terça-feira, 3 de dezembro de 2013

MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA POSSÍVEL CASO DE RACISMO NO VETO A LÁZARO RAMOS E CAMILA PITANGA NA APRESENTAÇÃO DO SORTEIO DE GRUPOS DA COPA DO MUNDO

Edição Adilson Gonçalves
A rejeição por parte da Fifa aos atores negros, Lázaro Ramos e Camila Pitanga, no sorteio da Copa, cuja apresentação na próxima sexta, na Costa do Sauípe, Bahia, ficará com o casal Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, agora é alvo de investigação do Ministério Público.
De acordo com a coluna "Radar on-line", no site da revista "Veja", Christiano Jorge Santos, 6º Promotor de Justiça Criminal de São Paulo, abriu procedimento visando apurar eventual crime de racismo, "tendo em vista", segundo ele, "que os atores [Lázaro Ramos e Camila Pitanga] representam de maneira mais adequada a composição étnica e racial do povo do Brasil, ao passo que os atores escolhidos, Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, de raça branca/caucasiana, sob tal aspecto, não."
Ainda de acordo com a "Veja", o promotor argumenta que "a escolha dos apresentadores, portanto, dada a elevadíssima audiência aguardada, é relevante para a identificação dos componentes do povo brasileiro, por habitantes de todo o mundo...e também para a autoafirmação dos brasileiros afrodescendentes."
E reforça, ainda, que "também são relevantes porque o maior ícone futebolístico de todos os tempos é brasileiro e negro", referindo-se, obviamente, a Pelé.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MUSICO BAINO, VÍTIMA DE RACISMO EM SHHOPING, EVOCA A LEI CAÓ PARA SE DEFENDER

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: A Tarde


Desde 1989 que a prática de racismo é crime no Brasil. Conforme a Lei Federal nº 7.716/89, conhecida como Lei Caó - em homenagem ao seu autor, o ex-deputado Carlos Alberto Oliveira dos Santos -, quem for pego ao cometer ato racista pode ser preso por até cinco anos e será obrigado a pagar multa, definida pelo juiz.
Ainda que seja um crime inafiançável (não pode ser relaxado a favor de quem comete o ato) e imprescritível (quem cometeu o delito pode ser preso a qualquer tempo, mesmo que se passem anos), levar casos de racismo adiante requer paciência e conhecimento jurídico.
O músico Fábio Lira, de 33 anos, sabe muito bem disso, após ter sido discriminado em um grande shopping de Salvador, ao ser xingado por outro cliente de "preto, f... e cabelo rasta podre".
Ao chamar a segurança do shopping, foi transformado de vítima em agressor. Ao chegar à delegacia para prestar queixa, os policiais se recusaram a fazer um boletim de ocorrência em que o fato fosse tipificado como racismo.
"O cara gritava e perguntava quem eu era. E quando eu disse que ele ia pagar pelo que fez, ele disse: 'Vá chamar quem você quiser, eu trabalho em um banco e isso não vai dar em nada, seu otário'. E de fato não deu", relatou o músico.
O fato foi enquadrado como "vias de fato", e Fábio foi orientado a fazer acordo com seu agressor, pois suas testemunhas já não poderiam mais depor a seu favor, já que também entraram no mesmo processo e, se desse prosseguimento ao caso, teria de arcar com os custos de um advogado e pagar dez cestas básicas, no valor de R$ 1.200.
"Eu não tinha condições. Tive que pagar R$ 300 ao advogado e, mesmo assim, estava fora do meu orçamento. Com o ocorrido, aprendi que tenho que ficar mais ligado. É um sentimento de revolta e tristeza. Agora já sei o que fazer, me rebelo mesmo contra qualquer ato racista", diz.
Segundo Samuel Vida, professor de direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e advogado, a falta de condições formais, como provas e testemunhas, são os principais entraves para transformar casos de racismo em processos judiciais.
"O racismo é um crime muito fácil de ser cometido sem deixar vestígios. Muitas vezes acontece sem a presença de testemunhas ou de pessoas que são facilmente neutralizadas", diz.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

MINISTRA FRANCESA NEGRA, XINGADA DE MACACA, DESABAFA E FAZ DURAS CRÍTICAS À SOCIEDADE DE SEUS PAÍS EM ENTREVISTA AO JORNAL LIBÉRATION

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: Ópera Mundi

A ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, fez duras críticas à sociedade de seu país em uma entrevista publicada nesta quarta-feira (06/11) no jornal Libération, na qual adverte que os recentes ataques racistas de que foi vítima são um risco à coesão social e que o repúdio em torno desse episódio foi demasiadamente brando.

“O que mais me assusta é que não houve uma voz que se levantasse de forma alta e forte para alertar sobre o estado de deriva que se encontra atualmente a sociedade francesa”, afirmou. “Esses ataques racistas são na verdade direcionados ao coração da República”.

Nascida em Caiena, na Guiana Francesa, ela também foi uma das responsáveis pela lei que leva seu nome, promulgada em 2001, que reconhece a escravidão e o tráfico de negros como crime contra a humanidade. “As vozes da consciência da sociedade francesa poderiam ter dito: cuidado, isto não é um episódio superficial, é um alerta. É a coesão social que está em jogo, a história de um país que está em causa”, disse.

Taubira ganhou destaque internacional por ter comandado o projeto de lei que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo na França que, embora tivesse obtido apoio popular, também provocou forte oposição de setores conservadores.

