sexta-feira, 30 de março de 2012

PROTESTO CONTRA A DITADURA MILITAR TERMINA EM AGRESSÕES A MANIFESTANTES NO RIO DE JANEIRO

Edição: Adilson Gonçalves
Dois dias antes do aniversário de 48 anos do golpe de 1964, um debate marcado por elogios à ditadura terminou com cerca de 300 pessoas, a maioria militares da reserva e alguns ex-integrantes do regime, sitiados por manifestantes que os acusavam de tortura e assassinato, na sede do Clube Militar, na Cinelândia, no centro do Rio. A Polícia Militar fez um corredor com policiais com escudos e cassetetes entre a porta principal da instituição, na Avenida Rio Branco, e uma das bocas da estação do Metrô, para garantir a saída em segurança das pessoas, e usou bombas de gás e de efeito moral contra os ativistas. Foi impossível, porém, evitar que os manifestantes, ligados a PT, PCdoB, PSB, PDT e movimentos sociais, os insultassem com palavrões e gritos de "assassino", "torturador", além de berros como "mulheres foram estupradas pela repressão". Cercados ao tentarem sair pela lateral, alguns militares da reserva ganharam banhos de tinta e tiveram de correr.
"Um caminhão da P.E. (Polícia do Exército) aí acabava com isso", suspirou uma senhora que tentou sair pela portaria secundária, pela Rua Santa Luzia, mas não pode prosseguir por causa dos manifestantes e do forte cheiro de gás de pimenta que infestava o local. "Chamem a P.E., o Comando Militar do Leste", pediu um senhor de cabelos grisalhos na portaria principal. Ali, sob o "olhar" severo dos bustos de Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, a confusão e o nervosismo eram grandes. O tapete vermelho foi recolhido, havia marcas de ovos no vidro da porta e até um capacete abandonado por um PM. "Eles estão cada vez mais fortes", comentou um idoso. "Só espero que não negociem", reclamou outro. Dois dos cerca de 300 ativistas foram detidos e levados para a 5ª D.P.

Em meio à confusão, alguns militares da reserva conhecidos saíram escoltados e amparados por seguranças. Um deles era o general Nilton de Albuquerque Cerqueira, ex-presidente do Clube que foi secretário de Segurança Pública do Rio nos anos 90 e, ainda como major servindo no DOI-Codi de Salvador, empreendeu a caçada que culminou na morte do ex-capitão do Exército Carlos Lamarca na Bahia, em 1971. Aparentemente, não foi reconhecido. Também o general da reserva Gilberto Figueiredo, que presidiu o Clube, saiu sob escolta e foi insultado. Além dos ovos, os manifestantes, na maioria estudantes, jogaram tinta vermelha e fizeram "chamadas" com os nomes de mortos e desaparecidos políticos do regime militar. Em pelo menos uma vez, um dos participantes do debate recebeu uma cusparada; outro foi cercado na esquina da Rio Branco com Santa Luzia, escapando após a detonação de bombas de gás. Dois manifestantes foram derrubados por disparos de pistolas Taser (elétricas)

"Torturador! Assassino!", berrou um manifestante para um homem de cabelos brancos que entrava no acesso ao Metrô, sob escolta de PMs. "É a tua mãe!", respondeu o idoso. O vice-presidente do Clube, general da reserva Clovis Bandeira, afirmou que os manifestantes queriam impedir uma reunião de quem pensasse diferente. Logo após o debate, chegou a haver orientação para que os participantes descessem em pequenos grupos, saíssem pela Santa Luzia e evitassem provocações. Ao chegarem ao térreo, porém, foram barrados pelos seguranças, que estavam muito tensos e pediram que voltassem. A socióloga Mira Caetano foi atingida por bombas de efeito moral, e apresentava ferimentos no seio, na barriga e na perna. "Fechamos a rua e começaram a jogar spray de pimenta. A gente não saiu, e nem vi quantos policiais eram, fiquei desnorteada e acho que na hora desmaiei".

Lá em cima, o debate "1964 - A Verdade" foi marcado por elogios à ditadura e críticas à Comissão da Verdade, criada por lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff para investigar crimes ocorridos na ditadura. "Devemos olhar para a frente", pediu um dos debatedores, o jornalista Aristóteles Drummond. 

