sexta-feira, 29 de junho de 2012

UEFA MULTA FEDERAÇÕES ESPANHOLA E RUSSA EM UM TOTAL DE 50 MIL EUROS POR MANIFESTAÇÕES RACISTAS DE SUAS TORCIDAS CONTRA MARIO BALOTELLI


Edição Adilson Gonçalves Fonte Globo Esporte 
O Comitê de Controle e Disciplina da Uefa anunciou nesta quinta-feira que vai multar duas federações: espanhola e russa. A punição é motivada por atos racistas das torcidas das duas seleções em partidas válidas pela primeira fase da Eurocopa.
A Fúria terá que pagar 20 mil euros (mais de R$ 50 mil) por conta de incidentes ocorridos no jogo contra a Itália, justamente suas adversária na decisão deste domingo. Na ocasião, alguns espanhóis imitaram macacos sempre que Batotelli tocava na bola.
A federação russa foi punida em 30 mil euros (R$ 77 mil), pela conduta imprópria de sua torcida na partida de estreia contra a República Tcheca, no dia 8 de junho. O alvo dos torcedores russos foi o tcheco Theodor Gebre Selassie.
A Uefa abriu a investigação no dia 12 de junho após receber uma reclamação oficial por parte da República Tcheca e da Itália. Selassie afirmou que ouviu cantos racistas no duelo contra os russos.
A punição foi divulgada em nota pela Uefa, que acrescentou ambas as entidades têm prazo de 24 horas para recorrer.

MARIO BALOTELLI RECEBE PUBLICAMENTE PEDIDO DE DESCULPAS DO JORNAL GAZETTO DELLO SPORT POR CARTOON RACISTA


Edição Adilson Gonçalves Fonte: Mais Bola
O jornal italiano «Gazzetta dello Sport» pediu desculpas a Mario Balotelli por ter publicado domingo um cartoon do jogador em que este surge como o gorila King Kong. 

Na imagem, Balotelli aparece como King Kong em cima do Big Ben, um dos pontos turísticos mais famosos de Londres. O cartoon era sobre o Itália-Inglaterra dos quartos de final do Euro2012, com vitória dos italianos por 4 a 2 nos penalties após um empate a zero.

«Podemos dizer, honestamente, que este não foi um dos melhores resultados do nosso grande cartunista. Se alguém se sentiu ofendido, pedimos desculpas. Este jornal sempre lutou contra o racismo nos estádios e denunciou gritos de macacos contra Balotelli», escreveu o jornal.

Descendente de ganeses, Balotelli tem 21 anos, nasceu em Itália e foi adotado por uma família italiana. O atacante foi vítima de racismo de adeptos várias vezes nos estádios
.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

FIGURA EMBLEMÁTICA DOS DIREITOS CIVIS, JAMES MEREDITH, PRIMEIRO AFRO AMERICANO A CURSAR UMA FACULDADE, COMPLETA 79 ANOS


Essa foto de James Meredith sendo baleado por um atirador de elite,
 chamado Aubrey James Norvell, foi a ganhadora doPrêmio Pultizer de 1962.
Edição:Adilson Gonçalves Fonte: Bruno Ruivo

James Meredith foi o 
primeiro afro-americano a se formar pelaUniversidade do Mississippi. A Universidade do Mississippi proibia a entrada de negros, mas uma decisão da Suprema Corte dos EUA (Brown Contra o Conselho de Educação de Topeka) havia proibido a segregação em escolas que recebessem verbas públicas. Mas Meredith e a equipe legal da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People, ou "Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor") sabiam que não basta mudar a lei, é preciso forçar a sua aplicação. Em 1961, Meredith tentou se matricular duas vezes na Universidade do Mississippi, sem sucesso, apesar de suas ótimas notas. O advogado contratado em seu nome pela NAACP, o lendário Medgar Evers, recorreu à Justiça alegando práticas segregacionistas, e o caso chegou à Suprema Corte.

O governador do Mississippi, Ross Barnett, estava disposto a impedir Meredith de se matricular, inclusive patrocinando um projeto de lei na assembléia legislativa do Mississippi feita sob encomenda para barrá-lo, mas o Ministro da Justiça dos EUA, Robert Kennedy, interveio com Barnett para impedi-lo de mudar a lei, que proibiria pessoas condenados pelo Código Penal de Mississippi de entrarem em escolas estaduais (Meredith havia sido condenado por ser negro e pedir registro de eleitor, o que era proibido no Mississippi).

