quinta-feira, 22 de março de 2012

NEGROS DO RIO DE JANEIRO CELEBRAM DIA INTERNACIONAL DA LUTA CONTRA O RACISMO NO CENTRO DA CIDADE


FOTOS: ADILSON GONÇALVES










































POLÍCIA FEDERAL PRENDE ACUSADOS DE MANTER SITE RACISTA E HOMOFÓBICO


Edição:Adilson Gonçalves
A Polícia Federal (PF) em Curitiba prendeu nesta quinta-feira dois homens acusados de manter um site que trazia mensagens de apologia a crimes graves e violência contra mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus, além de incitar abuso sexual de menores. O cerco à dupla se intensificou depois de duas ameaças no site mantido por eles de que estavam “contando as balas” para entrar em uma festa de estudantes de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (UnB). Os dois presos, Emerson Eduardo Rodrigues, 32 anos, e Marcello Valle Silveira Mello, 29, eram, segundo a PF, responsáveis pelo domínio silviokoerich.org, registrado na Malásia.
Um deles escreveu que estava “ansioso, sonhando com gritos de pessoas chorando e implorando para viver”. A polícia investiga ainda a ligação dos dois com Wellington Oliveira, o atirador que matou 12 crianças na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio, no ano passado. Após o massacre do Rio, o site trouxe uma mensagem afirmando que o "búfalo estava rindo" do caso. Segundo policiais, Wellington teria procurado a dupla para se aconselhar sobre “a causa”.
Com Marcelo Valle foi apreendido inclusive um mapa de uma chácara em que supostamente haveria uma festa dos estudantes da UNB. Nas mensagens, eles disseram também que atacariam o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), defensor de causas contra a homofobia.
Já Emerson Rodrigues seria o responsável, de acordo com a Polícia Federal, pelo domínio do site. No espaço, ele postava fotos de mulheres ensanguentadas, dizendo que elas mereciam morrer por manterem relações com homens negros. Usando o apelido “Búfalo Viril”, o suspeito também chegou a postar uma mensagem de apoio ao homem de 22 anos que quebrou o braço de uma moça de 19 anos, em Natal, após ela ter se recusado a beijá-lo.
Em outro conteúdo, o “búfalo viril” trazia comentários sobre a “impossibilidade” da Polícia Federal em localizá-lo, por ter seu site hospedado em um provedor fora do Brasil.
As investigações foram conduzidas pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos, uma Unidade Especializada da PF. A unidade vinha recebendo várias denúncias contra o domínio.
No site da ONG SaferNet, onde se monitoram casos de apologia à violência e racismo, foram registraram 69.729 (até 14.04.12) pedidos de providências a respeito do conteúdo criminoso, um número recorde da participação de populares no controle do conteúdo da internet brasileira.
A PF ainda cumpre mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal para examinar residências e locais de trabalho dos criminosos em busca de elementos materiais da responsabilidade criminal. O suspeito pode responder pelos crimes de incitação/indução à discriminação ou preconceito de raça, por meio de recursos de comunicação social (Lei 7716/89); incitação à prática de crime (art. 286 do Código Penal) e publicação de fotografia com cena pornográfica envolvendo criança ou adolescente (Lei 8069/90-ECA).
Na decisão judicial que decretou a prisão preventiva dos criminosos, consta que “Elementos concretos colhidos na investigação demonstram que a manutenção dos investigados em liberdade é atentatória à ordem pública. A conduta atribuída aos investigados é grave, na medida em que estimula o ódio à minorias e à violência a grupos minoritários, através de meios de comunicação facilmente acessíveis a toda a comunidade. Ressalto que o conteúdo das ideias difundidas no site é extremamente violento. Não se trata de manifestação de desapreço ou de desprezo a determinadas categorias de pessoas (o que já não seria aceitável), mas de pregar a tortura e o extermínio de tais grupos, de forma cruel, o que se afigura absolutamente inaceitável.”
Em nota, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República elogiou a operação da PF.
“Este caso emblemático reforça a importância da ampla divulgação da central Disque 100, para que o Estado, a partir do olhar atento da sociedade, da Justiça e dos órgãos de segurança pública, possam identificar e combater crimes semelhantes a este em todo o território nacional”
O Disque 100 é um serviço nacional de denúncia contra violações aos direitos humanos.



TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESPÍRITO SANTO CRIA COMISSÃO DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO E À DESIGUALDADE RACIAL SOB A PRESIDÊNCIA DE WILLIAN SILVA, O PRIMEIRO DESEMBARGADOR NEGRO NO ES


Edição:adilson Gonçalves/ Fonte e fotos:TJES
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) vai criar, junto com o Movimento Negro do Espírito Santo, a Comissão de Enfrentamento ao Racismo e à Desigualdade Racial, sob presidência do desembargador Willian Silva, para identificar todos os processos relacionados à causa dos afrodescentes e mesmo incentivar a discussão da criação e aplicação de leis que incentivem a igualdade racial no Espírito Santo.
A decisão foi tomada no início da noite desta quarta-feira (21), na Presidência do Tribunal, quando representantes do Movimento Negro homenagearam o desembargador William Silva, primeiro negro capixaba a chegar à principal Corte do Estado, e entregaram ao presidente Pedro Valls Feu Rosa um documento no qual reivindicam a adoção de medidas, dentro das competências do Poder Judiciário, para garantir a efetividade da Lei Federal 12.288 e da Lei Estadual 7.723/04, que tratam de políticas de promoção da igualdade social.
Ficou definido, ainda, que o desembargador William Silva coordenará, juntamente com os representantes do movimento, um Seminário sobre Racismo Institucional, que é o segundo ponto da pauta de reivindicação, no mês de novembro.
Participaram do encontro, além dos desembargadores Pedro Valls e William Silva, os seguintes representantes dos Movimentos Negros: Ester Mattos (Oborin Dudu); Luiz Carlos Santos (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Espírito Santo); Wellington Barros (Diretor Nacional da Unegro – União de Negros pela Igualdade); Luiz Inácio Silva da Rocha (Fórum Estadual da Juventude Negra); Laureni Luciano (APN – Agentes de Pastoral Negros); Valneide Nascimento Santos (Negritude Socialista Brasileira).


