Textos, fotos e edição: Adilson Gonçalves
Na manhã de terça-feira, dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República, Carlos Alberto Caó foi a Santa Teresa , no centro do Rio, gravar o programa Espelho, apresentado pelo ator Lázaro Ramos na tv fechada Canal Brasil. Durante a entrevista, Caó falou de sua infância e juventude em Salvador, da ida para o Rio de Janeiro , sua vida como jornalista, deputado federal e secretário de Trabalho e Habitação por duas vezes no Governo Leonel Brizola e sobre os 70 anos que serão completados no dia 24 de novembro.
Falando sobre as reminiscências de sua infância, Caó revelou que sua primeira contestação a um ato de racismo sofrido por ele ocorreu no tradicional colégio soteropolitano Antônio Vieira, no qual sua mãe, costureira da alta sociedade baiana, conseguira, através de algumas de suas clientes, matriculá-lo, onde era o único aluno negro:
- Todo ano uma peça era encenada e por dois deles, fui escalado para interpretar o personagem do diabo. Na segunda vez eu me recusei e joguei
mercúrio cromo nas paredes do colégio. Minha mãe foi chamada à escola e comunicada do meu ato. Ao chegar em casa ela falou que meu pai resolveria a questão quando voltasse do trabalho. Meu pai, Themístocles era marceneiro e um homem de poucas palavras e com um cinto de couro de dois dedos de espessura. Com medo, fugi de casa, mas voltei, me escondendo dentro dela. Quando ele chegou e minha mãe falou com ele, fui chamado. Com muito medo da surra, saí de onde estava escondido e me apresentei ao meu pai. Ele me perguntou o por quê da peraltice e eu disse a ele que estava cansado de ser escalado para interpretar o Diabo e eu queria ser Deus, o que nunca deixavam. Meu pai concordou comigo e a surra não aconteceu- contou Caó.
Ele falou ainda de detalhes da primeira visita ao Brasil, em 1991, do recém-libertado Nelson Mandela, revelando ainda que a vinda do líder negro ao país chegou a ser cancelada pelos seus seguranças:
- Acho que em maio, três meses antes da visita de Mandela ao Brasil, na secretaria de Trabalho e Habitação recebi um telefonema de Howard Shapiro, então adido cultural da embaixada americana no Rio de Janeiro. Ele me convidou para almoçar. Fui e ele me perguntou se nós do movimento negro estávamos programando alguma manifestação política quando da vinda do Mandela em agosto. Eu disse a ele que sequer sabia da visita, o que realmente era verdade, e muito menos de um ato político. Aí eu percebi que ele era agente da CIA. Antecedendo à vinda de Nelson Mandela, convidado pela Comissão Legislativa do Senado, os seguranças dele haviam chegado ao Brasil no final de julho para avaliar as condições de estadia e locomoção, como acontece quando da visita de qualquer autoridade ou figura pública mundial. Mas eu desconhecia este fato. Um dia alguém ligou para a secretaria e relatou as condições em que o seguranças dele estavam hospedados: no Hotel Ambassador – Centro do Rio -, sem direito a telefone e frigobar. Eles estavam furiosos e já haviam reprovado a visita de Mandela ao Brasil. Fomos até lá, conversamos com eles e os convencemos a reavaliar a situação e os levamos para outro lugar mais confortável, o Othon, estrategicamente perto da casa do Brizola. Neste meio tempo, viabilizamos meios para a estadia de toda a comitiva. Me orgulho muito disto- , disse Caó.
Conterrâneos e quase parentes, nos intervalos das gravações Lázaro e Caó falavam sobre conhecidos comuns, dando um total clima de descontração à gravação. A entrevista com Caó está prevista para ser o programa de abertura da sexta temporada, em março de 2012. O programa Espelho é exibido às segundas-feiras, as 21 h 30 min pelo Canal Brasil e reprisado às terças-feiras, às 16 horas, sábados às 12 h 30 min, em horário alternativo.
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