A ministra afirma que casos semelhantes aos quais foi vítima precisam ser levados à Justiça. “O racismo não é uma opinião, é um crime (…) Mas a justiça não será suficiente para reparar as doenças profundas que estão minando nossa democracia. Milhões de pessoas são desafiadas quando eu sou chamada de ‘macaca’. Milhões de meninas sabem que poderão ser tratadas da mesma forma nos pátios das escolas durante os intervalos”. Para a ministra, a situação chegou ao ponto atual por culpa do principal partido de extrema direita do país, a Frente Nacional.

O caso - No último dia 25, Taubira foi alvo de um protesto racista na cidade de Angers (noroeste da França) por integrantes da organização “Manif pour Tous”, contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Um grupo de adolescentes portando bananas gritava: “Para quem é a banana? É para a macaca!”. No dia 17 de outubro, ela já havia sido chamada de ‘macaca’ por Anne-Sophie Leclère, integrante da Frente Nacional, durante um programa de televisão: “preferia vê-la em cima dos galhos de uma árvore do que no governo”. Leclère foi imediatamente suspensa do partido, que tenta afastar sua imagem de casos de racismo.

Neta quarta-feira (06/11), um grupo ligado à juventude da Frente Nacional divulgou uma carta de repúdio aos ataques sofridos por Taubira em Angers. E acusou uma das manifestantes de ser prima de um deputado da direitista UMP (União por um Movimento Popular), principal partido da oposição e cujo eleitorado é disputado pela FN.

A mesma Frente Nacional entrou na Justiça contra a ministra quando ela afirmou anteriormente que, embora sua líder, Marine Le Pen, tente se mostrar como uma figura apresentável, a verdadeira ideologia do partido de extrema-direita é colocar “os negros nos galhos das árvores, os árabes no mar, os homossexuais no (rio) Sena e os judeus no forno”.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PRESIDENTA DILMA ROUSSEF ASSINA PROPOSTA DE COTAS PARA SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

Edição Adilson Gonçalves Fonte: Portal Brasil 
Projeto reserva 20% das vagas em concursos públicos para negros.

Presidente anunciou medida em conferência sobre igualdade racial.

A presidenta Dilma Rousseff assinou na noite de terça-feira (5) mensagem ao Congresso Nacional encaminhando, em regime de urgência constitucional, projeto de lei que reserva 20% das vagas do serviço público federal para negros. O despacho presidencial ao Congresso Nacional foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (6).
Segundo a presidenta, a medida ajudará a reduzir a desigualdade racial no País. “Nós não devemos ignorar que a cor da pele foi e infelizmente ainda é motivo de exclusão, de discriminação, de preconceito contra milhões de brasileiros. Para ser mais exata, preconceito contra mais da metade da população brasileira, que hoje se reconhece como afrodescendente”, reforçou Dilma.
O ato aconteceu durante a abertura da 3ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III Conapir) na noite desta terça-feira (5). “Nós queremos, com essa medida, iniciar a mudança na composição racial dos servidores da administração pública federal, tornando-a representativa da composição da população brasileira”, afirmou Dilma, em seu discurso.
Na avaliação da presidenta, a iniciativa do governo federal poderá servir de modelo para outros setores. “Esperamos também incentivar medidas similares a essas. Tenho certeza de que além dos demais Poderes e dos demais entes da federação, nós também poderemos influenciar empresas e organizações privadas”, disse Dilma.
O regime de urgência constitucional garante maior celeridade na tramitação do projeto porque estabelece prazo de votação de 45 dias para a Câmara e mais 45 para o Senado para o texto ser votado. Se a votação não for concluída nesse período, o projeto passará a trancar a pauta da Casa em que estiver tramitando e nenhuma outra proposta legislativa poderá ser votada em plenário. “Nós queremos que o debate dessa proposta seja amplo, seja intenso, mas seja rápido, célere”, justificou a presidenta.
Políticas de governo
Dilma ainda afirmou que a existência de um ministério, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que coloca como objetivo a questão do racismo e o combate às desigualdades raciais, é essencial.
A presidenta, durante a cerimônia, também assinou decreto que institucionaliza a política do Estatuto da Igualdade Racial, com o compartilhamento de responsabilidades, e que, segundo ela, vai estar baseado na participação da sociedade civil e na gestão democrática.
Dilma também anunciou a criação, no Ministério da Saúde, de uma instância específica para dar atenção à população negra. E afirmou que as comunidades quilombolas e os distritos indígenas terão prioridade na distribuição de profissionais da próxima etapa do Programa Mais Médicos. A presidenta ainda afirmou que o governo federal dará todo respaldo para o Plano Juventude Viva, combatendo o que vem sendo classificado de genocídio da juventude negra.
Conferência
Governo federal e a sociedade civil vão fazer um balanço das ações voltadas para a igualdade racial no País. A partir desta terça-feira (05), em Brasília (DF), acontece a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III Comapir, cujo tema será “Democracia e Desenvolvimento sem racismos: por um Brasil afirmativo”. 

Em conversa com o Blog do Planalto, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse que este é um importante momento de diálogo entre a sociedade e o Estado para que se avalie o que já foi feito e o que ainda precisa ser realizado para ampliar e consolidar a agenda de igualdade racial no Brasil.

