sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

28 DE JANEIRO DE 2013, DATA DO JUBILEU DE PRATA DO "BOLO" GENEROSO DE OSCAR NIEMEYER



No final do ano de 1987, Carlos Alberto Caó, João Saldanha, Ivan Alves e Oscar Niemayer jantavam   em um restaurante no Leblon, Zona Sul do Rio, como faziam semanalmente às quintas feiras. Todos ainda integravam ou já fizeram do Partido
Comunista Brasileiro, o PCB. Caó havia sido expulso do partido,  ao apoiar Leonel Brizola, após seu retorno do exílio, mas manteve a amizade com os  ex companheiros  de partidão, apesar da expulsão sumária pela direção do partido.
O arquiteto Oscar Niemayer completaria 80 anos naqueles dias.  Em meio ao jantar, João Saldanha decretou,  dirigindo –se  a Caó:
-  Crioulo,   você que está com mandato, vai prestar uma homenagem ao companheiro Niemayer no Congresso pelos 80 anos dele. 
Todos concordaram, e, Niemayer, o homenageado, aquiesceu com a ideia, apesar de seu medo de avião, comprometendo-se a ir até mesmo a viajar de carro, caso fosse necessário. Durante dias, Carlos Alberto Caó, de Brasília, e João Saldanha e Ivan Alves, do Rio de Janeiro, por telefone, redigiram o discurso de dez páginas que seria lido na sessão de 26 de janeiro de 1988.
- Acontece que o José Aparecido, governador distrital de Brasília, amigo de longa data do arquiteto, estaria em viagem à China, e ao saber da homenagem ao amigo, imediatamente ligou para ele:
                -Ô Niemayer, como é que você me arruma uma homenagem quando justamente não poderei estar presente.
Tudo já estava  preparado para a homenagem aos 80 anos do arquiteto, com  a confirmação de autoridades nacionais e  delegações internacionais, o discurso já havia sido lido e relido por Caó, quando na véspera do evento Niemayer ligou,  avisando que não iria:
                - Caó , eu não vou pegar avião e não vou ao evento.
                 Caó, atônito, tentou replicar, alegando todos os preparativos e convites feitos, mas não houve maneira de demover o arquiteto.
                - Diz que estou gripado- encerrou laconicamente a conversa o arquiteto.
                Sem outro jeito, Caó foi até a secretaria de Humberto Lucena, presidente do Senado e com muito trabalho, conseguiu avisar a todos os convidados que a homenagem não seria mais realizada.
                Por 25 anos Caó guardou com zelo o documento  e ressalta  não estar cometendo nenhuma inconfidência por relatar o episódio, somente o fazendo agora para ressaltar fidelidade canina  do arquiteto aos amigos. Caó até hoje credita o “bolo” dado por Niemayer à sua homenagem, em solidariedade ao amigo José Aparecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário