou na Constituinte já com bagagem para enfrentar um debate do qual a maioria não tinha nenhum conhecimento, ou melhor, tinha práticas racistas, uns conscientes, outros inconscientes. E a nossa chegada foi de denúncia do que se escondia atrás do mito da democracia racial”, completa.

Liberdade sem cidadania

Valentim, Caó, Benedita e Paim: deputados negros constituintes
Embora a Constituição de 88 tenha impulsionado a edição de importantes políticas raciais, o marco de três décadas da promulgação da Carta também é lembrado de forma crítica pelas ativistas. “Em 30 anos da Constituição, intitulada cidadã, nós vivenciamos uma situação-limite. Quando você olha para os espaços de poder, a possibilidade de equidade no trabalho, entre outros aspectos, definitivamente nós precisamos marcar que a população negra continua na margem”, afirma Vilma Reis, Ouvidora Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.
A socióloga destaca alguns avanços das últimas décadas, como a política de cotas para ampliar o acesso dos negros nas universidades e a instituição de mecanismos para evitar fraudes no processo de seleção de concursos públicos que dispõem de vagas para candidatos negros.
Vilma cita ainda o decreto 4887/2003, que regulamenta o reconhecimento e demarcação das terras ocupadas por quilombolas, entre outras conquistas, como o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei 10.639/2003, que determina o ensino da história afro-brasileira nas escolas.
No entanto, a especialista pondera que ainda há muitos desafios para vencer em todas as áreas. “Tem diversos aspectos da República que a população negra nem sequer alcançou. E não tem como você pensar um processo de democratização da sociedade sem superar essa etapa”, reflete.
Segundo a socióloga, 48% dos lares em Salvador (BA) são chefiados por negras e 457 mil mulheres dependem do Bolsa Família para sobreviver. Ainda na capital baiana, Vilma relata que mulheres negras perderam 22 filhos jovens para a violência no final de semana anterior a este em que se lembra os 130 anos da abolição.
“Eu acho fundamental que a gente destaque a questão da tragédia que a gente vive do extermínio da juventude negra e colar essa discussão com a destruição do projeto de vida das mulheres negras. Porque, cada mãe negra que enterra um filho, dois filhos, essa vida dela está sendo destruída da mesma forma”, disse Vilma.
A Ouvidora acrescenta ainda que as mulheres negras são as principais vítimas de violência obstétrica no Brasil, além de serem alvos de discriminação no campo simbólico, seja pela atuação nas religiões de matriz africana, ou pela exposição à violência desmedida em programas sensacionalistas de televisão.
“Eu acho que é uma batalha que a gente vai no passo a passo, mas que a gente não recua, a gente só avança. E isso pra nós é muito importante”, declara Vilma Reis.

Retrocesso

Para Benedita da Silva, os 30 anos da Constituição estão sendo marcados por um “profundo retrocesso” nas políticas sociais. Como exemplo, a deputada lembra a baixa representativade no Parlamento, onde ela figura com outras duas deputadas como únicas mulheres negras entre 513 parlamentares.
A deputada também cita a aprovação da reforma trabalhista no ano passado que, segundo ela, “atinge em cheio” a população negra e pode afetar a regulamentação da chamada PEC das domésticas, considerada um das conquistas mais importantes para as trabalhadoras negras.
A parlamentar avalia que 30 anos depois da Constituição, os negros devem retomar com prioridade a luta pelo sistema democrático, inclusive acima das pautas raciais. “Nós não temos outra coisa maior pra se fazer nos país neste exato momento do que a defesa da democracia”, encerra Benedita.