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS ABRE INVESTIGAÇÃO SOBRE A MORTE DE VLADIMIR HERZOG DURANTE O REGIME MILITAR


Edição Adilson Gonçalves. Fontes Geledés e Wikipedia
A Comissão de Direitos Humanos da OEA – Organização dos Estados Americanos – comunicou oficialmente ao governo brasileiro que aceitou a denúncia sobre o caso de Vladimir Herzog, morto nas dependências do DOI-CODI em 25 de outubro de 1975. A denúncia foi feita a pedido do Cejil (Centro de Justiça e Direito Internacional), do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, do Centro Santo Dias e da Federação Interamericana de Direitos Humanos.
QUEM FOI VLADIMIR HERZOG
Vlado Herzog (Osijek, Croácia (à época ainda parte do Reino da Iugoslávia), nascido a 27 de junho de1937  São Paulo, 25 de outubro de 1975) foi um jornalista, professor e dramaturgo. Passou a assinar "Vladimir" por considerar seu nome muito exótico nos trópicos. Naturalizado brasileiro, Vladimir também tinha paixão pela fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o cinema.[
O nome de Vladimir tornou-se central no movimento pela restauração da democracia no Brasil após 1964. Militante do Partido Comunista Brasileiro, foi torturado até a sua morte em São Paulo, após ter se dirigido pessoalmente ao orgão para um interrogatório sobre suas atividades "ilegais". Depois foi encontrado morto em sua cela, após, segundo a repressão, ter cometido suicídio por enforcamento. Segundo o jornalista Sérgio Gomes, Vladimir Herzog é um "símbolo da luta pela democracia, pela liberdade, pela justiça.
Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem teve dois filhos. Com a morte do marido Clarice passou por maus momentos, com medo e opressão e teve que contar para os filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. Clarice, três anos depois (1978), conseguiu que a União fosse responsabilizada, de forma judicial, pela morte do esposo.  Ainda sem se conformar, ela diz que "Vlado contribuiria muito mais para a sociedade se estivesse vivo

terça-feira, 27 de março de 2012

MINISTRA DA CULTURA ANA DE HOLLANDA DÁ POSSE A MEMBROS DO CONSELHO CURADOR DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES


Ministra Ana de Hollanda ressaltou a
importância do papel da Fundação Cultural Palmares

Edição Adilson Gonçalves/Texto Daiane Souza-FCP
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), empossaram na tarde desta segunda-feira (26), os membros do Conselho Curador da instituição. Até 2015 os onze conselheiros serão responsáveis, especialmente, por formular propostas e avaliar questões relevantes à população negra brasileira.
O trabalho inclui o acompanhamento de políticas para a promoção dos direitos fundamentais, para a preservação da cultura e para a garantia do acesso da população afro-brasileira aos bens econômicos e sociais produzidos no país. De acordo com a ministra, o conselho é uma ferramenta para possibilitar o diálogo responsável entre representantes de setores do governo, junto a outras instituições e à sociedade civil.
Eloi Ferreira explica que o Conselho se constitui num órgão que traz ao governo o olhar da sociedade. “A proposta é que a Palmares cumpra o seu papel institucional de forma cada vez mais qualificada a partir das contribuições desses membros”, explica. “A expectativa é de que tenhamos condições de contribuir com nossos conhecimentos e experiências profissionais e até pessoais”, completou José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, empossado hoje.
Durante a cerimônia, Ana de Hollanda se comprometeu de que a FCP terá mais estrutura. “É o que falta para uma instituição que tem história, presença e que já é reconhecida nacional e internacionalmente”, afirmou. “É ela que leva o conhecimento que precisamos ter sobre nossas origens e influências”, completou.
Confira a formação do novo Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares:
Membros Natos
Ana de Hollanda – Ministra da Cultura
Eloi Ferreira de Araujo – Presidente da Fundação Cultural Palmares  
Representantes Ministeriais
Magda Fernanda Medeiros Fernandes – Ministério da Justiça
Luiz Antonio Rodrigues Elias – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Maria Auxiliadora Lopes – Ministério da Educação  
Representante da Comunidade Indígena
Maria Helena Azumezuhero
Representantes da Comunidade Afro-brasileira
José Vicente
Kátia Alexandria Barbosa
Ivo Fonseca Silva
Marcos Antônio Cardoso
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva