terça-feira, 17 de maio de 2011

HISTÓRIA DA IMPRENSA NEGRA É DISPONIBILIZADA NO SITE DO ARQUIVO PÚBLICO DE SAO PAULO


Jornal O Quilombo,
 editado por Abdias do Nascimento
 na decada de 50

      Desde o dia 13 de maio de maio, o da Abolição da Escravatura no Brasil, o Arquivo Público do Estado de São Paulo  disponibiliza em seu site 23 títulos de jornais e revistas da chamada "imprensa negra" brasileira.
       Trata-se de uma coleção de periódicos publicados por várias vertentes do movimento negro no país durante as primeiras décadas do século XX. A iniciativa irá facilitar o acesso ao acervo, que antes só podia ser consultado na sede da instituição.

        Estes periódicos foram publicados por várias correntes do movimento negro, como o jornal A Voz da Raça, da Frente Negra Brasileira. Fundado em 1933, o jornal é tido como um dos mais importantes do gênero, sendo bastante lido também fora da comunidade negra. A Voz da Raça circulou até 1937, totalizando 70 edições. Outro exemplo é o jornal Quilombo (1950), editado por Abdias do Nascimento, célebre militante e agitador cultural. O periódico tinha a função de articular e divulgar a Convenção Nacional do Negro Brasileiro.


A voz da Raça,
da Frente Negra Brasileira:
 circulação de 1933 até 1937 e 70 edições
 
       A expressão "imprensa negra" é comum no meio acadêmico para designar títulos de jornais e revistas publicados em São Paulo após o processo abolicionista, no final do século XIX. Estes periódicos destacaram-se no combate ao preconceito e na afirmação social da população negra, funcionando como instrumentos de integração deste grupo na sociedade brasileira no início do século XX.
Além disso, estes jornais também atuavam na divulgação de eventos cotidianos da população negra, tais como festas, bailes, concursos de poesia e beleza, os quais raramente apareciam em veículos da grande imprensa. É o caso, por exemplo, dos jornais Getulino (1923-1916) e O Clarim d´Alvorada (1929-1940) e da revista Senzala (1946), entre outros.

Grande parte dos jornais foi editada na cidade de São Paulo, mas também constam alguns títulos de outras cidades como o Rio de Janeiro, Campinas e Sorocaba.
Veja os títulos disponíveis na internet:
Jornais
O Alfinete (1918-1921)
Alvorada (1948)
Auriverde (1928)
O Bandeirante (1918-1919)

Chibata (1932)

 

Recém libertos, os negros urbanos
e alfabetizados fizeram das edições de jornais,
 véiculos de suas reinvidicações

O Clarim (1924)
O Clarim d´Alvorada (1929-1940)
Cruzada Cultural (1950-1966)
Elite (1924)
Getulino (1923-1916)
Hífen (1960)
O Kosmos (1924-1925)
A Liberdade (1919-1920)
Monarquia (1961)
O Novo Horizonte (1946-1954)
O Patrocínio (1928-1930)
Progresso (1930)
A Rua (1916)
Tribuna Negra
(1935)
A Voz da Raça (1933-1937)
O Xauter (1916)

Procure pelos títulos indicados no site: www.arquivoestado.sp.gov.br/jornais

Um comentário:

  1. Por Nabor JR.

    Foi ainda no período colonial, que o tipógrafo negro Francisco de Paula Brito fundou O Homem de Cor (1833), depois denominado O Mulato, no Rio de Janeiro. Este foi o primeiro jornal de combate à discriminação racial no Brasil, precursor daquilo que mais tarde iria se chamar “imprensa negra”.

    Porém, antes mesmo da iniciativa de Paula Brito, em 1798, pessoas negras em Salvador, na Bahia, haviam organizado a Revolta dos Búzios, utilizando como veículo aglutinador manifestos colados em paredes da cidade, o que hoje se chama jornal mural. Houve ainda a experiência primeira do jornal O Bahiano, do jurista Antonio Pereira Rebouças, que circulou sob sua responsabilidade de 1828 a 1831

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