sexta-feira, 30 de novembro de 2012

EM OITO ANOS, 272.422 CIDADÃOS NEGROS FORAM MORTOS NO PAÍS



Edição Adilson Gonçalves Fonte: Correio Nagô
Em 2010, vítimas de homicídio no país são 132,3% mais negros que brancos. Entre jovens, morrem, proporcionalmente, duas vezes e meia mais jovens negros que brancos.

O número, que se refere ao período de 2002 a 2010, equivale a uma média de 30.269 homicídios de pessoas negras. Somente em 2010, foram registrados 34.983 assassinatos. Já em 2002, foram computados 26.952 homicídios, o que representa um aumento de 3317 mortes.
A vitimização negra, que em 2002 era 65,4 (morriam assassinados, proporcionalmente, 65,4% mais negros que brancos), no ano de 2010 pulou para 132,3% - proporcionalmente, são vítimas de homicídio 132,3% mais negros que brancos.
O estudo foi divulgado pela Seppir, em parceria com o Centro Brasileiro de Estados Latino-Americanos (Cebela) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). A autoria é de Julio Jacobo Waiselfisz. “O estudo focaliza a incidência da questão racial na violência letal do Brasil, tomando como base os registros de mortalidade do Ministério da Saúde entre os anos 2002 e 2010”, destacou a Seppir.
De acordo com a Seppir, o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde inicia a divulgação de seus dados em 1979, mas somente em 1996 começa a oferecer informações referentes à raça/cor das vítimas, porém, com grandes problemas de subregistro até 2002. Por esse motivo, o estudo começou a analisar as informações sobre esse tema a partir de 2002. A classificação “negra” é a soma das categorias “preta” e “parda”.
Ainda de acordo com o estudo, considerando o conjunto da população, entre 2002 e 2010 as taxas de homicídios entre brancos caíram de 20,6 para 15,5 homicídios, o que representa uma queda de 24,8%. Jácom relação à população negra, o número de assassinatos saltou de 34,1 para 36,0, um aumento de 5,6%.
No que se refere às taxas juvenis, em 2010 enquanto a taxa de homicídio do total da população negra foi de 36,0, a dos jovens negros foi de 72,0.
Entre os jovens a brecha entre brancos e negros foi mais drástica: as taxas de homicídio de jovens brancos caíram no período analisado de 40,6 para 28,3; enquanto a dos jovens negros cresceu de 69,6 para 72,0. Assim, a vitimização de jovens negros, que em 2002 era de 71,7%, no ano de 2010 pulou para 153,9%: morrem, proporcionalmente, duas vezes e meia mais jovens negros que brancos.
Oito estados ultrapassam a marca dos 100 homicídios para cada 100 mil jovens negros: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará.
Essa heterogeneidade é maior quando descemos aos dados municipais, com taxas extremas e inaceitáveis, como as de Simões Filho, na Bahia, ou as de Ananindeua, no Pará, que estão na faixa dos 400 homicídios para cada 100 mil jovens negros”, complementa o estudo.


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