domingo, 13 de maio de 2012

PRÊMIO DE JORNALISMO ABDIAS NASCIMENTO É LANÇADO NO RIO DE JANEIRO COM PALESTRA DE HERALDO PEREIRA


Edição e fotos:Adilson Gonçalves  e Sandra Martins*
Fonte Agência Brasil e assessoria SJPMRJ
-O jornalismo brasileiro deve criar oportunidades com foco na cidadania, para noticiar as desigualdades raciais e o racismo.
 A recomendação é do jornalista Heraldo Pereira,  durante o lançamento da segunda edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio).
Heraldo e Caó reencontro no SJPMRJ
-Devemos criar possibilidades (jornalísticas)”- afirma Heraldo - Isso não é ativismo político, é defesa dos direitos humanos, da cidadania. Dirão que queremos dividir a sociedade, mas, quando mostrarmos números, estatísticas da desigualdade, não tem quem não ficará constrangido”, completou o jornalista, que é negro.
Em uma fala marcada por referências a jornalistas negros, como o próprio Abdias Nascimento, que dá nome ao prêmio, Luiz Gama, José do Patrocínio e Hamilton Cardoso, Heraldo Pereira, da TV Globo, revelou que defender reportagens sobre as diferenças raciais nas empresas é tão “complicado” quanto discutir a questão na sociedade.
- O dia de hoje (quinta-feira) é especial para mim por dois motivos: por estar presente no lançamento da 2ª edição Prêmio de Jornalismo Abdias do  Nascimento e após tantos anos reencontrar Carlos Alberto Caó. Eu estava chegando a Brasília, quando Abdias era senador da República e Caó deputado federal constituinte. Fui acolhido como filho pelos dois, recebendo deles muitos conselhos- relembrou o jornalista 

Pereira considera um marco a Lei Caó, que pune o crime de racismo com cadeia. O autor da lei, Carlos Alberto de Oliveira Caó, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas e ex-deputado Constituinte, estava entre os presentes ao debate e foi muito aplaudido

-Acho que, muitas vezes, os negros são suprimidos do noticiário, de modo geral”, avaliou Pereira. As pessoas acham que o Brasil é um país branco, inclusive nas redações - afirma. Para ele, é preciso fazer "pressão" para que assuntos sejam noticiados, além de ter mais negros jornalistas.
Heraldo, Susana Blass e a presidente do Comdedine. *Foto Sandra Martins
Heraldo Pereira também fez críticas ao racismo no país relatando experiências pessoais e citando também caso de discriminação contra o fato de negros ocuparem altos cargos em instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF). 
-Sempre nos fizeram crer que o racismo é coisa da nossa cabeça- "Você que está interpretando como racismo, eu não tive a intenção, eu, imagina, tenho até empregada negra’.-, afirmam aqueles que não se dizem racistas- É sempre assim, ninguém tem nunca a intenção de ser racista”, condenou Heraldo.
Heraldo, que também é advogado, considerou histórica a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao aprovar a política de cotas por unanimidade. Mas fez uma ressalva: "O resultado do julgamento só foi de 10 a 0 por causa de uma demonstração de racismo dentro do tribunal. Heraldo se referia a uma declaração do ministro Cezar Peluso sobre seu colega Joaquim Barbosa, dias antes do julgamento:   - A impressão que tenho é de que ele tem medo de ser qualificado como arrogante. Tem receio de ser qualificado como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor", disparou Peluso.  “Toda vez que se destaca a cor com negatividade é um caso de racismo”, expôs o jornalista.
A coordenadora do Prêmio Jornalista Abdias Nascimento, Angélica Basthi concordou com Heraldo, mas disse que o tempo é de mudança nas redações. Segundo ela, reportagens sobre desigualdades raciais têm saído mais na imprensa. Com a vitória das cotas raciais em universidades, no STF, acrescentou, a cobertura ganhará fôlego, fazendo a sociedade a repensar a condição do negro.
-A decisão do Supremo Tribunal consolida uma luta de anos do movimento negro e estimula a imprensa brasileira a estar mais atenta e mais sensível-  declarou Angélica Basthi.
Durante o evento, a viúva de Abdias, Elisa Larkin, aproveitou para cobrar da Fundação Palmares a criação de um memorial onde as cinzas de seu ex-marido estão, no antigo quilombo Palmares, na Serra da Barriga (AL). “A lápide foi removida do local e a muda da árvore baobá [que representa longevidade] foi comida por formigas. Está tudo abandonado”, reclamou.
Direcionado a jornalistas, o Prêmio Abdias Nascimento distribuirá R$ 35 mil reais para reportagens que abordem a temática racial no país, em sete categorias, sendo uma delas direcionada a matérias sobre a situação da mulher negra. As inscrições podem ser feitas por jornalistas com registro profissional.

2 comentários:

  1. 13 DE MAIO...

    Um data para celebrar e refletir!

    ASSISTA ESSE VIDEO!


    http://youtu.be/Mn_LEwtw704

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  2. maravilhoso, CAÓ, ESTE MOMENTO É HISTORICO, olha que riqueza de dialógo com Heraldo que aprecio também, parabéns abç/Edmée

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