sexta-feira, 16 de março de 2012

NEYMAR APOIA DEDÉ DO VASCO CONTRA INSULTOS RACISTAS DE TORCEDORES PARAGUAIOS


Chamado de 'macaco' por alguns torcedores do Libertad durante a partida que terminou empatada por 1 a 1 na última quarta-feira (14), em Assunção, o zagueiro vascaino Dedé desembarcou no Brasil chateado e revoltado com os insultos de cunho racista.

A irritação do jogador diminuiu um pouco depois que viu o apoio da torcida pelo Twitter, através da hashtag #RacismoNÃO, que contou até com a adesão do maior craque brasileiro em atividade - Neymar.
- Boa, Dedé. Tô contigo, irmão.
Companheiro de Neymar na pré-lista da seleção brasileira para a disputa dos Jogos de Londres, Dedé retribuiu o carinho do ex-santista também pelo microblog.
A resposta para os paraguaios poderá vir no jogo contra o Libertad em São Januário. A torcida iniciou uma campanha pedindo que o time entre em campo com o uniforme que ficou conhecido como "Camisas Negras".
A antiga camisa 3 foi desenhada em homenagem ao time de 1923, que conquistou o primeiro título carioca da história do clube composto apenas por jogadores negros e pobres que não eram aceitos em outras agremiações.

MUNDO CELEBRA O DIA INTERNACIONAL DA LUTA CONTRA O RACISMO NO PRÓXIMO DIA 21


Edição:Adilson Gonçalves
O 21 de março é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Neste dia, no ano de 1960, moradores do bairro de Shaperville, em Joanesburgo capital da África do Sul, realizavam um protesto pacífico contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a andar comcartões de identificação que estabeleciam os limites entre os locais de acesso permitido e as zonas proibidas, quando foram surpreendidos a tiros pelo exército que matou 69 pessoas e feriram 186. Em memória das vítimas desta tragédia, conhecida como o Massacre de Shaperville, a ONU –Organização das Nações Unidas instituiu este dia para reflexão e mudanças nas relações étnico raciais no mundo.  O dia 21 de março marca ainda outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em 1975, e da Namíbia, em 1990, ambos países africanos.

quarta-feira, 14 de março de 2012

VARIAS HOMENAGENS MARCAM OS 165 ANOS DE NASCIMENTO DE CASTRO ALVES NESTE 14 DE MARÇO, DIA NACIONAL DA POESIA

Edição: Adilson Gonçalves
Uma programação especial de saraus, oficinas e declamações foi montada para celebrar os 165 anos de nascimento do poeta Castro Alves e o Dia da Poesia, comemorados nesta quarta-feira (14).


Promovido pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), o projeto "Viva Castro" será lançado às 9h desta quarta-feira (14) e ocorre até domingo (18) no Parque Solar Boa Vista, uma dos locais onde o poeta morou, localizado no bairro Engenho Velho de Brotas. O evento também mesclou ações de saúde e esporte. Confira a programação:
Quarta-feira (14)
Às 9h - hasteamento da bandeira e declamação dos versos do poeta
Das 8h às 11h30

Oficinas de basquete, futsal, voleibol, handebol, capoeira, recreação, pintura de rosto e cama elástica
Unidade Móvel de Saúde
Oficina de escovação - "Escovódromo"
Unidade Móvel da Coelba
Unidade Móvel da Embasa
Exposição sobre o poeta Castro Alves
Das 14 às 16h30

Apresentação da Banda de Música
Declamação dos versos do poeta
Apresentação de fanfarra
Oficinas de basquete, futsal, voleibol, handebol, capoeira, recreação, pintura de rosto e cama elástica
Às 18h

Cinema na praça - "Rio"
Às 19h30
Sarau Castro Alves - Do amor à liberdade
Quinta-feira (15)
Às 9h
Unidade Móvel de Saúde
Oficina de escovação - "escovódromo"
Unidade Móvel
Unidade Móvel
Exposição sobre o poeta Castro Alves
Das 14 às 16h30
Apresentação de fanfarra
Oficinas de basquete, futsal, voleibol, handebol, capoeira, recreação, pintura de rosto e cama elástica
Às 18h
Missa Campal

Sexta-feira (16)
Às 9h
Unidade Móvel de Saúde
Oficina de escovação - "Escovódromo"
Unidade Móvel da Coelba
Unidade Móvel da Embasa
Exposição sobre o poeta Castro Alves
Às 14 às 16h30
Apresentação de fanfarra
Oficinas de basquete, futsal, voleibol, handebol, capoeira, recreação, pintura de rosto e cama elástica
Às 18h
Cinema na Praça - "Sempre ao seu lado"
Sábado (17)
Às 9h
Sucom Móvel
Apresentação da banda de música
Clínica de Basquete
Projeto Ruas de Lazer
Domingo (18)
Às 9h
Clínica de Basquete
Apresentação da banda de música
Projeto Ruas de Lazer


Navio Negreiro
Castro Alves

  I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.
 
II
    
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
 
III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 
IV
 
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!...
 
V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?   Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
 
VI
   
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!