sábado, 27 de julho de 2013

O RACISMO DE HOJE É MAIS PERIGOSO, AFIRMA A EX-PANTERA NEGRA ANGELA DAVIS


Edição Adilson Gonçalves Fonte: Pragmatismo Político
Os gestos sutis e comedidos de Angela Davis, 68, enquanto conversa, quase não lembram a imagem que correu o mundo da jovem revolucionária que integrou os Panteras Negras, nos Estados Unidos. Sua prisão, após envolvimento numa ação para libertar jovens negros acusados de matar um juiz, mobilizou o mundo nos anos 1970.
Tema de músicas de John Lennon e Yoko Ono (Angela), além dos Rolling Stones (Sweet Black Angela), a hoje professora da Universidade da Califórnia continua ativista. Seu espaço de luta é o movimento anticarcerário e a mobilização de mulheres. Em ambos, ela enfatiza que o racismo continua muito presente, mesmo no país que reelegeu como presidente Barack Obama. “Pessoas que estão encarceradas dizem que um homem negro na Casa Branca não é suficiente para anular um milhão de homens negros na casa-grande, ou seja, no sistema carcerário”. Ela conversou com a Muito na sua quarta passagem pela Bahia, onde teve como principal compromisso participar de um fórum na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cachoeira.
Como foi a sua experiência no Fórum 20 de Novembro, no campus da Universidade Federal do Recôncavo, em Cachoeira?
Fiquei bastante impressionada com o evento, mas também em perceber como a universidade se expandiu. É uma instituição pública federal majoritariamente negra, com ações afirmativas. Deveria ser um exemplo para os EUA. Lá, as ações afirmativas estão sendo questionadas e abolidas.
No Brasil, vivemos um momento em que o entendimento sobre a importância das ações afirmativas consolidou-se na universidade e nos movimentos sociais. Mas parte da sociedade e da mídia tem dúvidas. Qual a situação dessas medidas nos EUA?
No contexto atual, o Brasil está bem à frente dos Estados Unidos, no que diz respeito à implementação das ações afirmativas. Lá, nos anos 1990, vários programas nesse sentido foram juridicamente eliminados.
Quais as principais consequências desse processo?
Há mais homens negros encarcerados nos EUA do que nas universidades. Há um milhão de homens negros na cadeia. Temos que avaliar o que leva um homem negro a chegar a esse ponto.

PRIMEIRA MINISTRA NEGRA ITALIANA CÉCILE KYENGE É ALVO DE NOVOS INSULTOS RACISTAS NA ITÁLIA: BANANAS FORAM ATIRADAS EM SUA DIREÇÃO


Edição:Adilson Gonçalves Fonte O Globo
ROMA - A primeira ministra negra da Itália, alvo de insultos racistas desde a sua nomeação em abril, condenou um militante do movimento de extrema direita Força Nova que jogou bananas em sua direção quando ela discursava num comício nesta sexta-feira, sem atingi-la. No Twitter, a ministra da Integração, Cécile Kyenge, considerou o gesto “triste” e um desperdício de comida, considerando a crise econômica.
“A coragem e o otimismo para mudar as coisas tem que vir, acima de tudo, de baixo para cima para alcançar as instituições", escreveu.
Cécile, que nasceu na República Democrática do Congo, provocou a ira de grupos de extrema direita com sua campanha para tornar mais fácil a obtenção da cidadania italiana por imigrantes.
Pouco antes do incidente, os membros da Força Nova deixaram manequins cobertos de sangue falso no local do comício do Partido Democrata, do primeiro-ministro Enrico Letta, na cidade de Cervia, no nordeste do país. As palavras de ordem “imigração mata” foram escritas em folhetos que acompanharam os bonecos, um slogan já usado pelo grupo para se referir a assassinatos cometidos por imigrantes na Itália.
No início deste mês, o vice-presidente do Senado, Roberto Calderoli, da Liga Norte, comparou-a a um orangotango e só pediu desculpas após uma avalanche de críticas.


 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 DE JULHO: DIA DA MULHER NEGRA LATINA E CARIBENHA

Edição: Adilson Gonçalves
Texto: Maristela Farias e Tamiris Rizo
Fonte: Setorial de Negras e Negros da CSP Conlutas
O dia 25 de Julho desde 1992 é marcado como o “Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha”, para celebrar e refletir sobre o papel das mulheres negras nesses continentes e dar visibilidade às lutas e à resistência das mulheres negras, tão marcadas pela cruel combinação da exploração capitalista e da opressão do racismo, do machismo e da lesbofobia.
Na América Latina, mais de 14 milhões de mulheres trabalham como empregadas domésticas. Sete milhões e duzentas mil só no Brasil, sendo 93% dessa força de trabalho compostas por mulheres, onde a maioria 61,6% é negra (IPEA, 2009). Esses dados só demonstram a triste perspectiva de vida colocada para as mulheres negras, que continuam tendo que enfrentar a herança escravista e às tradicionais concepções de gênero arraigadas como habilidades “naturais” das mulheres negras: viver para o serviço doméstico e/ou estarem submetidas à exploração sexual.
No Brasil a versão aprovada pelo senado vai ao encontro dos interesses dos patrões, e não para assegurar condições dignas de trabalho às empregadas domésticas, ao não garantir a essas trabalhadoras igualdades de direitos trabalhistas e de proteção social como estabelece a CLT. Como se não bastasse uma jornada de 44 horas, acompanhadas pela negociação entre patrão e trabalhador para a formação de um banco de horas, além da redução do valor pago pelo empregador para o recolhimento INSS em 12%; a proposta ainda passa para responsabilidade da Caixa Econômica Federal, o pagamento de 40% de multa sobre o saldo do FGTS dos empregadores nos casos de demissão injustificada, isentando assim os patrões de arcarem com suas responsabilidades. Resultado que se vê concretamente na discutição do “Projeto de Lei das Domésticas” onde cada dia fazem mais e mais propostas de flexibilização de seus direitos, e mais concessões para os patrões, ou seja, o “Super Simples”.

