- Edição: Adilson Gonçalves
- Fonte:Daiane Souza/FCP
- Fotos:Denise Porfírio/FCP
O livro Direitos
Humanos e as Práticas Raciais foi
lançado na sede da Fundação Cultural Palmares (FCP) em Brasília. A obra,
do sociólogo e especialista em igualdade racial e direitos humanos, Ivair
Augusto Alves dos Santos é uma coletânea de depoimentos de vítimas do racismo
de todo o Brasil, Resultado de sua tese de doutorado defendida na Universidade de Brasília(UnB)
Para
chegar aos casos citados, Santos analisou durante três anos, mais de 12.000
ocorrências. “São histórias tristes, mas que também representam lutas e
resistência”, afirmou durante o lançamento. “É a celebração de homens e
mulheres que disseram não ao racismo”, disse. Segundo ele, o livro mostra como
as pessoas passaram de vítimas a vitoriosas a partir do momento em que
denunciaram as violências sofridas.
Para
o sociólogo, o país vive um momento importante onde a população está mais
ciente do que significa o racismo. “Os direitos humanos possibilitam uma visão
mais ampla do que vem a ser considerado este crime e as pessoas perdem o medo
de denunciar”, explica.
Propagação da
informação - A obra que passa a
fazer parte do acervo da FCP é de rara importância para todos os que pretendem
conhecer os pontos de vista sobre os preconceitos a que está exposta a
população negra. “Enquanto as pessoas que cometem este crime não forem
penalizadas, continuarão fazendo sem culpas”, disse o diretor do Departamento
de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira (DPA), Martvs das Chagas.
“Para enfrentar, é preciso ter conhecimento e é isso o que a obra proporciona”,
completou.
De
acordo com Ana Marques, representante da Secretaria de Estado de Educação do
Distrito Federal, o conteúdo do material beneficiará o sistema de ensino com as
informações e experiências do autor. Já para a deputada estadual do Partido dos
Trabalhadores (PT) no Goiás, Marina Santana, iniciativas como o apoio prestado
pela FCP podem fazer uma importante diferença social. “Precisamos nos articular
na luta pela igualdade e o papel das instituições é fundamental na propagação
dos debates”, ressaltou.
Para
Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro
da FCP, o livro de Ivair Augusto Alves dos Santos tem três significados:
contribuição singular para a promoção da igualdade racial, fortalecimento da
luta do Movimento Negro e a civilização da sociedade para tolerância à
diversidade. “Com sua obra, Santos cria condições para a superação das
adversidades enfrentadas pela população negra”, concluiu.
Estudos de caso – Nos casos observados,
Santos tratou das denúncias, pareceres e resultados a fim de apresentar a
percepção pública quanto à intolerância e proporcionar a reflexão sobre o que
vem ser casos de racismo. Confira alguns dos depoimentos tratados pelo autor no
livro Direitos Humanos e as Práticas Raciais:
“Ser
negro bem vestido despertou o racismo
… MLGB, com a profissão de bancário, se dirigiu ao cartório do 6° Ofício de Registro de Imóveis… Após enfrentar a fila, foi atendido pela funcionária VKB que, segundo M, a princípio já o atendeu com agressividade [...] A princípio V não tinha troco para o que foi pago pelo serviço, tendo M esperado um bom tempo até que resolveu interpelar aquela perguntando se teria que esperar mais 40 minutos. Neste momento, V disse: ‘preto é foda, não pode vestir uma roupinha que pensa que é gente’[...]”.
… MLGB, com a profissão de bancário, se dirigiu ao cartório do 6° Ofício de Registro de Imóveis… Após enfrentar a fila, foi atendido pela funcionária VKB que, segundo M, a princípio já o atendeu com agressividade [...] A princípio V não tinha troco para o que foi pago pelo serviço, tendo M esperado um bom tempo até que resolveu interpelar aquela perguntando se teria que esperar mais 40 minutos. Neste momento, V disse: ‘preto é foda, não pode vestir uma roupinha que pensa que é gente’[...]”.
“O
pedreiro negro que lutou contra o racismo institucional do Judiciário
… NPR trabalhava como ajudante de pedreiro quando JPA, passando em frente ao local, passou a afirmar: ‘negro tem é que sofrer’, ‘preto nasceu para ser escravo’, e que o serviço realizado pela vítima só poderia ser concretizado por negro e que a vítima seria mais um dos malandros do bairro [...]”.
… NPR trabalhava como ajudante de pedreiro quando JPA, passando em frente ao local, passou a afirmar: ‘negro tem é que sofrer’, ‘preto nasceu para ser escravo’, e que o serviço realizado pela vítima só poderia ser concretizado por negro e que a vítima seria mais um dos malandros do bairro [...]”.
“Ser negro e representante da Parmalat
despertou inveja e racismo
… A denúncia foi apresentada contra LFOM, pois ela se dirigiu ao escritório onde trabalha MAN e sem qualquer justificativa, perguntou à sua secretária onde estava o ‘negro safado’… ‘negro sem vergonha e sem futuro’, ainda não satisfeita arrematou dizendo ‘aproveite e diga que ele deveria estar trabalhando cortando cana-de-açúcar e não como representante comercial da Parmalat’ [...]”
… A denúncia foi apresentada contra LFOM, pois ela se dirigiu ao escritório onde trabalha MAN e sem qualquer justificativa, perguntou à sua secretária onde estava o ‘negro safado’… ‘negro sem vergonha e sem futuro’, ainda não satisfeita arrematou dizendo ‘aproveite e diga que ele deveria estar trabalhando cortando cana-de-açúcar e não como representante comercial da Parmalat’ [...]”
Para
saber os desdobramentos destes e outros casos basta acessar à publicação que já
está disponível à consulta pública, na Biblioteca Oliveira Silveira da FCP.
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