quarta-feira, 31 de julho de 2013

PRESIDENTE DILMA ROUSSEF SAI EM DEFESA DE JOAQUIM BARBOSA E CRITICA AS TENTATIVAS DE PROVOCAR INTRIGAS ENTRE O EXECUTIVO E O JUDICIÁRIO

Edição: Adilson Gonçalves
Fonte:Folha de São Paulo
A presidente Dilma Rousseff sai em defesa de Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). "Ele não fez nada", afirma a petista sobre a imagem de TV que mostraria o magistrado cumprimentando o papa Francisco e passando reto por ela numa cerimônia no Rio de Janeiro, na semana passada.

BRIGOU COM ELE

Barbosa foi atacado em sites e mídias sociais pela suposta "arrogância" e falta de educação. "O ministro Joaquim chegou [ao local da audiência com o santo padre] e logo mandei chamá-lo para a sala em que eu estava. Ficamos duas horas conversando e vendo TV."

BRIGOU COMIGO

Na hora dos cumprimentos, Dilma diz que apresentou Barbosa ao papa explicando que "esse senhor é o primeiro negro presidente do tribunal, pelos seus méritos, uma pessoa que se superou". E emenda: "O papa se aproximou dele de forma afetiva e o ministro sorriu para mim".
É INÚTIL

Dilma critica o fato de pessoas quererem "criar constrangimento" entre ela e o presidente do STF. "Já nos encontramos duas vezes nas últimas semanas, uma delas a meu pedido e outra a pedido dele. Como presidente de poder, o Joaquim Barbosa sempre foi extremamente correto comigo. E eu tenho absoluta clareza de que ele jamais faria uma coisa dessas [referindo-se à cena do papa]."

segunda-feira, 29 de julho de 2013

" O BRASIL NÃO ESTÁ PREPARADO PARA TER UM PRESIDENTE NEGRO", AFIRMA MINISTRO DO STF JOAQUIM BARBOSA

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: Globo 
Texto: Miriam Leitão Foto: Camila Maia
RIO - Para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda há bolsões de intolerância racial não declarados no Brasil. Ele afirma não ser candidato e diz que seu nome tem aparecido com relevância em pesquisas eleitorais por causa de manifestações espontâneas da população. Segundo ele, que se define politicamente como alguém de inclinação social democrata à europeia, o Brasil precisa gastar melhor seus recursos públicos, com inúmeros setores que podem ser racionalizados ou diminuídos.
O senhor é candidato à presidente da República?
Não. Sou muito realista. Nunca pensei em me envolver em política. Não tenho laços com qualquer partido político. São manifestações espontâneas da população onde quer que eu vá. Pessoas que pedem para que eu me candidate e isso tem se traduzido em percentual de alguma relevância em pesquisas.