"Nós queremos com essa medida iniciar a mudança na composição racial dos servidores da adminIstração pública federal, tornando-a representativa da composição da população brasileira"

Dilma Roussef


"Nós queremos com essa medida iniciar a mudança na composição racial dos servidores da adminstração pública federal, tornando-a representativa da composição da população brasileira. Esperamos também incentivar, como eu disse, medidas similares a essa, e esse é um importante efeito que se inicia hoje", afirmou a presidente a uma plateia formada de integrantes de movimentos sociais."Nós queremos com essa medida iniciar a mudança na composição racial dos servidores da adminstração pública federal, tornando-a representativa da composição da população brasileira. Esperamos também incentivar, como eu disse, medidas similares a essa, e esse é um importante efeito que se inicia hoje", afirmou a presidente a uma plateia formada de integrantes de movimentos sociais.

Antes de ser feito o anúncio, a representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Igualdade Racial, Maria Julia Nogueira, cobrou do governo agilidade na implementação de cotas para o funcionalismo público, destacando que seria de especial importância em prefeituras e governos estaduais. "Essa é uma importante sinalização positiva por parte do governo federal, que nós esperamos e desejamos", disse Nogueira.

A ministra lembrou, ainda, que esta terceira edição da Conferência acontece após a sanção do Estatuto da Igualdade Racial e que, por isso, durante o evento, será lançado um guia para orientar os gestores e gestoras públicos na implementação desta lei.
“Essa terceira Conapir acontece sob a vigência do Estatuto da IgualdadeRacial, o que significa que nós teremos muitas preocupações vinculadas àquilo que o Estatuto coloca como obrigação para o setor público, tanto governo federal, como governos estaduais e municipais. A esse propósito, inclusive, estaremos lançando um guia de implementação do Estatuto, de maneira que, daqui pra frente, todos os gestores e gestoras nos estados e municípios terão caminhos e dicas colocadas para orientar a sua atuação."

Lei de cotas em universidades
Em agosto de 2012, a presidenta Dilma sancionou a Lei de Cotas Sociais, que destina 50% das vagas em universidades federais para estudantes de escolas públicas.

Pelas regras, pelo menos 50% das vagas devem ser reservadas para quem tenha feito o ensino médio integralmente em escola pública. Além disso, para tornar obrigatórios e uniformizar modelos de políticas de cotas que já eram aplicados na maioria das universidades federais, o projeto também estabelece critérios complementares de renda familiar e étnico-raciais. Dentro da cota mínima de 50%, ocorre a distribuição entre negros, pardos e indígenas, proporcional à composição da população em cada estado, tendo como base as estatísticas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CCJ DA CÂMARA DOS DEPUTADOS APROVA COTAS DESTINADAS A NEGROS CANDIDATOS AOS PARLAMENTOS FEDERAIS E ESTADUAIS

Edição: Adilson Gonçalves Fonte: O Globo
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou  Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece reserva de vagas para parlamentares de origem negra na própria Câmara e nas assembleias legislativas.
Não há previsão de quando a proposta será votada no plenário. Antes, o texto ainda terá de ser submetido a uma comissão especial a ser formada especificamente para analisar a proposta. Para alterar a Constituição, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado, por maioria de três quintos dos membros de cada uma das casas (308 deputados e 49 senadores).
Segundo a proposta, o percentual das vagas destinadas aos parlamentares de origem negra corresponderá a dois terços do percentual da população que se declarou preta ou parda no último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Pelos dados do último censo, de 2010, esse percentual seria de 50,7%.
Se a PEC estivesse em vigor hoje, dois terços dos 50,7% corresponderiam a 173 vagas para negros entre os 513 deputados da Câmara.
A proposta aprovada na CCJ também determina que o percentual de vagas destinadas a parlamentares negros não pode ser inferior a 20% ou superior a 50% do total de vagas.
'Voto específico'
De acordo com o projeto, a reserva de cotas raciais teria validade por cinco legislaturas (o equivalente a 20 anos). Pelo texto, durante esse período, cada eleitor teria direito a um "voto específico" destinado a candidatos negros.
Segundo o autor do texto, deputado Luiz Alberto (PT-BA), deverão ser criadas duas listas de votação nas eleições para deputados federais e estaduais.
“Pela proposta, você tem direito a dois votos. Um voto vai para a lista geral, que pode ser negro, branco, mulher, índio, e um outro voto específico da lista da candidatura negra”, disse Alberto, parlamentar que se declara negro. “Hoje fazendo uma análise superficial, podemos perceber que menos de 5% dos deputados federais são negros.”

'Choque de democracia'
Na justificativa da PEC, Luiz Alberto, coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas, afirma que o projeto busca “superar insuficiência” na democracia brasileira.
“O que se propõe aqui é dar um choque de democracia nas casas legislativas e que esse choque recaia justamente sobre a questão decisiva em todas as discussões histórica e teoricamente mais relevantes sobre a democracia no Brasil, que é a das relações entre equidade racial e equidade social, econômica, cultural e política”, escreveu o parlamentar do PT ao assinar a proposta.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

MERCADO DE COSMÉSTICOS DESTINADOS AOS CABELOS DE MULHERES NEGRAS CRESCE NO BRASIL



 Edição: Adilson Gonçalves 
Fonte: Uol

A dificuldade de encontrar cosméticos específicos para cuidar dos seus cabelos motivou a jovem Carolina Lima, 27, a criar um site para oferecer produtos exclusivos para mulheres de cabelos crespos, cacheados ou alongados, o Prapreta.
"Eu tinha uma necessidade e o que eu encontrava no mercado não me agradava", diz a empresária.
Junto com a sócia Alana Lourenço, 26, uma amiga que acompanhava a sua saga para encontrar produtos específicos para cabelos crespos, ela investiu R$ 20 mil –R$ 15 mil de um empréstimo e R$ 5.000 em recursos próprios–  para começar o negócio.
Com o dinheiro, elas desenvolveram o site, fizeram as instalações da empresa e montaram um estoque para começar as atividades em outubro do ano passado.
Atualmente, o site revende 60 itens, como xampús, condicionadores, finalizadores e cremes de tratamento (para hidratação e reconstrução) de marcas nacionais e internacionais, para cabelos crespos e cacheados.
A empresa não informa o faturamento e a margem de lucro.  Os preços variam de R$ 6 (creme) a R$ 400 (kit com quatro produtos – xampú, condicionador, hidratante e óleo).