A TRAJETÓRIA E O DISCURSO DE POSSE DE WILLIAN SILVA

Willian Silva:
“Sou negro, da pele preta com orgulho” 
Igualdade. Essa foi a palavra que norteou o discurso de posse do desembargador Willian Silva, primeiro negro a assumir um vaga na Corte doTribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) “Sou negro, da pele preta com orgulho”, pontuou. Willian é nascido no distrito de Celina, em Alegre, Região do Caparaó. Ele destaca que tem orgulho da origem humilde. Ainda pequeno, junto com sua família, foi um dos fundadores do bairro da Penha, em Vitória. “Saí de Alegre para ajudar com meus pais a fundar o Bairro da Penha (Morro da Penha), e, como ajudante de pedreiro, trabalhei na construção da casa onde residi na juventude. Lá, dentre vários que viviam na marginalidade, preferi e escolhi estudar para ser o primeiro da família a acessar um curso superior e um dos poucos negros, à época, a atingir tal realização”, afirmou.
"Chego na hora certa para unir esforços à
Mesa Diretora na construção de um novo Judiciário
 "
O desembargador Willian Silva disse ainda, emocionado, que conseguiu chegar ao cargo porque acreditou que podia fazer a diferença e, assim, lutou contra todas as barreiras que lhe foram impostas ela vida: “Lutei contra a pobreza, o preconceito, a discriminação e a desigualdade social que, lamentavelmente, ainda há no Brasil”. Ele ainda pediu que todos que passam pela mesma situação acreditem na vitória.  Para abordar as várias formas de desigualdades encontradas atualmente na sociedade, Willian Silva citou o caso ocorrido no São Paulo Fashion Week de 2009, quando o Ministério Público do Estado abriu inquérito civil público para apurar o preterimento de modelos negras. “A estilista Glória Coelho, chamada a prestar depoimento sobre o fato, disse: na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, faxineiras, por que tem de estar na passarela?”, pontuou. “Imagina se ela me vir aqui tomando posse como desembargador?”.
Ao final do seu discurso, o novo integrante da Corte ressaltou a pretensão que tinha de assumir antes o cargo, mas ponderou que, apesar do atraso, não podia ter assumido em melhor hora. “Sonhei em chegar antes, mas o horário de Deus é diferente do nosso. Chego na hora certa para unir esforços à Mesa Diretora na construção de um novo Judiciário”. Durante o evento, o desembargador Willian Silva ganhou o colar de Mérito Judiciário, concedido aos desembargadores no ato em que assumem oficialmente uma vaga no TJES. Na ocasião, em nome dos colegas, o desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa, fez o discurso de boas vindas. Em sua fala, Ronaldo Sousa, comemorou a conquista do amigo pessoal, que conheceu há três décadas. “ Willian Silva exerce com brilhantismo na concretização do Direito”, ressaltou o desembargador, que ainda brincou com o sotaque adquirido pelo colega e do gosto pelo futebol.

quarta-feira, 21 de março de 2012

NO DIA INTERNACIONAL DA LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL, TORCIDA VASCAÍNA REALIZA PROTESTO DURANTE JOGO DO TIME EM SÃO JANUÁRIO CONTRA EQUIPE PARAGUAIA


Edfição: Adilson Gonçalves/
Revoltados com os atos racistas de parte da torcida do Libertad (PAR), que ofendeu os zagueiros Dedé e Renato Silva e atacante Alecsandro durante o confronto da última quarta-feira, dia 14, torcedores vascaínos fizeram uma campanha contra o racismo. O ato tem a participação, inclusive, de MC Charles, autor do funk "Trem-Bala da Colina".
Além de Dedé, Alecsandro e Renato Silva
também foram ofendidos com insultos racistas de torcedores paraguaios
Para a campanha, foi criada uma música e gravado um vídeo,  divulgado nas redes sociais para que os vascaínos possam canta-l durante o jogo de  de hoje, quarta-feira, dia 21 de março -  data mundial da luta contra a discriminação racial  diante do mesmo Libertad, em São Januário. Ela será cantada na arquibancada antes do início da partida. Há a intenção também que os torcedores pintem os rostos de preto e branco em alusão ao símbolo contra o racismo. A canção lembra a História do clube cruz-maltino, que foi um dos primeiros a aceitar jogadores negros em seu elenco e chegou a enfrentar a federação carioca no início dos anos 20 para defender os direitos destes.

Membros de uma torcida organizada do Vasco prometem ir à partida com a camisa preta, terceiro uniforme do clube, com a seguinte mensagem às costas: "Racismo é crime".
- Todo mundo da torcida vai vir com essa camisa. Todos ficaram muito chateados com o episódio. Esse é o tipo da coisa que é lamentável não só no Brasil como em qualquer parte do mundo - ressaltou Rodrigo Aguiar, de 21 anos.
Na loja oficial do clube, a procura pelo terceiro uniforme do ano passado já era grande e aumentou ainda mais durante esta semana.
Ao desembarcar no Brasil, após a partida da última quarta-feira, no Paraguai, jogadores brasileiros como os zagueiros Dedé e Renato Silva, além do atacante Alecsandro, relataram atos racistas de parte da torcida do Libertad.


Veja a letra da música abaixo:
"Time de tradição, 
que acabou com o preconceito.
É por isso que eu carrego
a cruz de malta no meu peito.
Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô...
Não ao racismo"