Edição: Adilson Gonçalves Fonte O Globo
BRASÍLIA - Após encontro do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), com o líder do PSC, André Moura, e o vice-presidente do partido,
Everaldo Pereira, Henrique Alves informou que Marco Feliciano continua no
comando da Comissão dos Direitos Humanos e que aguarda uma decisão para os
próximos dias.
— Tive uma conversa, fiz um pedido ao líder do PSC (sobre o destino de
Feliciano) em razão das dificuldades que estão ocorrendo na Comissão de
Direitos Humanos que o Brasil inteiro acompanha. Foi uma conversa muito séria,
e obtive do PSC que será apresentada nos próximos dias uma solução respeitosa
para todos. Esse assunto tem que haver maturidade, acredito no entendimento e
vamos respeitar o tempo — disse Henrique Alves. André Moura apenas afirmou que
a bancada vai se reunir para discutir o assunto.
Está cada vez mais delicada a situação do deputado Feliciano à frente da
comissão. Após nova confusão na sessão desta quarta-feira da comissão, Henrique
Alves pediu para se reunir com ele no início da noite.
Alves se encontrou mais cedo com o líder André Moura (SE), e cobrou uma
solução para o problema. Na sessão de hoje, Feliciano apenas abriu a reunião e
deixou o plenário logo em seguida, após vaias, protestos e faixas de
integrantes de movimentos LGBT. Parlamentares de vários partidos os
contra a permanência do pastor na comissão.
- Até o final do dia de hoje será tomada uma decisão que respeite a Casa
- disse Eduardo Alves, que tinha reunião marcada com Feliciano no fim da tarde.
Um dos deputados com os quais o presidente da Câmara falou hoje foi Chico Alencar (PSOL-RJ).
— O presidente da Câmara conversou comigo e disse que achou o vídeo altamente ofensivo. E que o deputado Feliciano não atendeu ao seu pedido de moderação. E disse que se empenharia em uma solução — disse Chico Alencar ao GLOBO. O diálogo entre os dois ocorreu na noite de ontem.
Na comissão, hoje, além dos bate-bocas, houve uma situação inusitada. Convidado como expositor na audiência pública sobre transtorno mental, Aldo Zaiden, assessor da área de Saúde Mental do Ministério da Saúde, fez um discurso se referindo à polêmica gerada desde que Feliciano assumiu a comissão.
— Os direitos humanos vivem um retrocesso — disse Zaiden, que foi interrompido pela confusão.
Quando a palavra iria voltar para ele, foi ameaçado por Jair Bolsonaro (PP-RJ).
— O senhor se restrinja ao tema da audiência pública. Não faça discurso — disse Bolsonaro ao assessor, que se rebelou.
— Fui proibido de falar pelo deputado Bolsonaro. Não tenho o que fazer aqui — disse Zaiden, que levantou-se e foi embora, aplaudido pelos manifestantes contrários a Feliciano. A sessão foi encerrada.
Líder pede a Feliciano reavaliar permanência na comissão
O líder do PSC, André Moura (SE), afirmou que fez novo apelo ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para deixar a presidência da comissão. Moura disse que aguarda uma resposta do parlamentar. Para o líder, a situação é "muito preocupante".
- Pedimos, a bancada, para o deputado Feliciano fazer uma reavaliação e levar em conta todas essas manifestações. Acredito no bom senso. A situação é muito preocupante. Estou no aguardo de uma resposta dele - disse André Moura, que reuniu-se hoje à tarde com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
- O presidente da Câmara mostrou sua preocupação com a imagem da Casa com tudo isso que está acontecendo. E ele está correto. Mas não falou em renúncia do deputado Feliciano - disse André Moura.
No plenário, Feliciano conversava com o líder do PR, Anthony Garotinho (RJ) e o pastor Silas Câmara (PSD-AM). Garotinho deu alguns conselhos a Feliciano. Primeiro, o deputado fluminense sugeriu a Feliciano a criar um gabinete de crise e discutir a situação. Depois, Garotinho sugeriu que ele renunciasse, mas que saísse por cima.
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