Sócias queriam nome de impacto e de fácil fixação

Amigas desde 2005, Carolina Lima e a sócia se formaram na Faculdade de Jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, em 2008. As duas atuaram no jornalismo até o final de 2011, quando decidiram mudar de atividade.
Com base na experiência consumidora de Lima e no conhecimento sobre comércio eletrônico de Lourenço, que fez cursos sobre a área, elas decidiram montar um plano de negócio com foco no consumo da mulher negra e na internet como canal de vendas.
Segundo Lima, o nome Prapreta surgiu logo depois que as sócias definiram qual o público que elas desejavam atingir. "Queríamos um nome que causasse impacto e que fosse facilmente fixado pelos consumidores", declara.

Comércio eletrônico exige investimento em tecnologia e logística

Segundo a consultora Elderci Garcia, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), apesar de o comércio eletrônico baratear os custos do negócio, os investimentos em tecnologia e em logística devem ser frequentes para quem opera nessa plataforma de vendas.
De acordo com a consultora, consumidores que compram produtos pela internet queixam-se de problemas, desde o pagamento até o prazo de entrega. Reclamações sobre transações com cartão de crédito e descumprimento do prazo de entrega são corriqueiros.
Como a venda é rápida e há muitos concorrentes, a consumidora vai logo em busca de outro fornecedor, afirma Garcia. "Os produtos de beleza são itens da cesta básica da mulher brasileira. E, por haver muita oferta, sai na frente quem oferece qualidade e facilidades", diz a consultora.

Cabeleireira cria linha de produtos para cabelos crespos

Outra empresária que resolveu apostar na oferta de produtos para o tratamento de cabelos crespos foi Sheila Silva de Oliveira, 36. Com investimento de R$ 20 mil (site, matéria-prima e instalações), ela abriu, em maio deste ano, a Makeda Cosméticos, em São Paulo (SP).
Oliveira afirma que começou a perceber a falta de opções de produtos para cabelos crespos ao trabalhar no salão de beleza da sua mãe. "No dia a dia, eu percebia que as mulheres com cabelos crespos sofriam para conseguir tratá-los e vi que poderia explorar melhor este mercado", diz.
Oliveira criou, então, uma linha de produtos a base de óleos vegetais para mulheres de cabelos crespos, black power, cacheados e ondulados composta por xampú, ativador de cachos, creme, hidratante, condicionador e óleo.
Os preços variam de R$ 69,90 (ativador de cacho) a R$ 151 (máscara nutritiva) e podem ser encontrados na loja virtual e na loja física, em São Paulo (SP).
Para reduzir os custos operacionais, a empresária terceiriza a produção da sua linha. Por mês, ela fatura de R$ 4.000 a R$ 5.000.
A empresária não é a primeira a investir em uma linha específica para cabelos crespos.
Antes dela, a ex-faxineira Zica Assis, 52, que inspirou a criação da personagem de Heloisa Périssé na novela Avenida Brasil, a cabeleireira Monalisa, abriu a rede de salões de cabeleireiros Instituto Beleza Natural, especializado em cabelos crespos e ondulados.
Assis, inclusive, já ganhou destaque até na mídia internacional por figurar entre as dez mulheres de negócios mais poderosas do Brasil, segundo a revista americana "Forbes".

Fábrica de fundo quintal prejudica imagem, segundo especialista

Segundo a consultora de negócios em beleza Rose Gonçalves, da empresa Assessoria em Beleza, a terceirização de uma produção precisa passar por um criterioso controle de qualidade.
"A empresa pode ser pequena, mas não precisa ser vista como uma fábrica de fundo de quintal", afirma.
Segundo Gonçalves, para lançar produtos diferenciados e sair na frente dos concorrentes, é comum alguns pequenos empresários apressarem as pesquisas para lançar a linha o quanto antes.  Esta prática, de acordo com ela, pode comprometer a qualidade.
"O produto precisa passar por uma fase de testes de, no mínimo, um ano para evitar problemas com as consumidoras.  Muita química pode causar queda de cabelo, por exemplo", diz a consultora.
Gonçalves diz também que é importante fazer estudos de mercado, principalmente dos concorrentes. Segundo a ABIHPEC, 20 empresas de grande porte, com faturamento líquido acima de R$ 100 milhões, representam 73% do faturamento do setor no Brasil.
Para ela, diante de um mercado forte, o melhor é investir em internet e em lojas enxutas. "Portais tipo perfumaria são mais eficientes para quem está iniciando por terem um custo baixo", afirma a especialista.