As pessoas ficaram com a impressão de que o senhor não cumprimentou a presidente.
Eu não só cumprimentei como conversei longamente com a presidente. Eu estava o tempo todo com ela.
O Brasil está preparado para um presidente da República negro?
Não. Porque acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato. Já há sinais disso na mídia. As investidas da “Folha de S.Paulo” contra mim já são um sinal. A “Folha de S.Paulo” expôs meu filho, numa entrevista de emprego. No domingo passado, houve uma violação brutal da minha privacidade. O jornal se achou no direito de expor a compra de um imóvel modesto nos Estados Unidos. Tirei dinheiro da minha conta bancária, enviei o dinheiro por meios legais, previstos na legislação, declarei a compra no Imposto de Renda. Não vejo a mesma exposição da vida privada de pessoas altamente suspeitas da prática de crime.
Como pessoa pública, o senhor não está exposto a todo tipo de pergunta e dúvida dos jornalistas?
Há milhares de pessoas públicas no Brasil. No entanto os jornais não saem por aí expondo a vida privada dessas pessoas públicas. Pegue os últimos dez presidentes do Supremo Tribunal Federal e compare. É um erro achar que um jornal pode tudo. Os jornais e jornalistas têm limites. São esses limites que vêm sendo ultrapassados por força desse temor de que eu eventualmente me torne candidato.
Que partido representa mais o seu pensamento?
Eu sou um homem seguramente de inclinação social democrata à europeia.
Como ampliar o Estado para garantir direitos de quem esteve marginalizado, mas, ao mesmo tempo, controlar o controle do gasto público para manter a inflação baixa?
O primeiro passo é gastar bem. Saber gastar bem. O Brasil gasta muito mal. Quem conhece a máquina pública brasileira, sabe que há inúmeros setores que podem ser racionalizados, podem ser diminuídos.
O senhor disse que o Brasil está numa crise de representação política. O que quis dizer com isso?
Ela se traduz nessa insatisfação generalizada que nós assistimos nesses dois meses. Falta honestidade em pessoas com responsabilidade de vir a público e dizer que as coisas não estão funcionando.
Quando serão analisados os recursos dos réus do mensalão?
Dia primeiro de agosto eu vou anunciar a data precisa.
Eles serão presos?
Estou impedido de falar. Nos últimos meses, venho sendo objeto de ataques também por parte de uma mídia subterrânea, inclusive blogs anônimos. Só faço um alerta: a Constituição brasileira proíbe o anonimato, eu teria meios de, no momento devido, através do Judiciário, identificar quem são essas pessoas e quem as financia. Eu me permito o direito de aguardar o momento oportuno para desmascarar esses bandidos.
Por que o senhor tem uma relação tensa com a imprensa? O senhor chegou a falar para um jornalista que ele estava chafurdando no lixo.
É um personagem menor, não vale a pena, mas quando disse isso eu tinha em mente várias coisas que acho inaceitáveis. Por que eu vou levar a sério o trabalho de um jornalista que se encontra num conflito de interesses lá no Tribunal. Todos nós somos titulares de direitos, nenhum é de direitos absolutos, inclusive os jornalistas. Afora isso tenho relações fraternas, inúmeras com jornalistas.
A primeira vez que conversamos foi sobre ações afirmativas. Nem havia ainda as cotas. Hoje, o que se tem é que as cotas foram aprovadas por unanimidade pelo Supremo. O Brasil avançou?
Avançou. Inclusive, entre as inúmeras decisões progressistas que o Supremo tomou essa foi a que mais me surpreendeu. Eu jamais imaginei que tivéssemos uma decisão unânime.
Nos votos, vários ministros reconheceram a existência do racismo.
O que foi dito naquela sessão foi um momento único na história do Brasil. Ali estava o Estado reconhecendo aquilo que muita gente no Brasil ainda se recusa a reconhecer, e a ver o racismo nos diversos aspectos da vida brasileira.
Os negros são uma força emergente. Antes, faziam sucesso só nas artes e no futebol, mas, agora, eles estão se preparando para chegar nos postos de comando e sucesso em todas as áreas. Como a sociedade brasileira vai reagir?
Ainda não vejo essa ascensão dos negros como algo muito significativo. Há muito caminho pela frente. Ainda há setores em que os negros são completamente excluídos.
Como o Brasil supera isso?
Discutindo abertamente o problema. Não vejo nos meios de comunicação brasileiros uma discussão consistente e regular sobre essas questões.
Como superar a desigualdade racial, mantendo o que de melhor temos?
O que de melhor nós temos é a convivência amistosa superficial, mas, no momento em que o negro aspira a uma posição de comando, a intolerância aparece.
Como o senhor sentiu no carnaval tantas pessoas com a máscara do seu rosto?
Foi simpático, mas, nas estruturas sociais brasileiras, isso não traz mudanças. Reforça certos clichês.
Reforça? Por quê
Carnaval, samba, futebol. Os brasileiros se sentem confortáveis em associar os negros a essas atividades, mas há uma parcela, espero que pequena da sociedade, que não se sente confortável com um negro em outras posições.
O senhor foi discriminado no Itamaraty?
Discriminado eu sempre fui em todos os trabalhos, do momento em que comecei a galgar escalões. Nunca dei bola. Aprendi a conviver com isso e superar. O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil.
O senhor não passou no concurso?
Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos.



