Em 2010, vítimas de homicídio no país são 132,3% mais negros que brancos. Entre jovens, morrem, proporcionalmente, duas vezes e meia mais jovens negros que brancos.
O
número, que se refere ao período de 2002 a 2010, equivale a uma
média de 30.269 homicídios de pessoas negras. Somente em 2010,
foram registrados 34.983 assassinatos. Já em 2002, foram computados
26.952 homicídios, o que representa um aumento de 3317 mortes.
A
vitimização negra, que em 2002 era 65,4 (morriam assassinados,
proporcionalmente, 65,4% mais negros que brancos), no ano de 2010
pulou para 132,3% - proporcionalmente, são vítimas de homicídio
132,3% mais negros que brancos.
O
estudo foi divulgado pela Seppir, em parceria com o Centro Brasileiro
de Estados Latino-Americanos (Cebela) e a Faculdade Latino-Americana
de Ciências Sociais (Flacso). A autoria é de Julio Jacobo
Waiselfisz. “O estudo focaliza a incidência da questão racial na
violência letal do Brasil, tomando como base os registros de
mortalidade do Ministério da Saúde entre os anos 2002 e 2010”,
destacou a Seppir.
De
acordo com a Seppir, o Sistema de Informações de Mortalidade do
Ministério da Saúde inicia a divulgação de seus dados em 1979,
mas somente em 1996 começa a oferecer informações referentes à
raça/cor das vítimas, porém, com grandes problemas de subregistro
até 2002. Por esse motivo, o estudo começou a analisar as
informações sobre esse tema a partir de 2002. A classificação
“negra” é a soma das categorias “preta” e “parda”.
Ainda
de acordo com o estudo, considerando o conjunto da população, entre
2002 e 2010 as
taxas de homicídios entre brancos caíram de 20,6 para 15,5
homicídios,
o que representa uma queda de 24,8%. Jácom
relação à população negra, o número de assassinatos saltou de
34,1 para 36,0,
um aumento de 5,6%.
No
que se refere às taxas juvenis, em 2010 enquanto a taxa de homicídio
do total da população negra foi de 36,0, a dos jovens negros foi de
72,0.
Entre
os jovens a brecha entre brancos e negros foi mais drástica: as
taxas de homicídio de jovens brancos caíram no período analisado
de 40,6 para 28,3;
enquanto a
dos jovens negros cresceu de 69,6 para 72,0.
Assim, a vitimização de jovens negros, que em 2002 era de 71,7%, no
ano de 2010 pulou para 153,9%: morrem, proporcionalmente, duas vezes
e meia mais jovens negros que brancos.
Oito
estados ultrapassam a marca dos 100 homicídios para cada 100 mil
jovens negros: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato
Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará.
“Essa
heterogeneidade é maior quando descemos aos dados municipais, com
taxas extremas e inaceitáveis, como as de Simões Filho, na Bahia,
ou as de Ananindeua, no Pará, que estão na faixa dos 400 homicídios
para cada 100 mil jovens negros”, complementa o estudo.
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