Onde encontrar:

Prapreta - Fone: (11) 2506-4024
www.prapreta.com.br
Makeda Cosméticos
www.makedacosmeticos.com.br


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

HOMICÍDIOS ENTRE NEGROS E PARDOS É MAIS DE TRÊS VEZES MAIOR QUE ENTRE OS NÃO NEGROS, AFIRMA ESTUDO DO IPEA

Edição Adilson Gonçalves Fonte: R7
A probabilidade de um brasileiro de cor negra ou parda ser assassinado no País é oito pontos percentuais maior do que a de um não negro (brancos e amarelos). O dado é destacado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em seu Boletim de Análise Político-Institucional, divulgado nesta quinta-feira (17).
A pesquisa lembra que mais de 60 mil pessoas são assassinadas no Brasil a cada ano e destaca que “há um forte viés de cor/raça nessas mortes”. Segundo o diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira, que assina o levantamento, o  negro é discriminado duas vezes no Brasil: pela condição social e por sua cor da pele.
Os dados do estudo dão conta de que a taxa de homicídios entre negros e pardos (36,5 por 100 mil) é mais do que o dobro do que entre não negros (15,5 por 100 mil). Como consequência desse quadro, a perda de expectativa de vida para negros devido à violência letal é 114% maior.
Os pesquisadores envolvidos na pesquisa destacaram que, se no Brasil a exposição da população como um todo à possibilidade de morte violenta já é grande, ser negro significa pertencer a um grupo de risco, já que a cada três assassinatos, dois são de negros.
Somada a população residente nos 226 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o Ipea calcula que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior em comparação com os brancos.
Segundo o instituto, os dados indicam que enquanto o homem negro perde 1,73 ano de expectativa de vida ao nascer, a perda do branco quando se considera o risco de homicídio é de 0,71 ano. Esses números levam o Ipea a questionar se existe racismo institucional no Brasil.
Desconfiança

Outro indicador destacado pelo Ipea contribui para a hipótese do racismo institucional: enquanto apenas 38,2% dos não negros vítimas de agressão tendem a não procurar a polícia para registrar o crime, quando se trata de negros a proporção sobe para 68,8%.
Entre as razões para não buscar auxílio policial estão a falta de crença no trabalho da polícia e o receio de sofrer represálias. Entre os negros, esse medo é maior (60,7%) do que entre os não negros (39,3%). Não por acaso: segundo o levantamento, negros compõem a maior parte das vítimas de agressão por parte de policiais.
A Pesquisa Nacional de Vitimização mostra que 6,5% dos negros que sofreram uma agressão no ano anterior à coleta dos dados pelo IBGE, em 2010, tiveram como agressores policiais ou seguranças privados, contra 3,7% dos brancos. Para o Ipea, enquanto existir essa diferença de dados entre cidadãos de cor diferente, a democracia estará incompleta.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

MINISTRA DA CULTURA, MARTHA SUPLICY, AFIRMA QUE CRITÉRIO PARA LEVAR AUTOR A FRANKFURT FOI LITERÁRIO E NÃO ÉTNICO

Edição: Adilson Gonçalves Fonte Folha de São Paulo
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, afirmou na manhã desta quarta-feira (2/10), em entrevista na Biblioteca Nacional, no Rio, que não foi usado nenhum parâmetro étnico na escolha da delegação de escritores brasileiros para a Feira do Livro de Frankfurt. Marta comentou a polêmica, levantada na imprensa alemã, de que teria havido racismo na seleção dos integrantes da comitiva oficial brasileira para o evento, que neste ano tem o Brasil como país convidado. Na delegação brasileira há 70 autores e somente um negro, Paulo Lins. A imprensa alemão também destacou o fato de só haver, entre os 70, um descendente de indígena, Daniel Munduruku.
"O critério não foi étnico, o critério foi outro e eu achei correto. O primeiro era a qualidade estética, depois autores que tivessem livros traduzidos para o alemão e língua estrangeira. A Feira de Frankfurt é uma feira comercial e nós temos que dar prioridade a quem já está lá e vai poder se colocar também pela diversidade", disse Marta Suplicy.
A ministra afirmou ainda que o país vive um momento de transformação, o que vai permitir que, nas próximas gerações, haja um número maior de negros em eventos como esses. "Hoje infelizmente não temos. Devemos entender que toda lista tem sempre um recorte que provoca discussão", afirmou.
Em sua página no facebook, Paulo Lins ironizou a situação. Ao postar o link desta reportagem da Folha, comentou: "Aposto que se der algum problema o culpado vai ser eu".

De acordo com a coordenadora do Centro Internacional do Livro da Biblioteca Nacional, Moema Salgado, o critério de traduzir os livros surgiu em acordo com a organização da feira. "Achei até estranho os próprios alemães levantarem essa questão. É uma demanda da feira internacional. Quem vê um debate, quer ter um livro traduzido para comprar", disse.
Sobre o Brasil ter decidido a delegação brasileira em março, quando foram anunciados os 70 nomes de escritores que viajariam pelo Ministério da Cultura, e e deixado para fazer a licitação apenas às vésperas do evento, a ministra disse que o processo foi retardado por mudanças administrativas na pasta, na Biblioteca Nacional e no Itamaraty.
"Foram três mudanças ao mesmo tempo: no ministério, na Biblioteca Nacional e do embaixador [na verdade o cônsul brasileiro em Frankfurt]. Essas mudanças todas acarretaram várias confusões, mas viramos a página e fomos em frente. Quando se dizia que a licitação ia ficar no vazio, que os autores iam ficar sem hospedagem, não aconteceu nada disso, nós temos tudo resolvido e da melhor maneira possível, com um hotel quatro estrelas dentro do nosso orçamento. Estamos satisfeitos", afirmou Marta.
Em tom irônico, a ministra disse que sobraram vagas de hospedagem. "Quem quiser ir, ainda tem lugar."