A categoria das diaristas compostas majoritariamente por mulheres negras, e são cerca de 340 mil profissionais, nas seis principais capitais do Brasil (IBGE – Maio, 2013), encontram-se em situação pior, ainda sem perspectivas de direitos trabalhistas, o que vem facilitando mais a sua exploração. Tendência a se aprofundar com a resistência e dificuldades dos patrões em concederem os direitos às empregadas domésticas.
As mulheres negras também estão nos serviços públicos, no setor de serviços e na educação pública, principalmente nos anos iniciais. E não é por acaso que os salários desta categoria são os mais baixos dentre os que exigem uma formação superior, como também seja a que menos tem direito.
As mulheres e jovens negras também são a maioria nos estágios temporários, telemarketing e empresas terceirizadas, mas são as que menos estão presentes dentro das salas de aula das universidades públicas.
As mulheres negras e jovens são a maioria das vítimas de violência doméstica aprofundada nesta sociedade capitalista e patriarcal pelo machismo, além de estarem mais constantemente expostas a violência sexual e policial,  E ainda, mais vivendo em um pais, onde um jovem negro tem 139% mais chances de ser assassinado que um branco, todos os dias, as mulheres, em especial as mulheres negras, sofrem com a perda de seus filhos, irmãos e companheiros. 



PRESIDENTA DILMA ROUSSEF VETA FIM DA MULTA DE 10% SOBRE O FGTS, QUE HAVIA SIDO APROVADA PELA CÂMARA

Edição Adilson Gonçalves Fonte:Reuters - A presidente Dilma Rousseff vetou projeto de lei que acabava com a contribuição social de 10 % sobre o saldo total do Fundo De Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), paga pelos empregadores ao governo em caso de demissões sem justa causa, segundo edição desta quinta-feira do
Diário Oficial da União.
O projeto havia sido aprovado pela Câmara em 3 de julho e era defendido por empresários que afirmam que a contribuição não pode ser mantida de forma permanente. A multa foi instituída em 2001, para compensar perdas do FGTS por conta dos Planos Verão, em 1989, e Collor 1, em 1990.
No veto, Dilma argumenta que o projeto de lei vai contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao gerar impacto superior a 3 bilhões de reais por ano no FGTS sem dar "indicação das devidas medidas compensatória".
"A sanção do texto levaria à redução de investimentos em importantes programas sociais e em ações estratégicas de infraestrutura, notadamente naquelas realizadas por meio do Fundo de Investimento do FGTS", afirma a presidente no veto.
"Particularmente, a medida impactaria fortemente o desenvolvimento do Programa Minha Casa, Minha Vida, cujos beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS", acrescentou.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre julho de 2012 e abril deste ano, os empregadores pagaram cerca de 2,7 bilhões de reais relativos à contribuição.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

PRESIDENTE DILMA ROUSSEF RECEBE 19 ORGANIZAÇÕES DO MOVIMENTO NEGRO NO PLANALTO PARA DEFINIR POLÍTICAS DE COTAS NO SERVIÇO PÚBLICO

 Edição: Adilson Gonçalves
Texto: Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) deve entregar até o fim deste ano, à Presidência da República, uma proposta de decreto presidencial para regulamentar as cotas para negros nos concursos públicos federais, de acordo com o que prevê o Estatuto da Igualdade Racial. Após reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e 19 segmentos do movimento negro do país, a ministra da Seppir, Luiza Bairros, disse que o objetivo é buscar segurança jurídica para a medida.
“Hoje a presidenta reafirmou a posição que ela tem de que a questão das ações afirmativas, e mais especificamente a das cotas, constitui um elemento central da luta pela promoção da igualdade no Brasil”, disse a ministra. “Agora, dentro do governo, o que nós temos que buscar em relação às cotas no serviço público é toda a segurança jurídica necessária para que essa medida possa ser levada para avaliação final da presidenta.”
O frei David, diretor executivo da Educafro, organização não governamental que tem a missão de promover a inclusão da população negra e pobre nas universidades públicas e particulares, disse que a cota racial no serviço público é o reconhecimento do povo negro, que "há 513 anos [está] sofrendo, querendo inclusão". "Entendemos que a cota no serviço público é o empoderamento de um povo que, quanto mais tiver empoderamento, mais tranquilidade vamos ter e menos violência”, acrescentou.
A ministra disse que a questão da educação foi amplamente discutida no encontro. Um dos participantes da reunião foi o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que defendeu a necessidade de ações afirmativas para o acesso de negros ao ensino superior e também o compromisso com a implementação da Lei 10.639, de 2003, que torna obrigatória o ensino da cultura africana e afro-brasileira nas escolas. “Foi tratado como um elemento muito importante para que se combata o racismo e os preconceitos contra as matrizes africanas no Brasil”, relatou Luiza Bairros.
Além dos temas educacionais e do serviço público, a ministra ressaltou a discussão sobre o alto índice de violência contra jovens negros no país. “A questão do extermínio da juventude negra, das mortes violentas entre os jovens negros, foi objeto de comentários da Presidência da República, que chegou, inclusive, a sugerir a formação de um fórum”, disse ela. Segundo ela, o fórum seria coordenado pela Seppir e pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) para discutir com mais profundidade políticas de segurança que levem em conta a situação da juventude negra no país.