A Suprema Corte decidiu a favor de Meredith e no dia primeiro de outubro de 1962, ele fez História e entrou para a Universidade do Mississippi. Os brancos locais fizeram uma insurgência e o Presidente da República John F. Kennedy enviou 500 homens do Serviço de Aguzis federal para conter a revolta, e para reforços chamou a Guarda Nacional, a Polícia do Exército, o 503o. Batalhão da Polícia Militar, a a Patrulha da Fronteira. Duas pessoas morreram--inclusive um jornalista francês--e 160 agentes (aguazis) federais e 40 soldados e membros da Guarda Nacional foram feridos. Foi uma reprise da histórica Batalha de Little Rock em 1957.

James Meredith superou o racismo dos colegas de universidade e se formou em ciência política. Aprofundou os estudos na Universidade de Ibadan na Nigéria. Voltou aos EUA em 1965 para participar do movimento pela aplicação da Lei do Direito ao Voto, daquele mesmo ano. No dia seis de junho de 1966, ele começou uma marcha solitária de Memphis, no Tennessee, para Jackson, no Mississippi, anunciando que pretendia se registrar como eleitor, como a nova lei permitia. Eram mais de 220 milhas que ele pretendia percorrer a pé para chamar a atenção da comunidade afro-americana e encorajá-la a enfrentar as ameaças--inclusive de morte--que sofriam toda vez que tentavam se registrar como eleitores. a certa altura da marcha ele próprio levou um tiro de Aubrey James Norvell. A sua agonia, registrada nas lentes de Jack R. Thornell numa foto que lhe valeria o Pulitzer no ano seguinte, ganhou as manchetes de todo o país e imediatamente a SCLC (Southern Christian Leadership Conference, ou "Conferência de Lideranças dos Cristãos do Sul") de Martin Luther King Jr. e a SNCC (Student Non-Violent Coordination Committee, ou "Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil) de Stokely Carmichael, bem como o Human Rights Medical Committee ("Comitê Médico de Direitos Humanos"), Cleveland Sellers e Floyd McKissick se juntaram à marcha para terminar o trajeto de Meredith começou. Com o tempo, pessoas de todo o país, negras e brancas, se juntaram à marcha, que ficou conhecida como Marcha Contra o Medo.

A Marcha Contra o Medo enfrentou vários obstáculos. Alimentados por mutirões e dormindo em acampamentos, seus integrantes ganharam as páginas dos jornais e viraram notícia internacional. Carmichael chegou a ser preso em 16 de junho, em Greenwood no Mississippi, por supostamente invadir propriedade pública; após algumas horas na cadeia ele voltou à marcha, que havia parado para fazer um comício, e nele fez seu célebre discurso "Black Power", que popularizou a expressão. A SNCC com o 'slogan' "Black Power" ("Poder Negro") e a SCLC com "Freedom Now" ("Liberdade Agora") estavam expondo a público suas distinções. Em Canton, no Mississippi, a polícia estadual atacou a marcha, inclusive com gás lacrimogênio, deixando dezenas de feridos, um em estado grave. Os feridos foram acolhidos pelas freiras de uma escola católica nos arredores.

James Meredith sobreviveu ao tiro. Não só: recebeu alta do hospital a tempo de se juntar à Marcha Contra o Medo na véspera de sua chegada a Jackson, no dia 25 de junho. Naquela altura, a marcha já contava com 15 mil manifestantes. Eles foram recebidos por um show gratuito de James Brown. Pelo menos quatro mil eleitores negros do Mississippi foram direto da marcha para obter seu registro eleitoral.

James Meredith completa hoje 79 anos. Um personagem feito de carne e osso e coragem o bastante para dar a cara à tapa e enfrentar o racismo. No processo, reuniu ao seu redor as forças sociais que fizeram dele o epicentro de dois episódios históricos na luta contra o racismo. Hoje, há uma estátua em sua homenagem na Universidade do Mississippi. O combate ao racismo é um combate autêntico, porque não depende se super-heróis para ser travado. Não cabe sequer às personalidades mais magnéticas como Martin Luther King, Jr., Malcolm X, Stokeley Carmichael e W.E.B. DuBois. Depende de maneira mais decisiva da participação de todas as pessoas de carne e osso, conquanto tiverem coragem para dar a cara à tapa.