Edição Adilson Gonçalves Fonte: R7
A probabilidade de um brasileiro de cor negra ou
parda ser assassinado no País é oito pontos percentuais maior do que a de um
não negro (brancos e amarelos). O dado é destacado pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) em
seu Boletim de Análise Político-Institucional, divulgado
nesta quinta-feira (17).
A pesquisa lembra que
mais de 60 mil pessoas são assassinadas no Brasil a cada ano e destaca que “há
um forte viés de cor/raça nessas mortes”. Segundo o diretor de Estudos e
Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea,
Daniel Cerqueira, que assina o levantamento, o negro é discriminado
duas vezes no Brasil: pela condição social e por sua cor da pele.
Os dados do estudo dão
conta de que a taxa de homicídios entre negros e pardos (36,5 por 100 mil) é
mais do que o dobro do que entre não negros (15,5 por 100 mil). Como
consequência desse quadro, a perda de expectativa de vida para negros devido à
violência letal é 114% maior.

Somada a população
residente nos 226 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o Ipea
calcula que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é
3,7 vezes maior em comparação com os brancos.
Segundo o instituto, os
dados indicam que enquanto o homem negro perde 1,73 ano de expectativa de vida
ao nascer, a perda do branco quando se considera o risco de homicídio é de 0,71
ano. Esses números levam o Ipea a questionar se existe racismo institucional no
Brasil.
Desconfiança
Outro indicador
destacado pelo Ipea contribui para a hipótese do racismo institucional:
enquanto apenas 38,2% dos não negros vítimas de agressão tendem a não procurar
a polícia para registrar o crime, quando se trata de negros a proporção sobe
para 68,8%.
Entre as razões para não
buscar auxílio policial estão a falta de crença no trabalho da polícia e o
receio de sofrer represálias. Entre os negros, esse medo é maior (60,7%) do que
entre os não negros (39,3%). Não por acaso: segundo o levantamento, negros compõem
a maior parte das vítimas de agressão por parte de policiais.
A Pesquisa Nacional de
Vitimização mostra que 6,5% dos negros que sofreram uma agressão no ano
anterior à coleta dos dados pelo IBGE, em 2010, tiveram como agressores
policiais ou seguranças privados, contra 3,7% dos brancos. Para o Ipea,
enquanto existir essa diferença de dados entre cidadãos de cor diferente, a
democracia estará incompleta.
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