O Ministério da Cultura divulgou que um hotel da rede Holiday Inn ofereceu 656 diárias a R$ 315 mil, além de translado ao evento --no resultado da licitação de hospedagem da delegação brasileira. A ministra disse que o orçamento final ficou dentro dos R$ 18,9 milhões anunciados há meses.
O presidente da Biblioteca Nacional, Renato Lessa, que também participou da entrevista, destacou que, apesar de as licitações terem sido feitas só agora, às vésperas do evento, "seu processo já vem desde abril". Ele disse que representantes do ministério viajaram nesse período à Alemanha para tratar exclusivamente do assunto.


PRESIDENTE DA FEIRA DE LIVROS DE FRANKFURT NEGA RACISMO NA ESCOLHA DE ESCRITORES BRASILEIROS

Edição:Adilson Gonçalves Fonte:Da Deutsche Welle

Em entrevista a representantes da imprensa estrangeira em Berlim, o presidente da Feira do Livro de Frankfurt, Jürgen Boos, rejeitou a acusação de que teria havido racismo na seleção dos integrantes da comitiva oficial de autores brasileiros para o evento, que neste ano tem o Brasil como país convidado. "Com toda certeza, não houve nenhum racismo", afirmou.
Uma reportagem publicada mês passado pelo conceituado jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" argumenta que, embora 70 escritores tenham sido convidados pelo comitê organizador da participação brasileira, haveria apenas um negro (Paulo Lins) e um descendente de índios (Daniel Munduruku). O artigo conclui que, por isso, o setor livreiro internacional só conhecerá em Frankfurt "um pedaço da grandiosa criatividade brasileira", como alguém que "anda pela Floresta Amazônica ou por Salvador da Bahia com o som ambiente desligado".
"Temos esta mesma discussão todos os anos. Não tem nada a ver com o Brasil ou com minorias", ressaltou. "Quando é feita uma seleção, então é natural que alguns fiquem de fora", observou Boos. Ele reconheceu, entretanto, haver a possibilidade de se realizar uma seleção de acordo com proporcionalidade, como a que ocorreu em 2012, ano em que o país convidado era a Nova Zelândia.
CRITÉRIOS
"No ano passado, sentimos uma grande presença maori. Mas é um dos grandes grupos étnicos da Nova Zelândia, e o país tem tradição de proporcionalidade", comentou. "Não sei quantas centenas de etnias há no Brasil. Mas há outros critérios, como o reconhecimento que o autor tem no país, se ele já foi traduzido, o que é importante, e a forma como ele representa a nação, a língua", sublinhou Boos. "Tenho certeza que, por isso, sempre há os que são deixados de fora, mas isso não é racismo."
A seleção dos nomes para a comitiva oficial é de encargo do lado brasileiro da parceria firmada com a Feira do Livro de Frankfurt.
Boos elogiou o fato de a apresentação brasileira ser pautada por uma imagem que deixa de lado os aspectos mais folclóricos. "O que acho muito legal é que a apresentação do país convidado não brinca com clichês e mostra um Brasil bastante intelectual. Não é caipirinha e samba", comparou. "A cultura brasileira se mostra de outra forma, mais afiada, mais intelectual e sofisticada."
Ele lembra, no entanto, que a parte mais típica não será totalmente esquecida. "Vai haver também sessões de cozinha", observou, referindo-se às promoções de livros de gastronomia brasileira, a ser feita por chefes de cozinha no estande chamado Cozinhando com as Palavras. O futebol também promete ser outro tema de destaque do espaço brasileiro.
MAIS TRADUÇÕES
O presidente da Feira do Livro de Frankfurt também ressaltou o grande número de livros de autores brasileiros lançados na Alemanha por ocasião do encontro. Ele afirmou que até agora são cerca de 300 títulos brasileiros traduzidos do português, quase metade deles, obras de ficção. Esse aumento se deve às diversas bolsas de incentivo lançadas especialmente para o evento. "Sem essa ajuda, não teria sido possível alcançar esse volume de traduções", admitiu.

Boos espera, porém, que o impulso para literatura brasileira na Alemanha tenha frutos futuros e dá exemplo do que ocorreu com nações convidadas por Frankfurt em anos anteriores. "Vemos que há uma certa sustentabilidade. Um exemplo é um livro de um autor neozelandês só publicado agora, um ano depois que a Nova Zelândia foi país convidado", frisa.
Jürgen Boos também não esqueceu do lado mais comercial do setor livreiro. Segundo ele, há um grande interesse das editoras alemãs em investir em livros didáticos no Brasil, um mercado considerado promissor pelos europeus.
"O país compra cerca de 150 milhões de livros por ano, só para escolas. Incluindo o sistema de bibliotecas, acho que são cerca de 400 milhões de livros por ano. O Estado é o grande comprador de livros no Brasil", lembrou. "E quem não sonha em conseguir um contrato desse tamanho? Por isso, as grandes editoras de livros didáticos daqui estão de olho no Brasil." Ele espera que a feira seja um espaço para importantes contatos de negócios entre europeus e brasileiros.
A Feira do Livro de Frankfurt será realizada entre 9 e 13 de outubro. Neste ano, a organização destaca o aumento da participação internacional em relação aos anos anteriores. Cerca de 60% dos quase 7.400 expositores vêm do exterior.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CONCURSO A MAIS BELA PÉROLA NEGRA DE SÃO PAULO TEMO APOIO DA ÂNCORA DO SBT, JOYCE RIBEIRO, E DEISE NUNES, EX-MISS BRASIL

