Edição: Adilson Gonçalves Fonte: O Globo Foto: Gregório Borgia/ AP
ROMA — A nomeação de Cecile Kyenge como a primeira ministra
negra da Itália - o que seria um símbolo da integração racial no país - levou um duro golpe quando o eurodeputado Mario Borghezio ridicularizou o que descrevia como o novo “governo bonga bonga”- uma referência ao “bunga bunga”, como ficaram conhecidas as orgias promovidas pelo ex-premier Berlusconi quando estava no poder. Em uma entrevista à Radio 24, Borghezio afirmou que Cecile tentaria “impor as tradições tribais” do Congo à Itália com seu projeto que dá cidadania imediata aos filhos de imigrantes que nasçam no país, que hoje têm de esperar até completar 18 anos para requerer a cidadania. A repulsa gerada pelas declarações fez com que o governo autorizasse, nesta quarta-feira, a abertura de uma investigação de páginas fascistas na internet, cujos membros chamaram Cecile de “macaca congolesa”.
negra da Itália - o que seria um símbolo da integração racial no país - levou um duro golpe quando o eurodeputado Mario Borghezio ridicularizou o que descrevia como o novo “governo bonga bonga”- uma referência ao “bunga bunga”, como ficaram conhecidas as orgias promovidas pelo ex-premier Berlusconi quando estava no poder. Em uma entrevista à Radio 24, Borghezio afirmou que Cecile tentaria “impor as tradições tribais” do Congo à Itália com seu projeto que dá cidadania imediata aos filhos de imigrantes que nasçam no país, que hoje têm de esperar até completar 18 anos para requerer a cidadania. A repulsa gerada pelas declarações fez com que o governo autorizasse, nesta quarta-feira, a abertura de uma investigação de páginas fascistas na internet, cujos membros chamaram Cecile de “macaca congolesa”.
Cecile, de 48 anos,
nasceu no Congo, país que deixou há três décadas para estudar medicina na
Itália. Oftalmologista, ela vive em Modena, com seu marido italiano e seus dois
filhos. Foi uma ativa integrante da centro-esquerda local até que conseguiu uma
cadeira na Câmara de Deputados nas eleições de fevereiro.
Na semana passada, a
médica foi escolhida pelo primeiro-ministro Enrico Letta como ministra de
Integração, para integrar o governo híbrido formado por ele e que conseguiu na
terça-feira seu segundo voto de confiança no Parlamento. A congolesa respondeu
aos insultos pelo Twitter e agradeceu aos que saíram em sua defesa.
“Acredito que até
mesmo a crítica pode informar se for feita com respeito”, escreveu.
Josefa Idem,
ex-canoísta e ministra das Oportunidades Iguais, ordenou que o Escritório
Nacional Antidifamação investigue sites de extrema-direita que chamaram Cecile
de “Zulu” e “negra anti-italiana”.
- Estou fazendo isso
na minha qualidade de ministra das Oportunidades Iguais, mas acima de tudo como
mulher - disse a alemã de 49 anos, que como Cecile se casou com um italiano e
tem dupla cidadania. - A polícia deveria fechar esses sites.
Os comentários do
Borghezio foram repudiados inclusive por membros de seu próprio partido, a Liga
Norte, conhecida por suas posições xenófobas. A candidata à Prefeitura de Verona,
Manuela del Lago, disse que estava “absolutamente enojada” pelas declarações.
Cecile também recebeu apoio do astro da seleção italiana Mario Balotelli, filho
de pais ganeses, nascido na Sicília e adotado por italianos, ele mesmo
acostumado a manifestações racistas em estádios do país.
- A sua indicação é
um grande passo para uma sociedade italiana mais civilizada, mais responsável e
mais ciente da necessidade de uma integração definitiva - disse o jogador.
Em seu discurso de
apresentação no Parlamento, Letta descreveu a nomeação de Cecile como “um novo
conceito no qual as barreiras dão lugar à esperança e limites insuperáveis dão
lugar a uma ponte entre as diferentes comunidades”. A prioridade da ministra de
Integração é o direito à nacionalidade italiana por nascimento. Atualmente a
cidadania italiana se determina por filiação (direito de sangue).
- Provavelmente vou
encontrar resistência, termos que trabalhar muito para chegar a isto. Uma
criança, filha de imigrantes, que nasceu e cresceu aqui, deve ser cidadã
italiana - afirmou Cecile.
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