Fonte: Fundação Cultural Palmares/ Fotos: Jocilene Popa
Após discurso emocionado, Eliza Larkim ergue o troféu, reverenciando a memória do marido |
“Para a infância negra futura geraremos um mundo diferente”, Abdias do Nascimento.
Trecho do poema Olhando no Espelho
O encerramento das atividades do 23º aniversário da Fundação Cultural Palmares (FCP), na noite da última quinta-feira (18) foi marcada por muita emoção, música e compromissos firmados na luta contra o racismo. O evento contou com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, músicos, atores, religiosos de matriz africana e representantes de entidades de apoio à cultura negra.
O Teatro Nacional, em Brasília, foi palco da festa em celebração à ancestralidade afro-brasileira. O público reverenciou com entusiasmo a homenagem póstuma feita ao ativista negro Abdias Nascimento, pioneiro na luta contra o racismo no Brasil, falecido no dia 24 de maio de 2011. Sua companheira de vida e de luta, Elisa Larkin foi quem recebeu o Trofeu Palmares.
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, entrega o troféu à viuva do ativista, sob aplausos de Elói Ferreira, presidente da FCP |
Elisa se emocionou ao receber a comenda e fez referência a representações de entidades afro-brasileiras que simbolizam o trabalho de Abdias na militância e na comunicação com os povos afrodescendentes. Um vídeo com cantos na língua Iorubá apresentou a trajetória de Abdias Nascimento, que em uma entrevista concedida em 2004, declarou: “Precisamos continuar a luta por uma efetiva igualdade de oportunidades para a soberania de nossa nação”.
O rapper GOG, Benedito Vieira, Eliza Nascimento, Ana de Holanda, Vera Proba e Elói Ferreira posam ao lado de uma foto de Abdias e da atriz Ruth de Souza em em ação em uma peça do TEN |
Para Elisa Larkin, a construção de uma igualdade racial e social depende da abordagem de ações que contemplem as políticas de cotas nas universidades, a valorização da cultura africana, a implementação da Lei nº 10.639 nas escolas de ensino fundamental e médio, entre outras iniciativas. “A erradicação da miséria está enraizada na eliminação do racismo”, afirmou.
Durante a cerimônia, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, considerou a criação da Fundação Palmares uma extensão da política, do trabalho e dos esforços de Abdias e do movimento social negro. “Estou muito contente por participar da festa de celebração da trajetória de 23 anos da Fundação Cultural Palmares e dessa homenagem a Abdias do Nascimento”, destacou.
Segundo o presidente da FCP, Eloi Ferreira de Araujo, a realização do evento no ano instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes é uma oportunidade para trabalhar a cultura negra e promover a igualdade de oportunidades para todos. “2011 ficará marcado para a Fundação Palmares pela homenagem a Abdias. Sua herança nos fortalece para avançar em um país mais justo”, disse.
13 de novembro – No mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra, o dia 13 foi escolhido pela família de Abdias e pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros (Ipeafro) como uma data especial: as cinzas do ativista serão jogadas no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Alagoas, onde existiu um dos maiores redutos da luta e resistência negra brasileira.
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