Edição: Adilson Gonçalves Texto: Portal AFricas
Foi lançado oficialmente  em São Paulo o novo concurso de beleza que promete revolucionar as estruturas do mercado da moda: “A Mais Bela Pérola Negra de São Paulo”, foi apresentado à imprensa e convidados durante um café da manhã servido no Buffet Manaus. Com a presença da primeira e única miss Brasil negra, Deise Nunes, e da âncora do SBT, Joyce Ribeiro, o concurso irá escolher uma modelo autodeclarada negra para estampar as páginas dos editoriais de moda.
Com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo (SEPPIR), o evento consiste na realização de um concurso que irá ultrapassar as linhas da passarela.
De acordo com o idealizador do projeto, Carlos Romero, além de possibilitar à escolhida o ingresso no mundo da moda a mesma terá um leque de oportunidades para o crescimento pessoal e profissional.
“Mesmo antes de A Mais Bela Pérola Negra de São Paulo ser escolhida já tenho uma agenda para ela até março de 2014! A ganhadora irá viajar para Angola, ter aulas de postura num workshop com a Deise Nunes, além de tratamento odontológico gratuito e a disponibilidade de ingressar num curso de graduação superior”, explicou Romero
Para a eterna miss Brasil, hoje empresária e apresentadora de TV, Deise Nunes, esta será uma oportunidade de provocar mudanças no mercado.
“Mesmo na época que fui eleita é claro que havia mulheres negras mais bonitas do que eu, mas eu tive a chance de nos representar e agora dou total apoio para que, mesmo tantos anos depois, tenhamos uma nova miss negra”.
Para a jornalista Joyce Ribeiro a iniciativa em auxiliar as candidatas com o workshop faz a diferença.
“As meninas entre 18 e 22 anos têm dificuldade em tomar decisões, com esta possibilidade que o concurso irá disponibilizar elas terão a oportunidade de ter um norte em suas vidas”.
Nos próximos dias será divulgado o período de inscrições para as interessadas e a grande final que irá acontecer em 10 de novembro contará com um júri composto por celebridades, jornalistas e pessoas ligadas ao mundo da moda.

PRIMEIRA REITORA NEGRA DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DIZ QUE COMPETE À SOCIEDADE DEBATER O RACISMO

 Edição: Adilson Gonçalves Texto: Heloisa Cristaldo /Repórter da Agência Brasil

Brasília – A reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Nilma Gomes, entra para a história do país como a primeira mulher negra a comandar uma universidade federal. Empossada em abril, ela acredita que sua escolha para o cargo representa um avanço na luta em favor de políticas raciais no Brasil.

“É o reconhecimento de um grupo etnorracial, de brasileiros negros e negras, que há anos lutam por construção de espaços, por maior democracia, maior igualdade racial na sociedade brasileira”, disse Nilma em entrevista exclusiva à Agência Brasil
Apesar dos avanços conquistados ao longo de séculos, Nilma afirma que ainda existe uma grande desigualdade racial no país. A reitora defende que compete à sociedade debater o racismo e procurar maneiras de superá-lo. A seguir, os principais trechos da entrevista com a reitora.
Agência Brasil – A senhora acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais espaços no Brasil?
Nilma Gomes – Eu penso que sim, aos poucos. É um espaço conquistado com um histórico de muitas lutas, de forçar a sociedade brasileira a compreender que democracia e racismo não combinam. Se somos uma sociedade democrática, que caminha para lutas por igualdade e cidadania, não podemos deixar nenhum grupo fora dessas conquistas. Acho que nós, negros e negras, estamos alcançando, de fato, justiça social ou igualdade na sociedade brasileira. Já temos espaço se compararmos com dez, vinte anos atrás, mas ainda acho que falta muito para que igualdade racial e oportunidades igualitárias se concretizem em nosso país.
ABr – Sobre o sistema de cotas no ensino superior, qual o seu posicionamento?
Nilma – Sou favorável às políticas de acesso com ações afirmativas de um modo geral. Não só para os negros, como para mulheres, população LGBT (lésbicas, gays, bissesuais e transgêneros), segmentos que reconhecemos com um histórico de desigualdade. Sobre as cotas, sou favorável para negros no mercado de trabalho e no serviço público. Temos que mapear a presença de população negra nos mais diversos setores da sociedade. Hoje temos o Estatuto da Igualdade Racial, legislação de cotas nas universidades, o princípio da constitucionalidade das ações afirmativas aprovado por unanimidade no Supremo Tribunal Federal. Acho que a sociedade brasileira não precisa ter dúvidas sobre a necessidade ou não de implementar cotas em determinado setor, uma vez que tenha sido comprovada uma sub-representatividade da população negra.
ABr – Como avalia a situação do negro no Brasil hoje, 125 anos após a abolição da escravidão?
Nilma – Ao pensarmos os 125 anos, não é possível dizermos que não temos avanços. Se falássemos que nenhum avanço foi conseguido, estaríamos indo contra a própria luta por igualdade de direitos da população negra e também de outros setores que são partícipes da luta antirracista. Os avanços aconteceram. A minha avaliação é: quando olhamos educação, mercado de trabalho, acesso a saúde, os dados vão mostrando que algum tipo de mudança foi acontecendo ao longo dos anos. Mas ainda persiste uma grande desigualdade quando comparamos o segmento negro e o branco da população: a minha reflexão é que as práticas e políticas que temos ainda não atingiram aquilo que originou a luta anti-racista. O gap [distância] ainda é muito profundo e radical. Temos avanços, sim, mas não podemos nos sentir confortáveis do caminho que ainda falta percorrer. Uma sociedade que se quer, de fato, republicana, tem de conversar sobre suas mazelas e pensar formas de superá-las.
ABr – A senhora conta no seu livro infantil Betina a história de uma avó que trança os cabelos da neta ao falar sobre seus ancestrais. Qual o resultado desse estudo?
Nilma – Essa foi minha tese de doutorado, sob a orientação do professor Kabengele Munanga, da USP [Universidade de São Paulo]. Para alguns dos resultados desse trabalho posso chamar a atenção. Um deles é a força da ancestralidade africana na nossa vivência como negros e negras brasileiros: foquei na questão do corpo e do cabelo. Pude perceber que o penteado que, nós negras brasileiras, adotamos, alguns inspirados inclusive numa estética norte-americana e outros em estética africana, faz parte de um movimento que chamei na tese de uma circularidade cultural de elementos africanos. Temos uma dupla inseparável, que é corpo e cabelo. Quando há uma junção de corpo e cabelo ocorrem práticas racistas: uma coisa é uma pessoa negra com os cabelos alisados, uma pele mais clara, uma pessoa negra que, por miscigenação, tenha cabelos lisos. Outra coisa é uma pessoa negra que tem a tez de pele mais escura. Esse tipo de combinação corpórea a sociedade brasileira faz leituras corporais. Dentro de um imaginário de uma sociedade que ainda é racista, corpo e cabelo são elementos simbólicos fortes. Na minha tese, eu procurei] entender qual foi a força que impulsionou a miscigenação racial no Brasil.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A ESCRAVIDÃO NO BRASIL EM FOTOS REAIS INÉDITAS