 

MINISTRA DA INTEGRAÇÃO ITALIANA SE DIZ CANSADA DE OFENSAS RACISTAS, MAS GARANTE QUE NÃO DESISTIRÁ

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: Vermelho
A ministra da Integração italiana, Cecile Kyenge, atingida por bananas na última sexta-feira (26), disse que, às vezes, se sente "cansada" dos insultos e ofensas de que tem sido alvo por ser negra, mas assegurou que os ataques não a farão desistir de sua missão.
Na sexta-feira, durante um comício do Partido Democrático, Cecile Kyenge foi alvo de bananas arremessadas em sua direção, o que provocou uma nova onda de indignação na Itália.
De origem congolesa, a primeira negra nomeada ministra na Itália, Cecile Kyenge reconheceu, em entrevista ao jornal italiano La República, sentir preocupação pelas duas filhas, de 20 e 17 anos. A ministra disse pensar também em outras minorias e nos imigrantes que, ao contrário dela, não têm garantias de segurança, e sofrem ataques em Itália.
"Não posso esconder que às vezes me sinto cansada da repetição de insultos tão graves. Não os esperava tão fortes, mas não me detenho, nem me concentro" a pensar neles, disse Cecile. "Tento olhar para frente, pensar sobre as dificuldades que temos de suportar nesses eventos e sobre as melhores respostas que os políticos e a sociedade podem dar", acrescentou.
A ministra defende que a Itália comece "um processo de reflexão" sobre o racismo. "Em outros países europeus, como a Suécia, há ministros negros, mas não acontece com eles o que está acontecendo comigo na Itália. Não podia imaginar reações tão violentas", lamentou.
Cecile Kyenge garante que os ataques e os insultos ocorrem também na classe política, reiterando que a Itália têm "um longo caminho a percorrer" quando se trata de avaliar a contribuição cultural que a imigração pode dar ao país.
"As reações aos insultos, que vejo no país, acabam por unir a Itália 'boa' e, quem sabe, ajudar a despertar muitas consciências, que durante anos estiveram um pouco adormecidas", avaliou.
Esse foi mais um caso de racismo que envolveu a ministra, cidadã italiana nascida na República Democrática do Congo, depois de, no início do mês, um membro do partido Liga do Norte, que é contra a imigração, ter comparado a ministra a um orangotango. Cecile reagiu ao ataque com bananas dizendo que o mesmo foi "um desperdício de comida".

SPIKE RELACIONA FILME BRASILEIRO CIDADE DE DEUS ENTRE SEUS PREFERIDOS

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: Folha de São Paulo
O brasileiro "Cidade de Deus" faz parte da lista de filmes que o diretor norte-americano Spike Lee recomenda a seus alunos no curso de cinema da New York University.
Lee publicou a lista em sua página no KickStarter, site de financiamento coletivo ao qual recorreu para arrecadar verba para seu próximo filme.
O diretor de "Faça a Coisa Certa" e "Malcolm X" dá aulas na NYU há 15 anos. Num vídeo publicado junto com a lista, ele conta que distribui a relação --batizada de "lista de filmes que eu acho que você deve ver"-- entre os estudantes no primeiro dia de aula.
Um dos filmes nacionais mais festejados fora do país, o longa de Fernando Meirelles e Kátia Lund (cujo nome em inglês aparece erroneamente grafado na lista de Lee como "City of Gods", "cidade dos deuses", quando o correto é "City of God") integra a relação de quase cem filmes ao lado de clássicos do cinema mundial.
Os diretores mais citados, cada qual com três filmes na lista, são Akira Kurosawa ("Rashomon", "Yojimbo" e "Ran"), Alfred Hitchcock ("Janela Indiscreta", Um Corpo que Cai" e "Intriga Internacional"), Federico Fellini ("A Estrada da Vida", "A Doce Vida" e "8 ½"), John Huston ("O Falcão Maltês", "O Tesouro de Sierra Madre" e "Cidade das Ilusões") e Stanley Kubrick ("Glória Feita de Sangue", "Spartacus" e "Dr. Fantástico").
Incluído em várias enquetes como o melhor filme da história, "Cidadão Kane", de Orson Welles, ficou fora da lista de Spike Lee. O único filme de Welles incluído foi "A Marca da Maldade".