No final do ano de 1987, Carlos
Alberto Caó, João Saldanha, Ivan Alves e Oscar Niemayer jantavam em um
restaurante no Leblon, Zona Sul do Rio, como faziam semanalmente às quintas
feiras. Todos ainda integravam ou já fizeram do Partido
Comunista Brasileiro, o PCB. Caó havia sido expulso do partido, ao apoiar Leonel Brizola, após seu retorno do exílio, mas manteve a amizade com os ex companheiros de partidão, apesar da expulsão sumária pela direção do partido.
Comunista Brasileiro, o PCB. Caó havia sido expulso do partido, ao apoiar Leonel Brizola, após seu retorno do exílio, mas manteve a amizade com os ex companheiros de partidão, apesar da expulsão sumária pela direção do partido.
O arquiteto Oscar Niemayer
completaria 80 anos naqueles dias. Em
meio ao jantar, João Saldanha decretou, dirigindo
–se a Caó:
- Crioulo,
você que está com mandato, vai prestar uma homenagem ao companheiro
Niemayer no Congresso pelos 80 anos dele.
Todos concordaram, e, Niemayer, o
homenageado, aquiesceu com a ideia, apesar de seu medo de avião, comprometendo-se
a ir até mesmo a viajar de carro, caso fosse necessário. Durante dias, Carlos
Alberto Caó, de Brasília, e João Saldanha e Ivan Alves, do Rio de Janeiro, por
telefone, redigiram o discurso de dez páginas que seria lido na sessão de 26 de
janeiro de 1988.
- Acontece que o José Aparecido,
governador distrital de Brasília, amigo de longa data do arquiteto, estaria em
viagem à China, e ao saber da homenagem ao amigo, imediatamente ligou para ele:
-Ô Niemayer, como é que você me arruma uma homenagem quando justamente não poderei estar presente.
-Ô Niemayer, como é que você me arruma uma homenagem quando justamente não poderei estar presente.
Tudo já estava preparado para a homenagem aos 80 anos do
arquiteto, com a confirmação de
autoridades nacionais e delegações
internacionais, o discurso já havia sido lido e relido por Caó, quando na véspera do evento Niemayer ligou, avisando
que não iria:
- Caó ,
eu não vou pegar avião e não vou ao evento.
Caó, atônito, tentou replicar, alegando todos
os preparativos e convites feitos, mas não houve maneira de demover o
arquiteto.
- Diz que estou gripado- encerrou
laconicamente a conversa o arquiteto.
Sem outro jeito, Caó foi até a
secretaria de Humberto Lucena, presidente do Senado e com muito trabalho,
conseguiu avisar a todos os convidados que a homenagem não seria mais
realizada.
Por 25
anos Caó guardou com zelo o documento e
ressalta não estar cometendo nenhuma
inconfidência por relatar o episódio, somente o fazendo agora para ressaltar fidelidade
canina do arquiteto aos amigos. Caó até
hoje credita o “bolo” dado por Niemayer à sua homenagem, em solidariedade ao
amigo José Aparecido.
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