VETO DA FIFA AOS NOMES DE LÁZARO RAMOS E CAMILA PITANGA PARA APRESENTAÇÃO DO SORTEIO DOS GRUPOS DA COPA DO MUNDO, EM DEZEMBRO, NA BAHIA, PROVOCA POLÊMICA

 Edição: Adilson Gonçalves Fonte: Coluna Radar/ Revista Veja
Uma decisão do Comitê Organizador Local (COL), que cuida dos preparativos para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, causou polêmica. Após os nomes dos atores Lázaro Ramos e Camila Pitanga terem sido vetados para apresentar o evento de sorteio dos grupos da competição, internautas estão acusando a Fifa de racismo. Globo. Os atores foram oferecidos pela emissora para apresentar o sorteio da Copa do Mundo, marcado para dezembro, na Bahia. O Comitê Local da Copa não topou a ideia da organizadora do evento.
De acordo com a  Coluna Radar da revista “Veja”, o COL negou as acusações e justificou a recusa alegando que tratava-se de um evento esportivo, não de uma novela global.
A entidade alega que a escolha por outros nomes não tem nenhuma ligação com questão racial e informou que prefere "um nome mundial mais forte", já que o sorteio dos grupos serão transmitidos para todo o mundo.

O fato, no entanto, gerou indignação nos internautas não apenas pela recusa dos dois atores globais, que são negros, mas pelo fato de a própria Fifa ter escolhido a apresentadora Glenda Kozlowski, também funcionária da Rede Globo, para apresentar o sorteio da Copa das Confederações, em 2012.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

VEREADOR BAIANO ACUSA COM COLEGA DE RACISMO, EM CIDADE DO INTERIOR DO ESTADO

 Edição Adilson Gonçalves Fonte : Portal  A Tarde
Uma discussão entre dois vereadores de Santo Antônio de Jesus vai parar na Justiça, Ministério Público e repercute na Assembleia Legislativa, onde o deputado Yulo Oiticica (PT), membro da Comissão de Direitos Humanos da Casa, pretende liderar um ato público de repúdio.
O conflito ocorreu porque o vereador Cristiano Sena (PT) acusou o colega Délcio Mascarenhas de Almeida Filho (PP) de racismo. No calor da discussão entre os dois, motivada pelo julgamento das contas de 2011 do ex-prefeito Euvaldo Almeida Rosa, Sena teria sido xingado de "preto, descarado e vagabundo". Délcio diz que discutiu com o colega, mas não lhe dirigiu expressões racistas.
Ao tomar conhecimento do caso, Oiticica marcou um ato público de repúdio contra Délcio, para segunda, em Santo Antônio de Jesus. Anunciou ainda que apresentará uma moção de repúdio à Assembleia Legislativa e levará a denúncia à Comissão Especial de Promoção da Igualdade (Cepi) e ao Ministério Público, logo após a mobilização. "Racismo é um crime, e criminoso não pode estar representando o povo no parlamento, mas sim estar atrás das grades", declarou o petista.  O deputado Marcelino Galo (PT) também discursou ontem na Assembleia Legislativa contra a suposta agressão. "Não podemos conceber forma tão violenta de manifestação de racismo. Foi uma atitude desprezível", disse. Outro petista, o deputado federal Amauri Teixeira, apresentou moção de repúdio contra a suposta agressão.
Representação

Délcio divulgou nota pública onde nega a acusação. Na sua versão, Cristiano entrou no plenário acusando-o de ter participado de uma "manobra" para beneficiar o ex-prefeito Euvaldo Rosa no julgamento das contas dele.
"Em resposta, dirigi-me ao referido vereador exigindo respeito, tendo a discussão ficado bastante acalorada. Para evitar maiores problemas, resolvi retirar-me da Câmara e deslocar-me para a minha residência", escreveu, alegando que o petista "distorceu toda a realidade".
Por essa razão, resolveu dar entrada, ontem, em uma "representação criminal" contra o vereador Cristiano Sena, acusando-o pela prática de "calúnia, difamação e injúria".