sexta-feira, 10 de junho de 2011

ATOR E DIRETOR DA TV GLOBO É CONDENADO POR CRIME DE RACISMO


Segundo o técnico de iluminação Denivaldo,
Wolf o chamou de "preto fedorento"
                                               Fonte: Revista Veja    O diretor e ator da TV Globo Walfredo Campos Maya Junior, mais conhecido como Wolf Maia, foi condenado em primeira instância pela 2ª Vara Criminal de Campinas, interior de São Paulo, a cumprir dois anos e dois meses de prisão em regime aberto, pelo crime de injúria com conotação racial.

   Uma queixa-crime contra Maya era movida desde 2003 por Denivaldo Pereira da Silva, técnico de iluminação. Silva acusa o diretor de tê-lo chamado de “preto fedorento” durante a produção de uma peça em 12 de agosto de 2000, em um teatro de Campinas. A decisão foi proferida no último dia 25 de maio pelo juiz Abelardo de Azevedo Silveira. O juiz substituiu a pena restritiva de liberdade pelo pagamento de indenização no valor de 20 salários mínimos (cerca de 11.000 reais), além de um período de trabalho comunitário a ser definido pela Vara de Execuções Penais da cidade.

   Em 2003, após o anúncio da queixa-crime, o diretor contra-argumentou com um processo em que cobrava de Denivaldo uma indenização por danos morais no valor de 100 reais, alegando que a acusação, que Maya nega, prejudicava a sua imagem. Em maio de 2010, o juiz Gilberto Luiz Franceschini, da 6ª Vara Cível de Campinas, julgou improcedente o pedido do diretor e o condenou a pagar as custas processuais, no valor de 2.000 reais. Maya recorreu da sentença através dos seus advogados. O processo agora corre em segunda instância.

   O advogado do diretor, João Carlos de Lima Junior, já recorreu da decisão. Ele vai alegar, em segunda instância, que o fato é inexistente e que por isso a condenação é incabível. Lima Junior defende que a motivação e as alegações de Denivaldo Pereira são uma vingança por críticas que o diretor fez ao seu trabalho. A TV Globo prefere não se pronunciar a respeito.

   Atualmente, Wolf Maya atua no seriado Lara com Z, protagonizado pela atriz Suzana Vieira e é professor da escola de atores que leva o seu nome, sediada em São Paulo. A primeira novela que Maya dirigiu foi Ciranda de Pedra, em 1981, na TV Globo. Desde então, já atuou e dirigiu em mais de 30 novelas e seriados do canal.

Leia abaixo a sentença que condena Wolf Maya em primeira instância:
"Isto posto e pelo que mais dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva manifestada na queixa-crime que deu início a este processo nº 674/03, e CONDENO O QUERELADO WALFREDO CAMPOS MAYA JÚNIOR também conhecido por WOLF MAIA, a cumprir 02 anos e 02 meses de reclusão, em regime aberto, e a pagar 22 dias-multa, unidade igual a 1/2 salário mínimo vigente à época dos fatos, por infração à norma do artigo 140, § 3º, do Código Penal, substituída a sanção corporal pela pena restritiva de direitos”. P.R.I.C., fazendo-se as retificações necessárias."

terça-feira, 7 de junho de 2011

ASSINADO DECRETO QUE ESTABELECE 20% DE VAGAS PARA NEGROS E ÍNDIOS EM CONCURSOS PÚBLICOS DO RJ

                                                         Por Guedes de Freitas/ Ascom RJ
O governador Sérgio Cabral assinou na manhã da segunda-feira, dia 6 de junho, o decreto que estabelece o sistema de cotas para negros e índios nos concursos públicos para órgãos do Poder Executivo e da administração do Estado do Rio.  A cerimônia  aconteceu Palácio Guanabara, com as presenças da ministra Luíza Helena Bairros,  da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial  - Seppir - de autoridades, lideranças e ativistas  do movimento negro. A Lei assinada entrerá em vigor em  dias e reserva 20% das vagas para negros e índios nos concursos públicos do Estado. O governador Sérgio Cabral prognosticou o mesmo sucesso da lei de cotas que foi implantado pioneiramente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), há dez anos.
Luíza Bairros e Sérgio Cabral
 celebram assinatura do decreto

   - Com essa política, reconhecemos que o negro e o índio foram vítimas durante séculos e que as oportunidades ainda não são iguais. O Estado do Rio foi o primeiro a estabelecer cota para negros e índios na universidade, e a política de cotas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) é um sucesso. Agora, a paisagem do serviço público brasileiro começa a mudar a partir do Estado do Rio de Janeiro. Nos nossos órgãos públicos haverá mais negros e índios – apostou Cabral.

Caó, no primeiro plano à esquerda,
 e ativistas do movimento negro
 ouvem Rodrigo Neves, secretário de 
Assistência Social e Direitos Humanos
    Para o governador, o racismo ainda existe no Brasil e deve ser combatido. Portanto, o Governo do Estado entende que é dever da administração pública promover ações que busquem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, diante da desigualdade proporcional entre negros e índios e o restante da população fluminense em relação a acesso a cargos e empregos públicos.

   A ministra da Igualdade Racial, Luíza Bairros, disse que os agentes políticos e a iniciativa privada de outros estados deverão se mobilizar para replicar esta nova experiência do Rio de Janeiro. Ela disse que a iniciativa do governador vai contribuir para a luta contra as desigualdades raciais no país.

   – O Rio de Janeiro deu o pontapé inicial e os outros estados virão atrás. A assinatura deste decreto torna mais evidente a importância de termos no Brasil o Estatuto da Igualdade Racial que dá ao Poder Público amplas possibilidades de trabalhar de forma efetiva para a igualdade racial no Brasil – argumenta a ministra.

   O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, exemplificou com o quadro de funcionários da Defensoria Pública, hoje comandada por um negro, Nilson Bruno, como é difícil para representantes desse segmento da população a ascensão a vagas no mercado de trabalho, inclusive público.

Mesmo com 20% de vagas reservadas,
 negros e índios deverão atingir
a nota mínima exigida no concurso

   – Temos hoje mais de 800 defensores e somente 15 são negros. Não tenho dúvida que esta iniciativa vai reduzir as desigualdades nas oportunidades de trabalho da administração pública com maior presença de negros entre os funcionários de várias secretarias órgãos estaduais, ocupando cargos inclusive nos altos escalões – constata o secretário.

Candidato deve se declarar negro ou índio na inscrição
   O decreto, que entra em vigor 30 dias após sua publicação, também leva em consideração o artigo 39 da Lei federal 12.288, de 20 de julho de 2010, que impõe expressamente ao Poder Público a promoção de ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive com a criação de sistema de cotas.

   Para se candidatar reserva de 20% das vagas a pessoa se declarar negra ou índia no momento da inscrição no concurso. Quem optar por não entrar no sistema de cotas fica submetido às regras gerais do concurso. Para serem aprovados, todos os candidatos – inclusive índios e negros autodeclarados – precisam obter a nota mínima exigida. Se não houver negros ou índios aprovados, as vagas de reserva voltam para a contagem geral e poderão ser preenchidas pelos demais candidatos, na ordem de classificação. A nomeação dos aprovados também obedece à classificação geral do concurso, mas a cada cinco candidatos aprovados, a quinta vaga fica destinada a um negro ou índio.

    Segundo Afonso Apurinam, um dos representantes dos indígenas na cerimônia, há cerca de 30 mil trabalhadores índios em atividade no estado, segundo o último censo do IBGE, mas o número poderia ser maior se, na hora de preencher os cadastros de empregos, a pessoa se autodeclarasse indígena, o que nem sempre ocorre com medo de ser dispensado. Por isso, ele parabenizou o Governo do Estado pela reserva de mercado para negros e índios.

   – O decreto é muito importante para nosso povo aqui no Rio de Janeiro, porque nos dá o direito de lutar por uma vaga no serviço público estadual de igual para igual com todo mundo. Há 500 anos que não nos dão, às vezes, nem o direito de falar – afirmou o líder indígena, que, embora seja do Amazonas,vive no Rio onde participa, no Museu do Índio, no Maracanã, da luta pela preservação da cultura indígena.

Resultados serão acompanhados nos próximos dez anos

   O decreto vai vigorar por pelo menos 10 anos e seus resultados serão permanentemente acompanhados pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. A cada dois anos, um relatório será apresentado ao governador em exercício. No último trimestre do prazo de 10 anos, a secretaria apresenta um relatório final, podendo recomendar a edição de um novo decreto sobre o tema.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

VÂNDALOS PICHAM MONUMENTO DE ZUMBI COM FRASES RACISTAS E SUÁSTICA

Funcionário da Comlurb limpa
 monumento, pichado no sábado
PICHAÇÃO ACONTECEU HORAS
 ANTES DA ASSINATURA DO DECRETO QUE DESTINA 20% DE VAGAS A NEGROS E ÍNDIOS NO FUNCIONALISMO PÚBLICO DO RJ


Rio - A estátua de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio, próximo à Marquês de Sapucaí, voltou a ser pichada na madrugada deste sábado. No local, os vândalos gravaram dizeres racistas, como "invasores malditos macacos" e "fora safados africanos", e inseriram na base a figura de uma suástica. A cabeça do monumento recebeu tinta branca.


Palavras ofensivas e desenho
da suástica já foram removidos

   Segundo o secretário Municipal de Conservação Pública, Carlos Roberto Osório, o ato dos agressores é intolerável. "É inadmissível ter esse tipo de atitude no Rio. Não foi apenas uma simples pichação, mas um ato de racismo, com objetivo claro de vandalizar uma pessoa importante para o movimento negro. Não vamos tolerar uma agressão dessas a esse herói da nação", disse Osório.

   Ele afirmou que pediu atenção ao Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para que os culpados pelo ato sejam presos com rapidez. Perguntado sobre a possibilidade de manter policiais monitorando o monumento, alvo de constantes ataques, Osório disse ser inviável o policiamento do local.

   "Não é possível por questões logísticas botar um policial em todos os monumentos existentes no Rio. O mais importante é identificar e punir esse tipo de agressor. Não foi uma operação simples. para pintar a cabeça do Zumbi, a pessoa teve que usar uma escada. Precisamos também da ajuda do carioca para denunciar esse tipo de crime", afirmou.

   As pichações foram apagadas na manhã de domingo. Dentro de dois dias, a Secretaria de Conservação vai reparar todos os danso causados ao monumento. A reparação está orçada em R$ 60 mil. O órgão prestou na queixa na polícia por crime ambiental, de danos ao patrimônio público e racismo, este último sem direito à fiança. esta foi a primeira vez no ano que o momumento foi alvo do ataque de vândalos.